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Comportamento

Família conheceu MS mergulhando o pé na lama e criando pontes

Em três gerações, engenheiros viajaram o Estado para projetar estruturas em lugares variados

Aletheya Alves | 12/04/2022 06:35
José Francisco de Lima ao lado do neto Gabriel e do filho Elói. (Foto: Arquivo Pessoal)
José Francisco de Lima ao lado do neto Gabriel e do filho Elói. (Foto: Arquivo Pessoal)

Assim como muita gente acaba conhecendo o Brasil por trabalhar viajando, três gerações da família Lima conheceram o Mato Grosso do Sul a serviço, mas indo a locais que geralmente não são visitados por turistas. Engenheiros, avô, filho e neto se especializaram em projetar pontes e, por isso, aprenderam a viver no Estado mergulhando o pé na lama durante os trabalhos em campo e contando sobre as mais de 150 obras que projetaram.

Desde junho do ano passado, quando José Francisco de Lima, então com 68 anos, faleceu, a dinâmica da família precisou mudar. Mesmo assim, o neto Gabriel de Lima, de 26 anos, conta que exercer o trabalho significa continuar pensando no modo com que a família tem vivido no Estado desde 1986: indo a locais distantes e criando pontes.

Ponte sobre o Rio Santo Antônio, em Guia Lopes da Laguna, projetada pela família. (Foto: Arquivo Pessoal)
Ponte sobre o Rio Santo Antônio, em Guia Lopes da Laguna, projetada pela família. (Foto: Arquivo Pessoal)

Assim como o avô e o pai, Elói Azevedo Medeiros de Lima, Gabriel se formou na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e, desde pequeno, teve as estruturas e cálculos inseridos no cotidiano de sua vida.

“Meu avô era professor da universidade, então desde que nasci ele fazia viagens técnicas com os alunos e me levava junto. Eu sempre estava no meio dos alunos, porque ele gostava de ir nessas viagens mostrar os projetos na prática, por isso, fui crescendo nesse meio”, explica.

Gabriel conta que conheceu MS pelos olhos do avô, que projetou pontes desde 1986. (Foto: Arquivo Pessoal)
Gabriel conta que conheceu MS pelos olhos do avô, que projetou pontes desde 1986. (Foto: Arquivo Pessoal)

Seguindo no ramo da família, Gabriel detalha que antes de conhecer a prática da profissão, foi aprendendo sobre o Estado a partir dos olhos do avô. “Quando a gente ia viajar, por exemplo, ele sempre ia falando ‘Essa ponte aí fui eu que fiz’, então, o assunto acabava aparecendo. Mas a gente tentava separar os assuntos da família também, não ficar falando sempre só sobre o trabalho.”

Já durante o trabalho imersivo, o engenheiro conta que viver as viagens começou a ganhar novos significados em conjunto com as dificuldades passadas na prática. Isso porque, ao invés de apenas olhar as estruturas prontas, começou a conhecer os locais antes de tudo ficar acessível.

Elói e Gabriel após realizarem trabalho em campo para criação de ponte. (Foto: Arquivo Pessoal)
Elói e Gabriel após realizarem trabalho em campo para criação de ponte. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Você precisa encontrar o lugar, que muitas vezes, não tem endereço exato, então no caminho, pneu fura, você atola o carro, encontra cobra. E quando vai fazer uma das etapas do serviço, que é a sondagem do terreno, precisa entrar na água e não tem jeito, é parte do serviço”, diz.

Citando exemplos, o engenheiro conta que a maior parte das pontes a serem projetadas substituem antigas estruturas de madeira, mas que em alguns casos, nem a estrutura básica existe. Por isso, a passagem pelo local é sempre duvidosa, sem garantias de que será possível acessar tranquilamente de carro.

Alguns dos locais não possuem estrutura inicial, por isso, o caminho é sempre imprevisível. (Foto: Arquivo Pessoal)
Alguns dos locais não possuem estrutura inicial, por isso, o caminho é sempre imprevisível. (Foto: Arquivo Pessoal)

Enquanto Gabriel conta que nem sempre a parte do pé na lama é interessante, o pai, Elói, explica que aprendeu a sentir falta do serviço externo. Desde que José Francisco faleceu, Elói passou a ser responsável pelas partes técnicas do trabalho e conta que, por ele, iria continuar conhecendo os terrenos de Mato Grosso do Sul ao lado das cobras.

Antes de se apaixonar pelo serviço, Elói conta que o trabalho em família nem sempre foi o desejado. “A convivência, no início, era bem difícil. Na época que eu me formei, não tinha emprego na área de Engenharia, o que tinha era aqui com meu pai. Então, a gente vai aprendendo a gostar.”

Vinte e dois anos depois, Elói narra que se adequou ao convívio e que, agora, tem continuado a passar os ensinamentos aprendidos com o pai para seu filho.

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