Feira inclusiva mostra que parceria entre mãe e filha vai além de casa
1ª Feira Inclusiva uniu mães e pessoas com deficiência que tem diferentes negócios
Bolos, salgados, pães, roupas, produtos de beleza e muito artesanato marcaram a 1ª edição da Feira Inclusiva em Campo Grande. Com o lema ‘Derrubando Barreiras e Construindo Negócios’, o evento deu espaço às empreendedoras que têm filhos com deficiência.
Com o intuito de dar visibilidade ao empreendedorismo inclusivo, a feira foi idealizada por Mônica Ilis e Glaucia Lopes, que conseguiram unir no sábado (16) mais de 15 expositores de diferentes idades e com diversos produtos.
A ideia da feira, conforme Mônica, é apoiar as pessoas que precisam trabalhar, mas não tem condições ou local apropriado para expor os produtos. “As mães de algumas pessoas com deficiência muitas vezes não podem trabalhar formalmente e em algumas feiras cobram a permanência. Criamos essa feira porque muitas vezes elas não podem participar das outras, então é uma geração de renda para essas famílias de PDC (Pessoa Com Deficiência) ou mães atípicas”, explica.
O evento é planejado há quatro meses e se depender da vontade das idealizadoras será o primeiro de muitos. Na visão de Glaucia existem muitas empreendedoras com potencial para transformar os pequenos em grandes negócios.
“A nossa intenção é fazer essa formação da empreendedora desde o berço e quem sabe virar futuros negócios. Nós temos grandes chances de fazer isso acontecer e esse é o nosso sonho”, destaca.
Ela também é empreendedora e vende produtos de beleza, como batons e acessórios para o cabelo. Para Gláucia, o empreendedorismo inclusivo precisa ser difundido e ganhar espaço de destaque dentro da sociedade.
“É pouco difundido essa abordagem sobre o empreendedorismo inclusivo, tanto que é nossa primeira feira. Nós precisamos desse fomento, fazer o empreendedorismo ser enxergado pelos demais da sociedade. Precisamos desse empurrãozinho”, afirma.
Na primeira edição da feira, a parceria entre mães e filhos ficou evidente. Logo na entrada Eduarda da Silva Santos, de 54 anos, e Helen Dayse Santos Silva, de 31 anos, estavam sentadas lado a lado. Juntas, mãe e filha vendiam bolos de pote, risoles, empadas e outros salgados assados.
Em casa, Eduarda faz os salgados sob encomenda para poder completar a renda e Helen é quem a ajuda. “Como não posso trabalhar fora por causa dela e da minha mãe, eu faço em casa”, explica. A Feira Inclusiva é a primeira que participa e, apesar de ser novidade, Eduarda estava animada. “É gostoso porque ela é minha companheira, minha parceira”, diz.
Na instituição Juliano Varela, que atende pessoas com síndrome de down, Helen aprendeu a fazer diferentes receitas. Para a feira, Helen preparou bolos de pote bem recheados. Animada, ela estava gostando da experiência de vender. “É a primeira vez, mas estou gostando muito”, pontua.
Outra expositora que marcou presença no evento foi Joelma Eduarda Brandão. Dona do Brechó da Chaveirinho, ela começou o negócio por causa da filha Maria Valentina, de 8 anos, que é diagnosticada com síndrome Cornélia de Lange. A história delas, inclusive, foi contada no Lado B.
O brechó começou como bazar beneficente, pois Joelma ganhava muitas roupas por conta da filha. Hoje, ela participa de várias feiras na cidade levando as peças de tamanhos e estilos variados. Mesmo estando inserida em outras feiras, Joelma fala que a Feira Inclusiva é uma verdadeira conquista para empreendedoras e mães como ela.
“A minha luta sempre foi para que fossemos reconhecidas com essa inclusão. A gente busca que aconteça isso porque nós temos nosso empreendimento que não é reconhecido. Nós temos nosso empreendimento de maneira diferenciada e essa é uma oportunidade muito saudosa. Buscamos abraçar de todo o coração”, pontua.
Outra pessoa que transformou o hobby em trabalho foi Maria Patrícia. Há 25 anos, ela vende tapetes, sousplats, cangas e peças de roupa de crochê. “Quando tive minha filha PCD comecei a vender, porque tinha que cuidar dela. Virou um trabalho manual e eu tenho feito isso constantemente”, fala. Em casa, ela divide atenção com o trabalho e os cuidados da filha, que tem deficiência intelectual e epilepsia.
Apesar de ter mais de 20 anos de negócio, Maria diz que o desafio é diário. “É desafiador porque não temos renda fixa, então tem mês que você vende e outros que não. O desafio é ter essa constância de rendimento”, comenta.
Enquete - Na enquete de sábado, o Campo Grande News perguntou aos leitores: "Você apoia o empreendedorismo inclusivo?'. 76% responderam que sim, enquanto 24% disseram que não.
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