Folião quer beber no Carnaval o que não bebeu o ano todo e festa é tipo open bar
Em cinco dias de Carnaval, os foliões parece que querem tirar o atraso e beber o que não beberam o ano inteiro. Na cobertura dos blocos de rua de Campo Grande, é impossível não reparar o quanto a galera tem bebido e ficado embriagada em questão de pouquíssimo tempo. A gente não sabe se emenda uma ressaca na outra ou se as misturas e bebidas é que estão mais fortes. Mas o fato é que Carnaval não é open bar, mas não tem um folião que saia sóbrio.
Tudo bem que a festa é livre, mas moderação nunca é demais. Na noite dessa segunda-feira (27), o Lado B foi ao bloco Capivara Blasé para saber que conta é essa que os foliões fazem de beber tudo o que não se bebe o ano todo em cinco dias.
Os amigos Bruno Alves, de 18 anos e Karen Soares, de 19, admitem que a festa é regada a bebida mesmo. Eles estavam começando os "trabalhos" e em uma hora, já tinham contabilizado que uma garrafa de vodka e outras de catuaba daria para o grupo de quatro pessoas entrar no clima.
"É que é mais barato e deixa mais louco. Dá para curtir mais sem gastar tanto", justifica Bruno sobre a escolha das bebidas. Questionados se a ressaca não bate, a resposta deles é de que estavam sentindo as consequências da noite anterior. "Mas só cura tomando de novo", brinca Karen.
Bruno é daqueles que curte mesmo o ano inteiro no Carnaval e para a gente, ele disse que foi de Uber. "Eu tenho essa preocupação sim e só venho com meus amigos, porque se eu ficar mal, eles me cuidam", conta.
Eles ainda estavam no primeiro copo, mas Karen sabe que dois já bastam. Isso porque ela mistura catuaba com vodka. "É o que deixa mais bêbado e a intenção é essa", completa.
Mas a dupla sabe a hora de parar. "Somos bêbados conscientes, não bebemos até cair. Quando vê que está trompando nas pessoas ou falando enrolado, tem que parar", explicam os dois.
Só no primeiro dia de Cordão Valu nas ruas, foram 10 atendimentos de pacientes que entraram em coma alcoólico. Médico socorrista do Samu, Alexandre Braga diz que é visível o quanto o número de ocorrências com pacientes etilizados aumenta no Carnaval.
"É devido ao maior consumo de bebida alcoólica mesmo. Aumentam os acidentes de trânsito, as brigas, ferimentos por arma branca, isso que o Samu enfrenta", conta.
Na opinião dele, a vontade de ingerir bebida alcoólica bem de cada um. "Mas Carnaval com certeza estimula um maior consumo".
E trabalhando como cuidador de carros que Roberto Moraes, de 37 anos, percebe o quanto os motoristas saem mal. "Eles já chegam discutindo com a família, entram em atrito com os amigos. Eu digo que saem bem mal porque beberam além do que podia", descreve.
E é assim que essa galera vai embora. "Saem pegando o carro mesmo, são irresponsáveis e colocam a vida das pessoas em risco. Você pode tirar a vida de uma pessoa que estava tranquila, porque vai pegar um veículo mesmo depois de ter bebido", afirma.
Mãe, Elize Santana de Araújo, de 53 anos, deixou e também buscaria os foliões. Tudo isso para que filha, genro e a família dele, possam aproveitar tranquilamente. "E eu também fico tranquila com isso. Sempre venho buscar", conta.
Guarda Municipal, de Abreu, explica que a vigilância em cima dos embriagados já começa no início da noite. Não tem aquilo de "fim de festa" não. É cedo que a fiscalização precisa estar atenta. "Não espera acabar não e quando a gente vê o motorista indo ao carro, faz autuação e leva para a delegacia. O pessoal não tem consciência e estamos aqui para não deixar isso acontecer", frisa.
As entrevistas que o Lado B têm feito no Carnaval são todas gravadas e ainda assim, no dia seguinte após a publicação, recebemos ligações de foliões que "não se lembram" de terem falado com a imprensa. Isso porque a gente nem chega nos mais alterados.
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