Ele vendeu o cabelo para estudar na UFMS e hoje serve de inspiração aos alunos
O professor Fabio dá aulas de história no Maria Constança de Barros para o Ensino Médio
Fabio Mantovaneli era um jovem inquieto e no fim da adolescência estava de saco cheio de viver no interior de São Paulo, queria uma vida mais agitada, aprender a se virar sozinho e morar numa cidade maior. No ano de 2005 entrou em contato com um pessoal da área de humanas, deixou a vontade de fazer biologia para trás e quis se enveredar pela história.
De Araçatuba ele veio pra cá fazer vestibular para o curso na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e passou. Na época a família estava com problemas financeiros e ele se viu num dilema. “Meu pai me mandava uma grana todo mês, mas aconteceu que não tinha mais como. Então vendi o meu cabelo, que ia até a cintura e vim com a cara e a coragem. Peguei R$ 600”, lembra. Hoje ele só usa o cabelo curto.
Comprou a passagem subiu no ônibus e veio sem olhar pra trás. Aqui ele tinha contato com um estudante de física da universidade, que o buscou na rodoviária e o levou para o pensionato em que vivia. “Era um pouco xexelento, mas foi o que consegui na época”, conta.
No segundo mês aqui conseguiu emprego numa livraria e seguiu trabalhando de dia e estudando de noite até o segundo ano da faculdade, quando começou a dar aulas. “Aí que me apaixonei de verdade pelo ofício de lecionar. Dava aula numa escola particular perto da UFMS, fui conseguindo outras escolas também. Fiz um curso de antropologia e comecei a estudar filosofia também, vi que tinham poucos professores nessas áreas e comecei a dar aulas dessas disciplinas”, pontua.
Ganhar a vida dando aulas foi o que o manteve na cidade. A paixão pode ter aumentado depois que começou a trabalhar na área, mas ela nasceu quando Fabio ainda estava no ensino médio. “Tive excelentes professores naquela época, que aumentaram bastante minhas perspectivas, por isso resolvi correr atrás”, afirma.
Agora ele está com 30 anos e leva para a sala de aula toda sua experiência de vida e mantém contato com seus alunos nas redes sociais. “A princípio achei meio estranho extrapolar os limites da escola, mas eles gostam de saber, ficam inspirados. Gosto muito de viajar e fico publicando fotos das viagens, eles sempre comentam, falam que querem viajar também. É bom eles verem que temos vida fora da escola”, reflete.
Em seu perfil no Facebook dá pra ver diversas manifestações de carinho de seus alunos. No Dia dos Professore, que foi no domingo (15), alguns mandaram mensagem para ele. “Aos professores que fazem/fizeram parte da minha vida (seja dentro de uma sala de aula ou fora dela) até hoje, deixo meu muito obrigado por tudo que compartilharam e continuam compartilhando com esse mero mortal aqui, vocês são incríveis!”, escreveu um. “Os senhores fizeram uma grande mudança em minha vida sou muito grato por vocês. E hoje sou feliz também por escolher essa carreira para minha vida”, postou outro.
Ele fica emocionado com essas respostas. “É muito bom saber que a gente faz a diferença na vida deles, que engrandeço as perspectivas e faço eles se apaixonarem pela matéria. Também tenho um carinho muito grande por eles”, finaliza.