Evangélico e tatuador, Louiz Otávio desconstrói ideia de que tatuagem é do diabo
Louiz Otávio quis unir profissão e religião para desmistificar lenda de que tatuagem não é coisa de Deus e tem quebrado barreiras
Há 35 anos no mercado, Louiz Otávio Nogueira e Silva fala sobre a experiência na área da tatuagem e a mistura com a religião. Após o segundo casamento, entrou para igreja evangélica e convidou o pastor para conhecer seu escritório, para saber se seria julgado ou abraçado. A resposta foi positiva e o único pedido ao tatuador foi respeito.
“Chamei o pastor para tomar um café no meu escritório, disse que sou arquiteto e artista, queria saber o que ele pensava sobre isso. Quando chegou aqui me viu tatuando às nádegas de uma cliente e eu disse, esse é meu trabalho. Em seguida me respondeu, desde que respeite as pessoas, é um trabalho como os outros”, conta o tatuador.
O fato aconteceu há oito anos, quando Louiz e a esposa entraram para a igreja da Aliança Cristã. Surpreendido com a resposta, o tatuador ficou feliz e continuou a seguir o caminho religioso. Aos poucos, foi desconstruindo dentro do local, a ideia de tatuagem ser coisa do "demônio".
“Faço o trabalho de um artesão. É como se fosse escultor que cria algo para decorar um espaço e deixar mais bonito. Contudo, imagens que vão contra meus princípios, não faço como desenhos de idolatria. Fico atento a isso, converso com os clientes para saber o real motivo. Tem gente que quer um diabo na pele isso não faço, não tem conversa”. Outra coisa que pode impedir o serviço é o local onde a pessoa deseja fazer o desenho. “Rosto, palma da mão e palavrão também não faço”.
Desde que entrou para a área artística, Louiz buscou conhecer a verdadeira história da tatuagem para ajudar desconstruir pensamentos. “No antigo testamento condenavam a tatuagem por conta de simbolizar a marginalidade, vandalismo isso era uma marca e não existia tatuagem artística”, explica.
Contudo, no novo testamento, as coisas mudaram. “É o evangelho pregado por Jesus. A tatuagem agora se enquadra na religião como uma obra de arte e não como pecado. Pecado é idolatria para chamar atenção, ser melhor que alguém”.
Conforme Louiz, a tatuagem ficou conhecida na Europa antes de 1500. “Foi na Nova Zelândia, onde tinha o caminho das índias que as pessoas iam comprar especiarias. Os marinheiros tinham a tatuagem pelo corpo para marcar as viagens que faziam pelo mundo. Mas, foram os piratas que disseminaram a tatuagem, por isso a fama de tatuagem ser bagunça. O primeiro tatuador foi um norueguês marinheiro”, diz.
Conhecendo um pouco mais da história, o tatuador pode continuar na igreja e na profissão que ama. “Sou formado em Arquitetura, mas gosto mesmo é de fazer as tatuagens”, afirma. “É importante congregar, aprender e eu e minha esposa, somos discipulados. Aprendemos com as pessoas”, completa ele sobre o motivo de buscar a religião para a vida.
Louiz recorda que antes da igreja surgir em sua vida, já tinha feito de tudo, até mesmo usar drogas. “Fiz muita coisa que não me levou a nada, há não ser perder tudo que tinha. Contudo, agora tenho condições de refletir melhor sobre as situações. Não parei de beber, mas faço isso de forma moderada”.
Após se sentir abraçado pelo pastor, continuou na igreja e até fez amizades com os irmãos. “Nunca fui de ligar para a opinião dos outros, mas muitos não gostam da tatuagem. No entanto, temos uma convivência legal e nem por isso, deixo de ter minha vida social”.
O espaço Studio Arte Louiz fica na rua 13 de Junho, n° 799 e todos que entram são bem-vindos. A sala onde realiza o serviço é pequena, e por ali, Louiz fica das 14h às 19h. Ele comenta que os desenhos que os clientes mais pedem para que faça são imagens de natureza, flores e animais, mas garante que é eclético.
“Faço vários estilos, só não costumo fazer o Old School, que é o modelo antigo de quando começou a tatuagem. Faço também as realistas”, fala. Agora Louiz concilia a tatuagem com a religião e usa as redes sociais para divulgar seu trabalho. Na página, aproveita para deixar a palavra do dia, com provérbios para os amigos lerem. “É a chance de passar uma palavra legal”, finaliza.
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