Ensaio de Emy e Kaique é celebração de amor que parecia impossível
Luta contra preconceitos é cotidiano e, por isso, Emy defende que ensaio foi mais um ato de coragem
“O orgulho do nosso amor vem muito de um lugar de não ser escolhida e escolhido, de ser preterido. Quando a gente vê possibilidade na nossa união, a gente entende o quanto tivemos que quebrar preconceitos que a gente também tinha e trouxemos da sociedade”, resume Emy Matheus Santos. Pensando nesse amor que parecia impossível, a produtora cultural e o mister trans MS, Kaique Andrade, decidiram celebrar a união com um ensaio cheio de carinho.
A escolha para a produção do vídeo e das fotos foi um parque de diversões e, com ajuda de amigos, a ideia tomou forma. “A gente escolheu trazer uma estética dos anos 80 e tentar fazer algo não convencional porque é o que combina com a gente”, aponta Emy.
Hoje, os dois moram juntos em Campo Grande, mas toda a história é composta por etapas a serem comemoradas. E isso começando com a sorte de terem se conhecido no interior de São Paulo.
Emy explica que havia viajado para Barretos em 2022 para passar uma temporada na casa de um primo. “Eu estava desenvolvendo algumas ações e eventos para a comunidade LGBT, vi uma foto dele no Instagram e mandei uma mensagem convidando. A partir do primeiro encontro que tivemos, nunca mais nos desgrudamos”.
A partir desse momento, a relação que foram construindo precisou ser repensada por eles mesmos, como a produtora narra. “A gente teve que construir um amor dissociado do que aprendemos e precisamos construir um amor livre de barreiras. Os traumas que vivemos por conta de sermos que somos também fazem parte disso e é justamente com a nossa união que podemos acreditar cada vez mais no afeto e no cuidado”, diz.
O amor (tradicional) não foi destinado aos nossos corpos, a quem nós somos, às nossas peles, resume Emy sobre as ideias conservadoras.
Por isso, a luta é cotidiana tanto para lidar com a forma com que os dois se construíram quanto com a própria sociedade. É por isso que os dois defendem tanto seu amor ser um ato de coragem.
Na prática, Emy relata que é necessário ter coragem para ficar vulnerável, sentir e deixar ser tomado pelos sentimentos que envolvem o amor. “Todos os espaços em que ocupamos é tomado pelo nosso amor, na arte, na cultura e nos espaços educacionais, sempre estamos juntes fazendo a diferença e sendo apoio e suporte um do outro” (sic).
Outro ponto comentado por ela é que situações de violência também precisam ser enfrentadas no cotidiano e, a dois, lidar com esses momentos difíceis também é diferente.
“Quando existem situações de violência, a gente faz intervenções um pelo outro. A gente lida com troca de pronome, falta de educação, discriminação, então é ele por mim e eu por ele. Às vezes, eu sinto muito mais quando a violência é com ele do que quando é comigo. Parece que vem uma força tão grande de dentro para defender quem eu amo porque a última coisa que quero é ver ele triste ou machucado”, relata Emy.
Confira a galeria de imagens:
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.