Família conheceu MS mergulhando o pé na lama e criando pontes
Em três gerações, engenheiros viajaram o Estado para projetar estruturas em lugares variados
Assim como muita gente acaba conhecendo o Brasil por trabalhar viajando, três gerações da família Lima conheceram o Mato Grosso do Sul a serviço, mas indo a locais que geralmente não são visitados por turistas. Engenheiros, avô, filho e neto se especializaram em projetar pontes e, por isso, aprenderam a viver no Estado mergulhando o pé na lama durante os trabalhos em campo e contando sobre as mais de 150 obras que projetaram.
Desde junho do ano passado, quando José Francisco de Lima, então com 68 anos, faleceu, a dinâmica da família precisou mudar. Mesmo assim, o neto Gabriel de Lima, de 26 anos, conta que exercer o trabalho significa continuar pensando no modo com que a família tem vivido no Estado desde 1986: indo a locais distantes e criando pontes.
![Ponte sobre o Rio Santo Antônio, em Guia Lopes da Laguna, projetada pela família. (Foto: Arquivo Pessoal)](https://cdn6.campograndenews.com.br/uploads/noticias/2022/04/12/lldav17kcra2.jpeg)
Assim como o avô e o pai, Elói Azevedo Medeiros de Lima, Gabriel se formou na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e, desde pequeno, teve as estruturas e cálculos inseridos no cotidiano de sua vida.
“Meu avô era professor da universidade, então desde que nasci ele fazia viagens técnicas com os alunos e me levava junto. Eu sempre estava no meio dos alunos, porque ele gostava de ir nessas viagens mostrar os projetos na prática, por isso, fui crescendo nesse meio”, explica.
![Gabriel conta que conheceu MS pelos olhos do avô, que projetou pontes desde 1986. (Foto: Arquivo Pessoal)](https://cdn6.campograndenews.com.br/uploads/noticias/2022/04/12/1kfmho6hnegbr.jpeg)
Seguindo no ramo da família, Gabriel detalha que antes de conhecer a prática da profissão, foi aprendendo sobre o Estado a partir dos olhos do avô. “Quando a gente ia viajar, por exemplo, ele sempre ia falando ‘Essa ponte aí fui eu que fiz’, então, o assunto acabava aparecendo. Mas a gente tentava separar os assuntos da família também, não ficar falando sempre só sobre o trabalho.”
Já durante o trabalho imersivo, o engenheiro conta que viver as viagens começou a ganhar novos significados em conjunto com as dificuldades passadas na prática. Isso porque, ao invés de apenas olhar as estruturas prontas, começou a conhecer os locais antes de tudo ficar acessível.
“Você precisa encontrar o lugar, que muitas vezes, não tem endereço exato, então no caminho, pneu fura, você atola o carro, encontra cobra. E quando vai fazer uma das etapas do serviço, que é a sondagem do terreno, precisa entrar na água e não tem jeito, é parte do serviço”, diz.
Citando exemplos, o engenheiro conta que a maior parte das pontes a serem projetadas substituem antigas estruturas de madeira, mas que em alguns casos, nem a estrutura básica existe. Por isso, a passagem pelo local é sempre duvidosa, sem garantias de que será possível acessar tranquilamente de carro.
![Alguns dos locais não possuem estrutura inicial, por isso, o caminho é sempre imprevisível. (Foto: Arquivo Pessoal)](https://cdn6.campograndenews.com.br/uploads/noticias/2022/04/12/3sr7ferigo84s.jpeg)
Enquanto Gabriel conta que nem sempre a parte do pé na lama é interessante, o pai, Elói, explica que aprendeu a sentir falta do serviço externo. Desde que José Francisco faleceu, Elói passou a ser responsável pelas partes técnicas do trabalho e conta que, por ele, iria continuar conhecendo os terrenos de Mato Grosso do Sul ao lado das cobras.
Antes de se apaixonar pelo serviço, Elói conta que o trabalho em família nem sempre foi o desejado. “A convivência, no início, era bem difícil. Na época que eu me formei, não tinha emprego na área de Engenharia, o que tinha era aqui com meu pai. Então, a gente vai aprendendo a gostar.”
Vinte e dois anos depois, Elói narra que se adequou ao convívio e que, agora, tem continuado a passar os ensinamentos aprendidos com o pai para seu filho.
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