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Comportamento

Dado como morto na infância, Pepê “ressuscitou” no Dia de São João

Há 58 anos, Pedro comemora a data e celebra a própria vida no Banho de São João de Corumbá

Aletheya Alves | 22/06/2023 07:35
Andor para o Banho de São João é construído anualmente para as festividades. (Foto: Arquivo pessoal)
Andor para o Banho de São João é construído anualmente para as festividades. (Foto: Arquivo pessoal)

Há 58 anos, Pedro Paulo Miranda integra a celebração do Banho de São João em Corumbá e faz questão de não deixar o ritual para trás. Envolvido intensamente na festividade, Pepê conta que havia sido dado como morto aos 3 meses de vida, mas no dia 23 de junho de 1964, São João Batista o trouxe de volta.

“Chamaram toda minha família, o padre deu a extrema unção, fez meu batismo e eu voltei a ter crises e convulsões. Nesse dia, fui dado como morto e meu velório já tinha até começado”, conta Pedro. A partir das memórias da mãe, dona Carlinda, o corumbaense aprendeu que sua existência é interligada às bênçãos do santo.

Narrando o que aconteceu naquele dia, Pepê comenta que passou os primeiros meses de vida entre a casa da família e o hospital. “Estava muito doente, vivia internado e sempre voltava do hospital com várias convulsões. Por último, o médico chamou minha mãe e meu pai para falar que não tinha mais o que fazer. Isso foi lá em 1964, a medicina era bem mais escassa”.

Ao aceitar que a vida do filho não duraria, Carlinda levou o bebê para casa e entendeu que o velório seria algo próximo. Como já explicado por Pedro, no dia 23 de junho, mais uma crise foi intensa e, conforme ele narra, seu corpo parecia ter desistido.

“Eu morri, me trocaram, colocaram roupa de velório e, naquela época, se tinha o hábito de quando a pessoa morria, preparar o espaço e velar ela na mesa. Então, eu estava ali, no meio daquelas flores todas”, conta Pedro.

Enquanto a família velava o menino, andores para o banho de São João começaram a passar ao lado da casa e, sem saber como seguir na vida sem o filho, dona Carlinda pediu socorro ao santo. “Os andores passando e ela entrou embaixo de um deles. Prometeu que se tivesse minha vida de volta, ela faria a festa por sete anos seguidos, tudo na conta dela mesmo”.

Depois de muito choro e pedidos da mãe, Pedro conta que o milagre aconteceu. “Comecei a me mexer na mesa, as pessoas sem entender falando para minha mãe que eu tinha voltado. Ela saia debaixo do andor para me ver e voltava depois, sem entender o que estava acontecendo, parecia uma miragem”, diz.

Desde então, honrando a promessa pela vida do filho, a festa de São João ganhou novos integrantes. No início, tudo era preparado por Carlinda, mas devido ao milagre e tradição, os envolvidos foram aumentando.

Conforme Pepê explica, a ideia era realmente fazer a festa apenas por sete anos, mas a permanência se tornou mais forte. “Muitas pessoas quiseram se unir a nós. Hoje em dia mesmo, nós fazemos o andor do nosso centro, que é o Centro Espírita Caboclo Estrela do Norte, e quando vamos já temos outros indo junto”.

Levando cinco quilômetros para chegar ao Rio Paraguai, Pedro explica que as preparações envolvem desde a construção dos andores até a caminhada no dia 23. “Durante a caminhada, vamos cantando marchinhas de São João, as pessoas pedem pelas bênçãos, é algo muito especial”.

Veja o depoimento de dona Carlinda:

Programação

Começando nesta quinta-feira (22), as festividades terão início às 18h na Rua Manoel Cavassa com brincadeiras, concurso de Andores Juninos e shows com Rafael Souza e Banda, Junior e Luan, além de João Neto e Frederico.

Seguindo até o dia 25, as festividades integram um ritual que se tornou patrimônio cultural histórico. Todo o evento é realizado pela Prefeitura de Corumbá e conta com apoio do Governo do Estado através da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania.

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