Famoso pelo sorriso, Toninho foi eternizado na Júlio de Castilho
Um dos primeiros mecânicos da região, Antônio construiu sua auto-peças e oficina ao lado dos filhos
Mesmo quando já estava debilitado, Antônio Lopes de Souza não tirava os pés da oficina e as mãos do torno que se tornou sua marca. Já eternizado na memória da família e dos clientes, Toninho se transformou em arte e, agora, ajuda a colorir a Avenida Júlio de Castilho.
Em uma composição de elementos que fizeram parte da vida do mecânico, a parede externa da empresa foi mais uma forma encontrada pela família para homenagear o patriarca. Hoje responsáveis pela empresa, Gilberto Vicente e Josevaldo da Silva Souza explicam que o pai integra as memórias da avenida e da Vila Alba.
“Quando ele comprou o primeiro espaço aqui, o asfalto era pouco, as oficinas eram totalmente diferentes e aprender a mexer com veículo era muito mais difícil do que é agora”, comenta Gilberto. E, com muita luta, o pai conseguiu fazer o negócio dar certo.
Na arte criada em família, Josevaldo comenta que cada parte remete ao pai de uma forma diferente. No desenho, ele ficou no meio, entre o táxi que dirigia antes de abrir a oficina e os equipamentos usados no cotidiano.
De fundo, a ideia foi colocar o céu colorido de Campo Grande, um avião devido à região ser “passagem” e os prédios que, quando Antônio iniciou a oficina, ainda podiam ser todos vistos com tranquilidade da Júlio de Castilho.
Contando sobre a história do pai e os elementos da arte, Gilberto narra que Toninho veio do Ceará para tentar uma vida melhor em Mato Grosso do Sul e precisou trabalhar com muita coisa. “Ele veio e teve uma parte da vida no campo, mas anos depois decidiram vir para a Capital”.
Por aqui, sabendo mexer com algo de mecânica, a ideia e o gosto pelo serviço ficaram na mente de Antônio. Mas, no caminho, o que apareceu foi a chance de ter um táxi.
“Ele trabalhou com muitos carros, mas o último que ele teve antes de vender o ponto foi um Opala. Então, o táxi faz parte do desenho também. Do outro lado, tem as coisas da oficina e até o torno dele colocamos também”, explica Gilberto.
Quando decidiu deixar o táxi e se voltar para a mecânica, Antônio investiu no próprio conhecimento e trocou até linha telefônica por equipamentos. “Naquela época, linha telefônica valia muito e me lembro que para comprar o torno de retifica de freios ele deu a nossa e completou o pagamento. Esse torno ficou muito marcado”.
Inclusive, o torno é o que foi usado por Toninho até o final de sua vida, tendo feito questão de continuar colocando um de seus primeiros equipamentos para seguir funcionando. “Ele teve alguns problemas no coração, teve derrame, mas vinha aqui. A gente ajustava o que precisava e ele controlava o torno”.
Caracterizado pelos filhos como uma pessoa sorridente, que sempre esteve aberto para os clientes, Toninho precisou ir para a parede da mesma forma com que aparecia nas fotos. E, agora, as três gerações atendidas pelo mecânico se emocionam ao lembrar do homem que ajudou a compor o bairro, “a gente fica emocionado, ele marcou muita gente”, completa Gilberto.
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