Em salão ‘Pé Sujo’, Leandro corta cabelo em 8 minutos e sem frescura
Brincalhão, ele trabalha há 20 anos no ponto onde corta cabelo de três gerações, do filho ao neto
“Aqui é o salão do ero, carpinteiro, serralheiro, pedreiro”, diz Leandro Roberto de Oliveira, de 49 anos. Com um jeito irreverente, ele há 20 anos corta o cabelo e faz barba no "Salão do Pé Sujo: Made in Xexelento”. Além do nome curioso, o ponto comercial tem a placa um pé bem sujo estampado na fachada.
Chamado de pé sujo pelos amigos há mais tempo do que consegue lembrar, Leandro diz que no estabelecimento ninguém precisa sentir constrangimento por ser quem é.
“É fácil das pessoas virem aqui e não ficarem constrangidas, porque tem constrangimento quando você vai em salão cheio de frescuras. Vem o cara que trabalha debaixo de caminhão, vem o que corta grama e o que trabalha em outra área que se suja muito. Ela vê um nome desses e entra fácil”, afirma.
Enquanto fazia a barba e o cabelo de um cliente, Leandro contou um pouco da sua própria história. Natural de Londrina (PA), da terra do ‘chão vermelho’, ele recorreu ao curso de cabeleireiro após perder o emprego.
“Eu coloquei na minha cabeça que tinha que fazer um curso profissionalizante. Eu era muito chucro, lembro do primeiro dia de curso no auditório que a menina trouxe uma agulha de tricô para puxar as luzes que eu falei: ‘Ué, a gente veio aqui para fazer tricô ou cortar cabelo?'”, lembra.
O lado chucro ficou para trás, mas Leandro manteve o ‘jeito debochado por natureza’ que fica evidente na placa com os dizeres ‘Made In Xexelento’. O salão, segundo ele, desperta risadas em quem cruza a calçada. “Tem gente que passa na frente, tira foto e sai rachando o bico. Vê e não acredita, fala: ‘Esse cara é louco’. Aqui é ponto de referência por causa da placa, você vai, vira na rua do Pé Sujo e desce”, fala.
O salão é ajeitado e simples como Leandro fez questão de manter nos últimos anos. O barbeiro garante que modernizou o lugar, mas não fez questão de aderir a tudo que viu.
“Eu sou aquele barbeiro das antigas que se adaptou ao novo sistema. Não fiquei para trás não, sou meio antenado, comecei a prestar atenção nas tendências e dei uma ajeitada. Só não coloquei cervejeira e não quis colocar mesa de sinuca senão o povo não vai embora”, ri.
A praticidade é outro diferencial que o homem gosta de destacar. “A maioria dos meus clientes querem que eu seja prático, porque o tempo é dinheiro. Eu corto o cabelo em oito minutos. [...] Aqui eles não perdem tempo”, frisa.
A rapidez não atrapalha o atendimento, por isso, Leandro tem clientela fixa. “Eu já corto o cabelo de três gerações. Comecei cortando o cabelo do pai, que foi pro filho e que traz o neto”, fala.
Entre os clientes que são de casa está Eguimario Alves, de 49 anos, que diz indicar o lugar para todo mundo. “Eu corto o cabelo com ele tem uma porrada de ano. Tem muita gente que veio aqui já por causa de indicação minha. Eu falo: ‘Vai lá no salão do Pé Sujo, é só o nome que é feio. Ele é fera’. Como cabeleireiro é o melhor da região”, comenta.
No salão, o corte de cabelo é R$ 25, a barba R$ 20 e o combo sai R$ 40. No final do serviço, Leandro ainda joga álcool 70 na barba do cliente e dá risada. “Aqui não tem frescura não”, pontua.
O Salão Pé Sujo está localizado na Rua Francisco José Abrão, 381, Bairro Coronel Antonino. O horário de funcionamento é de segunda a sexta, das 8h às 19h. Aos sábados, das 7h30 às 19h30.
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