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Comportamento

Filho tentou, mas legado dos jacarés sobrevive mesmo é com mulher

Três anos após a “Maria do Jacaré” morrer, responsabilidade foi para a nora, Valdirene

Por Aletheya Alves e Silvia Frias | 06/02/2024 07:06
Um dos jacarés que se aproximam no "quintal" da família. (Foto: Marcos Maluf)
Um dos jacarés que se aproximam no "quintal" da família. (Foto: Marcos Maluf)

Quando Eurides de Fátima Macena de Barros, a Maria do Jacaré, morreu, quem assumiu a responsabilidade de “tratar” dos jacarés na região do Passo do Lontra, às margens da BR-262, foi seu filho, Maurinei Macena de Barros. Três anos se passaram e, nesse tempo, os filhos não conseguiram manter a tradição. No fim das contas, o legado só conseguiu ser mantido por outra mulher, a nora de Eurides, Valdirene Sobrinho de Araújo.

Com um berrante, Eurides conseguia reunir cerca de 60 jacarés no quintal de casa e dividia a rotina com a presença dos animais. A mulher ficou conhecida pelo contato com os bichos e quando faleceu após complicações por uma parada cardíaca, a fama continuou.

Na época, Maurinei contou ao Lado B que estava tentando manter os animais por perto, mas a dificuldade era notável. “Eles sentem falta dela. Eu sigo tocando aqui o espaço, mas eles eram acostumados com o chamado dela. Ela reunia dezenas, mas agora são poucos jacarés que vêm até aqui em relação a antes”.

Sem desistir da história, o rumo da narrativa mudou mais uma vez e, se vinculando com os bichos antigos e filhotes, é Valdirene quem toma conta.

Permanecendo no mesmo ponto, a nora de Eurides explicou que não chegou a conhecer a sogra. Isso porque a união com Maurinei veio dois meses após o falecimento da mulher.

Mesmo assim, o desejo da sogra continuou valendo e se tornou a nova função de Valdirene. “Era o desejo dela que continuasse o legado”, resume a nora.

Sem ter ideia de como poderia se aproximar dos animais, ela conta que a iniciativa foi sua e começou a pegar dicas com o marido. Mas, além do conhecimento familiar, a comerciante garante que precisou pesquisar vídeos para tomar coragem.

Valdirene decidiu assumir a rotina de dona Maria. (Foto: Marcos Maluf)
Valdirene decidiu assumir a rotina de dona Maria. (Foto: Marcos Maluf)
Animais costumam aparecer de manhã e no fim da tarde. (Foto: Marcos Maluf)
Animais costumam aparecer de manhã e no fim da tarde. (Foto: Marcos Maluf)
Registro de Eurides com o berrante, jacarés e seu filho. (Foto: Marcos Maluf)
Registro de Eurides com o berrante, jacarés e seu filho. (Foto: Marcos Maluf)

Como é de se esperar, o medo prevaleceu por um bom tempo e foi necessário quase um ano e meio para que ela se sentisse totalmente segura. Por outro lado, os jacarés também resistiram por longos meses antes de se acostumarem com ela.

De acordo com Valdirene, nem todos os animais seguiram por ali. Dos 60 animais, hoje cerca de 20 se reúnem no mesmo espaço.

Do total, parte integra o grupo antigo e outros formam a “nova geração” com filhotes. Outro ponto curioso é que dona Maria dava nome aos jacarés e conseguia identificar a maioria deles.

Com ajuda do esposo, Valdirene aprendeu o nome de alguns e conta que é necessário se atentar aos detalhes para identificar. Entre alguns exemplos, ela cita Taffarel, que tem uma das patas amputadas, Guerreiro, Ronaldo, Romário e Felipão, que só tem metade do rabo.

Sobre o cotidiano, a comerciante narra que alimenta os animais com cerca de 250 quilos de miúdos durante 15 dias. As refeições são fornecidas às 6h e às 18h, além de momentos em que turistas pedem.

E, para manter as atividades, ela e o marido cobram cachês dos turistas, vendem itens gerais e fazem marmitas para caminhoneiros que passam pela BR-262.

Confira a galeria de imagens:

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