Em memória ao pai, Karine casou usando o óculos que ele deixou

Em um dos dias mais importantes na vida de Karine Gomes de Souza, de 24 anos, duas pessoas especiais não puderam participar da forma como ela sonhava. No casamento, Karine não pode ser levada ao altar pelo pai, Natanael, pois, há quase um ano, ele faleceu em decorrência da covid-19. Para prestar homenagem e ter uma parte dele por perto no dia, ela usou os óculos de grau que o pai tinha.

No dia 2 de junho de 2021, Natanael faleceu em decorrência da covid-19 e oito dias depois, sua avó paterna, Sebastiana, partiu pelo mesmo motivo. Na época, Karine e Mauricio Fernandes, de 26 anos, estavam noivos e planejavam realizar a cerimônia em outubro.

Ela comenta que na ocasião, preferiu cancelar todos os planos da cerimônia. “Adiei porque não tinha condição nenhuma de fazer casamento, pensei em adiar a festa também, porque não tinha cabimento eu fazer sem eles. Eles estavam muito animados, reunir familiares para eles era tudo”, diz.

Ao explicar por que decidiu usar os óculos, Karine recorda uma conversa que teve com o pai meses antes dele testar positivo para a doença. “Teve um determinado dia que meu pai chegou do nada e falou: ‘Acho melhor você fazer uma armação delicada para o dia do casamento, porque você fica muito bonita de óculos’. Fiquei muito pensativa, porque a forma como meu pai falou parecia que ele não estaria mais aqui. Isso foi muito marcante para mim”, expõe.

Quando decidiu retomar os planos da festa, Karine já sonhava em prestar a homenagem ao pai, porém não tinha certeza se o acessório iria combinar com ela e a cerimônia. Ao procurar o cabeleireiro Cris Dias, ela relata que finalmente teve a confirmação que precisava. "Ele super me aconselhou, porque algumas pessoas falavam que não ia ficar legal o óculos. A gente fez o teste e foi minha certeza, porque ficou muito lindo e especial para mim, não sei nem explicar”, fala.

No dia 22 de abril deste ano, Karine prestou a homenagem e entrou no casamento segurando um balão com a palavra “pai” gravada no item. “Entrei com um balão escrito pai até metade do caminho, aí soltei o balão. Meu irmão e minha mãe vieram me encontrar e me levar ao altar”, lembra.

Na primeira fileira, ela reservou duas cadeiras onde colocou uma foto com o pai e avó no dia da colação de grau. “Foi um dia especial para nós”, explica. A cerimônia, conforme Karine, foi um misto de emoções. “Eu queria muito uma confirmação de Deus que eles estariam ali e eu senti muito a presença deles. Quando cheguei no altar, o celebrante falou assim: ‘Na hora que cheguei aqui, senti uma presença muito grande, não tinha como não se emocionar’. Essa foi a confirmação que eu precisava”, afirma.

No final da entrevista, Karine falou sobre a segunda homenagem que sente estar prestando a memória do pai. “Na quinta-feira, completa um ano que meu pai faleceu, então, eu acredito que essa matéria será outra forma de homenagear ele”, conclui.

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