"Esquecida", Campo Grande queria entrar na história até com poesia
Almanaque ilustrado de 1928 mostra como a cidade queria ser vista na época
Em 1928, quando Campo Grande ainda seguia em um desenvolvimento mais lento, até poesia a cidade ganhou. Na época, uma das preocupações dos estados era mostrar suas cidades e, por fazer parte do interior brasileiro, Campo Grande integrou um almanaque ilustrado sobre o então Mato Grosso.
“A formosa e vetusta cidade de Campo Grande tem merecidamente a primazia dentre as suas irmãs do sul do Estado de Mato Grosso, como sendo o berço do comércio e da cultura, da indústria e do trabalho”, introduz o almanaque.
Economicamente, a cidade era definida pela pecuária com os campos sendo ocupados pelos “bois indianos”. Inclusive, é ligando a cidade à sua economia é que o almanaque classificava Campo Grande como uma possível solução para a colonização do Estado.
Devido ao seu desenvolvimento ainda inicial, o município que se tornaria capital era visto como mais um esquecido no interior do Brasil.
Outro lado da Campo Grande de quase cem anos atrás é ilustrado pelas estatísticas presentes no almanaque. Em toda a cidade, havia cinco ônibus, 186 “caminhões para passageiros”, 75 caminhões gerais e 480 carroças, charretes e carretas.
Ao todo, em 1927, o município registrou 89 casamentos, 285 nascimentos de meninos e 275 de meninas.
As estatísticas destacadas também eram em relação aos alunos das escolas Joaquim Murtinho e Nossa Senhora Auxiliadora. Na primeira, havia 415 estudantes, enquanto na segunda, específica para meninas, eram 260 alunas.
O texto que, assim como o álbum fotográfico, tentava traçar um retrato da cidade optou por já detalhar sobre a então Sociedade Esportiva Campo-grandense que focava no âmbito dos esportes e se reunia no Rádio Clube.
“Faziam parte José da Costa Moraes, Rubens Teixeira, Valerio Martins Costa e outros que muito se adquirindo o campo de esportes adequaram aos seus fins”, relata.
E, completando, outro ponto que fez com que Campo Grande já mostrasse seu destaque é que ganhou até um poema chamado “Campo Grande, a cidade vermelha”.
“Sorrindo à Primavera, ao Verão, ao Outono, Inverno, na conquista sublime do ideal… Campo Grande (sua lenda é quase azul). Desse azul suave de chimera, apagado, mas, eterno que nos lega amor leal”. Diz um trecho.
Confira na imagem abaixo o poema completo:
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