Depois do escândalo da traição, personal trainer é profissão de risco

O caso de Gracyanne Barbosa com o personal trainer Gilson de Oliveira virou assunto em todas as redes sociais e jornais na última semana. Com o fim do casamento entre a modelo fisiculturista e o cantor Belo, a internet não perdoou a figura do personal trainer na história.

O Lado B conversou com profissionais da área para saber quais limites e regras estabelecer para evitar o ciúmes do marido de alunas. No Bairro Parque Residencial Maria Aparecida Pedrossian, o empresário Jacques Dias da Luz já precisou dispensar muito personal trainer e garante que o mercado é escasso de profissionais bons.

Faz anos que Jacques administra o negócio e cansou de ver o instrutor contratado cometer os mesmos erros.  “Eu já tive problema porque tem personal, principalmente os novos, que só querem ficar em cima ‘das gatinhas’. O cara já começa pedindo o Instagram. [...] Às vezes quem precisa de atenção é o idoso, a senhorinha, o gordinho e o cara tá lá com a menina”, diz.

Esses tipos de profissionais, segundo o empresário, precisaram ser dispensados do local. Como profissional da área, Jacques comenta que uma das formas para evitar comentários e até mesmo ‘confusão’ com o marido de alguém é não conceder tratamento especial. “Tem que tratar todo mundo igual”, defende.

Casos de ciúmes, conforme o empresário, são bem comuns em ambientes  como a academia. Jacques expõe que já ouviu muitos relatos e não somente de maridos ciumentos. “Às vezes até a mulher não deixa o cara vir porque naquele horário tem umas meninas bonitinhas. Não é só do lado do personal, é do lado contrário também”, afirma.

Natan Neves trabalha na área desde 2019 e acredita que o comportamento do profissional da Educação Física dentro do ambiente de trabalho diz muito sobre suas intenções e caráter. Para ele, a vida pessoal da aluna não deve ser de interesse do personal, por isso, é bom não ter contato com ela fora da academia.

“Personal não tem que ficar comentando foto de aluna, mandando mensagens que não são relacionadas a seu serviço prestado a ela e evitar, principalmente, qualquer tipo de contato fora do ambiente de academia”, afirma.

Outro ponto que Natan defende é a forma de tratamento no ambiente de trabalho. Olhares, piadinhas e outros comportamentos que não transparecem uma postura profissional são problemáticos.  “Quem está ao redor na academia nota tudo isso, principalmente os homens. Isso consequentemente acaba aumentando a desconfiança com a nossa profissão”, afirma.

O marido, namorado da aluna, pode até desconfiar e ‘torcer o nariz’ pro personal, mas Natan acredita que isso também pode mudar. “Se a gente levar o nosso trabalho com seriedade e de forma totalmente profissional com o tempo eles acabam confiando mais e isso deixa de ser um problema”, destaca.

Vinicius Matheus dos Santos de Souza trabalha há quatro anos como personal. O profissional fala que não é incomum situações onde os maridos têm ciúmes do personal trainer da esposa.  “Nós acabamos pegando muita amizade com nossos alunos por conta do tempo que passamos durante os treinos ou a quantidade de tempo que o aluno está conosco”, explica.

Apesar dessa ‘amizade’, Vinícius diz que é essencial que o profissionalismo venha em primeiro lugar e isso fica claro através de atitudes no ambiente de trabalho. “Sempre mantenha um posicionamento lateral do aluno na maioria dos exercícios ou se posicione à frente do aluno, tem que saber onde tocar no aluno e sempre deixar claro que é tudo profissional”, comenta. Ele cita mais uma atitude por parte do personal que pode contribuir para que não haja desconfiança ou ciúmes dos parceiros. “Fazer amizade com o parceiro da aluna”, pontua.

Academia só para mulheres - Devido ao ciúmes dos parceiros, tem mulher que, além de não ter personal trainer, opta por malhar em academias livres de homens. Ana Carolina é proprietária de uma dessas academias femininas no Bairro São Conrado, a  Ella’s Fitness.

Ela e a sócia sempre frequentaram academia mista e conhecem vários casos onde mulheres não praticam a atividade por não ter um espaço de treinamento exclusivamente feminino. Ao perceber a situação, as empresárias decidiram investir em uma academia só para elas.

“Ainda existem mulheres que não podem frequentar uma academia mista por conta do seu parceiro e muitas nunca entraram em uma academia a não ser de mulheres”, fala.

Se não tivesse essa exclusividade, segundo Ana Carolina, muitas mulheres não estariam fazendo exercício físico para evitar a desconfiança e implicância do parceiro. “Ainda existem maridos que não deixam a mulher treinar num ambiente misto, que implica com a roupa, que acha que o movimento do exercício é para chamar a atenção de algum homem na academia”, explica.

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