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Comportamento

Com pensão famosa e 1ª garaparia, Bento acabou anunciando morte

Homem criou a Pensão Bentinho, na 26 de Agosto, e garaparia na mesma rua, além da Afonso Pena

Por Aletheya Alves | 07/02/2024 07:22
Bento era proprietário de pensão na Rua 26 de Agosto. (Foto: Arquivo/Paulo Coelho Machado)
Bento era proprietário de pensão na Rua 26 de Agosto. (Foto: Arquivo/Paulo Coelho Machado)

“Vou morrer. Tomei veneno”, anunciou Bento Gomes Benjamin, antes de cair na porta de entrada de sua casa. Foi ele, Bentinho, que criou uma das pensões mais famosas de Campo Grande no século passado e a 1º garaparia da cidade.

Apresentado em um dos livros de Paulo Coelho Machado como um dos principais personagens da história da Capital, o homem veio de Santana do Paranaíba, no Mato Grosso. Por aqui, se casou com Jerônima Paes e, em meados de 1912, comprou uma casa na esquina das ruas 26 de Agosto e Rui Barbosa para criar a Pensão Bentinho.

Na época, o prédio foi comprado por oito contos de réis e, após uma reforma, ficou composta por 14 quartos, um salão grande e um corredor no centro. “Ao lado da casa, havia um pé de jamelão que dava generosa sombra aos hóspedes, que ali se reuniam para tranquilas conversas nas rodadas de chimarrão”, narrou Machado.

E, para tomar banho, os hóspedes usavam o Córrego Prosa com horários separados para homens e mulheres. Em geral, o relato é de que elas preferiam banhos de cuia dentro da pensão.

Por se localizar em uma localização estratégica, a pensão sofreu até com rebeldes que integravam revoluções. Em um episódio, invadiram o local pedindo por dinheiro e, no fim das contas, sacrificaram uma das vacas de Bentinho.

Hospedagem se tornou uma das mais famosas da cidade no século passado. (Foto: Arquivo/Paulo Coelho Machado)
Hospedagem se tornou uma das mais famosas da cidade no século passado. (Foto: Arquivo/Paulo Coelho Machado)

Conhecido por gostar de música e festas, o homem ainda era definido como alguém generoso. “Não eram poucas as pessoas que se alimentavam de graça na sua farta mesa. No quintal, havia uma horta sortida, pomar e vacas de leite”.

E, além da pensão, Bento também foi pioneiro no ramo das garaparias em Campo Grande. Usando uma máquina portátil, conseguia fabricar o caldo de cana vendido tanto na 26 de Agosto quanto na Avenida Afonso Pena.

Mas, com o passar do tempo, o homem ainda jovem faleceu, como narrou Coelho Machado. “A bebida prejudicou a saúde de Bentinho que, ainda moço, sem qualquer motivo aparente, pôs termo à vida no ano de 1929. Quando chegou a casa, foi dizendo: - Vou morrer. Tomei veneno’. Logo caiu na soleira da porta de entrada”.

Sem muita escolha, a viúva de Bento deu sequência à pensão para conseguir sustentar os quatro filhos. E, no caminho, criou até modos para garantir que ninguém sairia do local sem estar com o pagamento em dia.

Machado conta que uma das formas era fazer com que os hóspedes deixassem seus cavalos no pasto e era uma garantia de diárias. No fim das contas, Jerônima vendeu a pensão e a história foi sendo finalizada.

O novo dono tentou mudar o nome da Pensão Bentinho, viu o movimento diminuir e trouxe a nomenclatura de volta. Por fim, o espaço foi demolido e só restaram as lembranças.

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