Escola faz 43 anos graças a amigos que doaram uma joia: o tempo
História de colégio é marcada por cooperação e uma série de transformações sociais que marcou gerações
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A Funlec (Fundação Lowtons de Educação e Cultura) chega aos seus 43 anos de história, que começou com um sonho coletivo e carrega uma trajetória marcada por dedicação, cooperação e uma série de transformações sociais que marcaram gerações. Fotos antigas mostram como tudo começou e gestores lembram de amigos que doaram a maior joia, o tempo, para ter uma educação melhor na cidade.
A história é contada pelo diretor-presidente da Fundação, Alexandre Lewandowski, e pelo ex-grão-mestre da GLEMS (Grande Loja do Estado de Mato Grosso do Sul), Heitor Freire. A instituição foi fundada por 12 lojas da maçonaria, sendo cinco delas situadas na Capital e sete no interior, oficialmente no dia 29 de janeiro de 1982. Porém, a semente que deu origem a esse fruto foi plantada anos antes, conforme relata Heitor Freire.
Heitor conta que os primeiros passos foram dados com a criação de uma escola para alfabetização de adultos, que funcionava no templo da loja maçônica Oriente Maracaju, e com a escola Rui Barbosa, que oferecia ensino regular. Ele cita que a instituição de ensino fechou as portas por falta de espaço, mas deixou para trás a "semente" que daria início a tudo. A história da Funlec teve início em 1921, com a fundação da Escola José Bonifácio.
“Tudo começou quando esse pequeno grupo de irmãos [da maçonaria] começou a pensar em uma educação diferenciada, em 1921, e ela tomou força quando o Estado se dividiu, em 1977. Com a divisão, a educação passou por uma reformulação. Muitos professores deixaram o Estado, e os irmãos entenderam que era necessário melhorar a educação”, expressa Heitor.
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43 anos de história e a escola que começou com uma "doação de ouro"
Em pouco mais de quatro décadas, a instituição passou por muitos momentos de mudança, evolução e trabalho coletivo. Puxando as raízes dessa história, Heitor relembra que ela foi marcada por muitos ganhos para a sociedade, mas também por algumas perdas. Uma dessas perdas foi a escola agrícola, que durou apenas nove anos.
Na época, a instituição de ensino rural ficava localizada em uma área do Exército, na saída para Terenos, logo depois do bairro Nova Campo Grande. A Fundação também oferecia transporte aos alunos, mas precisou ser fechada por se tornar financeiramente inviável.
Outro fato que marcou a Fundação foi a história sobre a escola que teria começado com uma "doação de ouro". Sobre o boato, Alexandre explica que, na realidade, a escola, que leva o nome de Oswaldo Tognini, foi construída com o dinheiro arrecadado com a venda de vagas para os filhos dos irmãos da maçonaria, que foram comercializadas em lotes que chegaram a custar até 700 dólares na época.
"O que você não fala, cria-se boato. Não há nada excepcional nesse sentido, mas há o trabalho de todo mundo, que foi feito de forma silenciosa. Você não vê placa homenageando o irmão que fez a Funlec, mas o que ele fez vai ficar para sempre na instituição. E acabam, então, criando essas teorias sobre se teve ouro ou não, mas isso não existiu. O que existiu foi doação, sangue, suor, choro que ninguém ouviu, mas a gente ouviu", destaca Alexandre.
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À frente da gestão da Fundação na época, Heitor conta que, após surgir a vontade de construir uma terceira escola, que viria a ser a Oswaldo Tognini, tirar os planos do papel contou, mais uma vez, com o trabalho coletivo, pois não havia recursos nem terreno. A área de cinco mil metros onde a instituição foi construída foi cedida por meio de comodato pela prefeitura, na época sob a gestão de Lúdio Coelho. Para Heitor, as verdadeiras "joias" foram os irmãos da maçonaria, que doaram dinheiro e tempo para construir esse legado.
Alguns anos mais tarde, Heitor conta que um terreno foi doado para a Loja Estrela do Sul, onde a Fundação construiu mais uma unidade escolar, dessa vez em um bairro fora da área nobre da cidade, mas nos mesmos moldes da Oswaldo Tognini. O prédio foi utilizado como moeda de troca, sendo doado para a prefeitura como permuta. "Nós demos a escola para a prefeitura, e a prefeitura nos deu o terreno [onde está construída a unidade na Chácara Cachoeira], e assim a coisa foi evoluindo".
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Legado construído no coletivo
A Fundação nasceu permeada por sete princípios, sendo eles Deus, família, pátria, moral, natureza, ensino e trabalho, que foram criados para poder embasar o trabalho educacional da instituição. Seu legado foi construído através da doação não apenas financeira, mas também de tempo e esforço de todos que passaram pelas 11 gestões, que trabalharam juntas, cada uma em seu tempo, para tecer a teia que conta a história da instituição.
Hoje Alexandre, diretor-presidente, e Heitor, ex-diretor-presidente, olham para o passado e para o futuro como lacunas que se conectam, e analisam que de 43 anos para cá, cada gestão veio com um patamar diferente de trabalho e diferentes processos, que caminharam para uma evolução mercadológica e digital.
"A educação é orgânica e está sempre evoluindo, então, cada fase cumpre um objetivo. O Heitor tem a história dele, viveu as dificuldades que tinha naquela época, e hoje eu tô vivendo as minhas. [O papel da gestão] é sempre cumprir aquele momento e preparar a gestão para o futuro. Isso aqui não é meu, eu sou passageiro. Estou cumprindo o objetivo que foi dado por eles e quando chegar o final, eu entrego para o próximo continuar o seu objetivo", declara Alexandre.
Alexandre reforça que a intenção dos fundadores sempre foi atender a sociedade, sem visar fins lucrativos. Além disso, cada gestão eleita pelas lojas maçônicas para administrar a Fundação presta um trabalho voluntário, sem remuneração.
Dentre os desafios em se criar uma instituição dedicada ao ensino, Alexandre e Heitor citam que a questão financeira sempre foi o maior deles. Foram décadas de trabalho até que a escola conseguisse se manter, no sentindo de ter independência para pagar os colaboradores e as demais despesas geradas com a prestação de serviços.
"A dificuldade é natural do processo, porque quando você tá começando e tudo é muito instável. Até você ter a musculatura de um colégio, você demora pra amadurecer", finaliza.
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