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Comportamento

Exausta da intolerância, Bruna cria coleção para quem é da “macumba”

Bruna criou coleção em homenagem aos ritos da umbanda, com peças inspiradas em entidades

Thailla Torres | 29/06/2021 07:55
Peças inspiradas em Rosa Caveira e Figueira. (Foto: Arquivo Pessoal)
Peças inspiradas em Rosa Caveira e Figueira. (Foto: Arquivo Pessoal)

Musa da diversidade que em 2020 mostrou todo talento no samba e na produção das próprias fantasias, Bruna Riquelme Marques agora se dedica novamente à costura, mas para seus momentos de fé.

Ela é umbandista e durante anos teve dificuldade de encontrar roupas adequadas para fazer parte das cerimônias do terreiro.

“As roupas da internet vêm apenas em um padrão.  Então se você tem 1,67 m de altura igual a mim ou 1,85 m igual a alguns amigos, as saias ficam curtas ou compridas demais. Como eu já sabia costurar, decidi me aventurar nisso”, conta.

Mas não foi só a estética das peças e o conforto que levaram Bruna a investir na costura. Ela conta que a intolerância religiosa persiste até mesmo no ambiente de trabalho de algumas costureiras, que se recusam a fazer peças como as que Bruna pede.

“Ainda, infelizmente, enfrentamos preconceitos e dificuldades. As pessoas ainda temem o nome pomba gira, por exemplo. As pessoas acham que macumbeiro é coisa de tinhoso, quando na verdade tudo se baseia em fé, amor e caridade”, diz.

Ela diz que dentro da intolerância, costureiras se recusam a fazer porque acham que não é correto. “Algumas inventam desculpas, desconversam e no fim não fazem”.

A criação das peças também foi uma forma de Bruna se recuperar em casa. Há dois meses ela sofreu um acidente de trânsito e quebrou o braço esquerdo. “Operei e coloquei uma placa e seis parafusos. Mas, como não tinha registro de trabalho, fui mandada embora sem direito algum. Fiquei preocupada porque só tinha só uma máquina velha, e foi assim que ofereci o meu trabalho sem cobrar nada a uma irmã de terreiro”.

Bruna fez a primeira roupa e entrou á amiga que, também umbandista, fez questão de pagar pela peça. “Ela ainda me presenteou com um manequim para expor meu trabalho”.

Mesmo com o braço engessado e recém-operada, Bruna se esforçou e se dedicou à costura. “As produções são baseadas no gosto ou características das entidades. Tenho um álbum com 190 fotos de trabalhos, entre vestidos, capas, coroa, tiara, armações.   Nenhuma peça é igual a outra. É mágico costurar para essa finalidade, sinto que as pessoas se sentem acolhidas e não tem vergonha de explicar como é.

Cada peça é feita pelo pedido da entidade. Ela descreve seu gosto, sua cor, sua característica, sua vontade”, afirma Bruna.

Quem tiver interesse nas peças, pode entrar em contato com Bruna pelo Instagram. (clique aqui).

Confira a galeria de imagens:

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