Em Campo Grande, shows lotam mais pelo social do que pelas atrações
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Da divulgação do show até os minutos antes de uma apresentação em palco campo-grandense, a mobilização de quem vai sair de casa é guiada mais pelo ‘social’ do que pelas atrações em si. Na maioria das vezes a impressão que dá é que o estilo não é nem o do gosto, mas parte do público comparece pra dizer que foi. Um exemplo disso foi a gravação do DVD da dupla Bruninho e Davi, realizada neste domingo, no Rádio Clube Campo.
O ginásio do local estava quase na capacidade máxima. Foram vendidos cerca de 5 mil convites, mas a animação em si, de quem dançou e cantou todas as músicas se limitava apenas a frente do palco. Ninguém está dizendo que o resto não participou, mas dava pra perceber quem estava ali pela dupla e quem foi apenas pelas fotos a serem postadas e para ver e ser visto.
O resultado foi a repetição de uma das músicas, até aí tudo bem, a gente sabe que gravação tem um outro lado que envolve muito mais a técnica de som e imagem, mas o pedido dos cantores foi para que o público ‘vibrasse’ mais.
Quem acompanha a agenda de shows que a cidade oferece já percebeu que nos camarotes da vida então, aí que o povo não entra no ritmo mesmo. O que vale não é saber cantar a letra e nem dançar, é circular com as bebidas oferecidas dentro do cardápio Open Bar. Mas isso não moda só no sertanejo não. Tem muita gente que vai aos shows para postar #partiu e em seguida fotos nas redes sociais sem nem ao menos saber uma única música de cor.
O técnico administrativo Adenilson Machado, de 26 anos, é um dos que compartilha da ideia. “O show é um pretexto pra sair de casa pra beber, pelo social mesmo”, comenta. A justificativa para a ida aos eventos apenas pra isso pode estar no número pequeno de atrações que o município oferece.
“Muita gente vai pelo social, pelo fato de ser a melhor festa da cidade. Aqui fazem poucos shows na minha opinião”, diz a bancária Vânia Amaral, de 24 anos.
Há quem defenda que público cativo mesmo, daqueles que vão pra curtir e que se dane o social é gente de apenas um estilo. “O mais fiel mesmo, que eu percebo é o rock, é quem frequenta o Fly e alguns outros bares”, explica a professora Paula Belchior, de 37 anos.
Dividida na resposta, a estudante de Direito, Carolina Soares da Costa, de 28 anos, fala que boa parte do público que lota os shows vai por curtir o artista, a banda, o cantor. “Mas a outra vai mesmo para acompanhar os amigos, conhecer outras pessoas. A gente acaba indo se o show tiver um espaço legal, com drinks”, diz.
Com uma avaliação mais do ambiente eletrônico, o consultor de empresas Germano Ramos, de 43 anos, é categórico em dizer que a maioria vai sim pela balada. “Um exemplo, na área de música eletrônica, a MOVE Club trouxe Peçanha e Parcionik no sábado. A casa estava pela metade, são duas referências internacionais. No Dexter, com o Júnior Lima, lotadíssimo. Então é preciso intercalar atrações "pop" com referências. Mas acredito que isso não seja um fenômeno só de Campo Grande. As cidades médias brasileiras também sofrem da mesma forma”, opina.