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Comportamento

Com novo companheiro Batatinha, Amâncio agora tem carrinho furtado

Amâncio Silva, morador de rua, já sofreu com o rapto do antigo cachorrinho, o Costelinha, agora teve todos seus pertences furtados

Lucas Mamédio | 28/05/2020 12:50
Batatinha é o novo companheiro de Amâncio (Foto: Marcos Maluf)
Batatinha é o novo companheiro de Amâncio (Foto: Marcos Maluf)

Foi em 2018 que mostramos o drama de Amâncio Oliveira Silva, morador de rua, de 45 anos, que teve o cachorrinho vira-lata Costelinha, seu fiel companheiro, roubado. Na época Amâncio disse que um caminhão teria levado Costelinha. No mesmo ano, pouco tempo depois, Amâncio foi atropelado e o motorista fugiu sem prestar socorro. Depois de alguns dias internado na Santa Casa, se recuperou. Passados dois anos, um drama semelhante se repete.

Encontramos Amâncio sentado no canteiro da Avenida Via Parque. Cercado de algumas sacolas, estava com seu novo companheiro de vida, o Batatinha, também vira-lata. “Dei esse nome porque quando ele era filhotinho parecia uma batata frita, era amarelinho”, diz sobre o cão que agora está com um ano e quatros meses.

Faz 20 dias que Amâncio teve seu carrinho de reciclagem furtado junto com todos seus pertences. Ele perdeu as latinhas que costuma catar, roupas, remédios que toma, comida, ração do Batatinha, entre outras coisas.

“Sempre deixo minhas coisas na Praça do Jatobá, aqui perto. Aí eu saí pra fazer umas coisas junto do Batatinha, quando voltei não tinha mais nada, levaram o carrinho e tudo que tinha dentro”.

Agora, batatiha não sai da coleira para não ser pego por estranhos (Foto: Marcos Maluf)
Agora, batatiha não sai da coleira para não ser pego por estranhos (Foto: Marcos Maluf)

Amânio é natural de Camapuã, mas veio pra Campo Grande bebê. Mora na rua há sete anos e sempre contou com a solidariedade das pessoas para sobreviver. Agora não está sendo diferente, em menos de um mês suas sacolas já estão cheias de roupas, comida e até uma barraca, onde dorme durante esses dias de frio.

“Já recuperei a maioria das minhas coisas. Aqui (apontando para as sacolas) tem de tudo, bolacha, marmita, roupa, ração do Batatinha, mas o que está em fazendo mais falta é carrinho, porque me ajudava a carregar tudo além de ser onde colocava as latinhas que pego na rua”, explica Amâncio.

Ele continua morando em um espaço de aproximadamente 3m² num terreno da Avenida Ceará que pertence a uma conveniência. “Dá 19 horas eu já me recolho por conta não só do frio, mas desse vírus aí”, se referindo à pandemia de coronavírus.

Parece mentira, mas faz mais ou menos uma semana que Amâncio foi atropelado de novo. Ele tinha acabado de ganhar uma bicicleta, que ficou destruída no acidente. Felizmente não se machucou como dá outra vez,  só que a bicicleta ficou sem condições de uso.

Amâncio com Costelinha, seu antigo companheiro (Foto: Reprodução)
Amâncio com Costelinha, seu antigo companheiro (Foto: Reprodução)

“Às vezes parece que, sei lá, a vida joga contra a gente acontece tudo de uma vez. Parece até mentira”.

Depois da frase fica em silêncio. Só volta a falar após algum tempo e sobre uma das únicas coisas que traz conforto para ele, o amor do melhor amigo do homem. “Mas é assim mesmo, pelo menos tenho meu nenezão aqui (se referindo ao Batatinha). Agora ele não sai da coleira, esse ninguém tira de mim”.

Já em pé, suspende as sacolas pelo corpo, segura firme na coleira, olha longe como se tivesse avistado algo no horizonte e sai rumo a essa direção. “Até a próxima”.

Até.

Quem quiser ou puder ajudar Amâncio, ele está sempre na Via Parque, nos arredores da rede de supermecado Pão de Açucar.

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