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Comportamento

Doença a deixou sem sobrancelhas, mas o rosto mudou em ação solidária

Thatyane é designer de sobrancelha e desenvolve projeto gratuito para ajudar pessoas com alopecia areata

Jéssica Fernandes | 04/03/2022 10:17
Karla antes e depois de receber o tratamento. (Foto: Arquivo Pessoal)
Karla antes e depois de receber o tratamento. (Foto: Arquivo Pessoal)

Karla Portela Paranhos Paz, de 36 anos, estava acostumada a ver os cabelos caírem e abrirem pequenos “buracos” na cabeça. Diagnosticada com alopecia areata, desde os 12 anos, ela entendia melhor do que ninguém como era ser afetada pela queda dos fios. “Eu tinha somente algumas falhas no cabelo, mas como sempre tive muito cabelo, eu conseguia disfarçar, não me incomodava”, lembra.

Em 2018, a situação mudou, ela começou a perder cada vez mais fios e precisou recorrer ao uso de peruca. Mesmo com a autoestima afetada, Karla conseguia dar um jeito, porém em meados de 2020, a doença se agravou mais e ela também perdeu os pelos da sobrancelha. “Quando minha sobrancelha caiu, isso me impactou muito, porque o cabelo você pode usar boné e peruca. Sem a sobrancelha, não me identificava visualmente, me olhava no espelho e não via minha forma natural”, expressa.

Nesta mesma época, a designer de sobrancelhas Thatyane Riquelme, de 33 anos, iniciava os primeiros passos no projeto que procurava ajudar pessoas com alopecia areata. “Antes, eu não conhecia a doença, fiz uma pesquisa na internet, porque sempre fui curiosa e li sobre. Percebi que ela era esquecida, ninguém falava sobre ela”, afirma.

Thatyane durante atendimento estético na clínica. (Foto: Arquivo Pessoal)
Thatyane durante atendimento estético na clínica. (Foto: Arquivo Pessoal)

Thatyane quis trazer visibilidade para o assunto e através da profissão, realizar o procedimento estético de forma gratuita. Ela comenta que após uma postagem nas redes sociais, teve a oportunidade de conhecer a história da Karla. “Eu postei no Instagram pedindo indicações para as pessoas e foi aí que conheci a Karla”, diz.

A princípio, Karla comenta que entrou em contato com a profissional para saber do procedimento. “Sempre a acompanhei e achei o trabalho dela maravilhoso, tinha uma sutileza, suavidade. Quando entrei em contato, contei minha história e ela falou sobre o projeto", fala.

No período que conheceu a designer de sobrancelhas, Karla revela que estava bastante sensível e sem condições financeiras para custear o tratamento. “Eu não tinha condições, estava fragilizada e no processo de começar a me aceitar. Eu não conseguia fazer o uso de maquiagem, por que como que na rua retoca a sobrancelha?!”, comenta.

Após Thatyane concluir o processo, Karla lembra que ficou emocionada com o resultado. “Foi maravilhoso, lembro que fiquei emocionada, ela perguntou se estava doendo, porque começou cair lágrimas do meu rosto, mas eu estava feliz, me senti maravilhosa”, enfatiza.

Além da Karla, a profissional também relembra como foi atender a primeira pessoa do projeto. “Foi uma satisfação enorme, foi uma descoberta para ver que estava no caminho certo. Hoje, eu vivo da minha profissão e ver o outro feliz não tem preço”, diz.

Depois dela, Thatyane atendeu outras mulheres, sendo a maioria senhoras, que também eram afetadas pela doença. A cada término do processo, as emoções eram diferentes. “Demora para elas se aceitarem, não é só fazer micro, porque elas têm um período para se encontrarem. Elas choram depois do resultado, se sentem bem”, conta.

Em razão da pandemia, a profissional interrompeu as atividades, porém, agora, está procurando mais pessoas com alopecia areata para atender de forma gratuita. Muito além de um procedimento estético, Thatyane reforça que o projeto é importante para ajudar as pessoas a reconstruírem a autoestima. “Para mim, é uma forma de deixar as mulheres mais bonitas e felizes, é isso que eu quero, devolver a vida para aquela mulher”, esclarece.

Antes de fazer o procedimento, Thatyane reforça que é importante as pessoas interessadas procurarem um médico. “É para saber se a pessoa está com a saúde em dia e entender se ela pode fazer o tratamento”, argumenta. Outra questão que ela faz questão de frisar é o público que está procurando para atender. “Eu quero trabalhar com pessoas que não tem condições de pagar, quero ajudar as pessoas que têm o diagnóstico de alopecia”, conclui.

Quem tiver interesse no procedimento e se enquadrar no perfil do projeto, o contato da Thatyane é (67) 98204-2816.

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