Foto dentro de Fusca revela história de tesouro de 1985 deixado pelo avô
O Fusca e o avô eram um só, mas antes de falecer Romão entregou carro nas mãos de Lucas, que cresceu dentro
O Fusca e o avô eram um só para Lucas Agra Moreira Ramos, de 25 anos. Se via o veículo andando na rua, parado no horário da saída do colégio ou onde quer que fosse, ele sabia que Romão Agra Moreira estava conduzindo o modelo 1985.
Caminhoneiro, Romão comprou o Fusca numa data que Lucas não recorda ao certo. O que ele sabe é que o avô foi o segundo dono do carro. “Quando ele comprou não sei ao certo, ele comprou zero praticamente. Ele acabou sendo o segundo dono e ficou com o Fusca desde a época de comprar até entregar pra mim”, diz.
Lucas cresceu dentro do carro e o álbum de fotografias da família é testemunha disso. Os registros mostram o garoto em diferentes épocas ao lado do Fusca. Lucas crescia, mudava, mas o carro continuava conservando o charme que cativava e ainda cativa muita gente na rua.
O apreço pelo Fusca foi a herança passada de avô para neto. Antes de falecer em 2018, Romão fez questão de deixar o carro que adorava para quem compartilhava a mesma paixão. Para a família não foi surpresa, pois ele sempre deixou avisado.
“Ele sempre comentava que depois de um tempo iria deixar o Fusca pra mim. Tinha quatro filhos, mas ele deixou bem avisado pra todos, dizia: ‘Olha o Fusca vai ficar pro Lucas, se ele vai querer não sei, mas vou deixar pra ele”, conta.
O momento em que ganhou oficialmente o veículo, Lucas não esquece. Para quem sempre teve paixão pelo Fusca, o gesto do avô só potencializou o sentimento. “Fiquei muito feliz, emocionado e daquele momento em diante minha paixão aumentou mais por ser um carro que estava na história da família desde a infância e em todos os momentos que vi. São muitos bons momentos”, afirma.
As boas recordações estão todas atreladas ao homem que era exemplo de pessoa simples. Na infância, Lucas não conseguia desvencilhar a imagem do Fusca do avô. Isso não mudou depois que cresceu. “Sempre tive a imagem do meu vô ligada com o Fusca, dele me levar, buscar na escola. Sempre com a conexão do Fusca e o vô. Já via o Fusca e sabia que era o vô”, fala.
Lucas cresceu ao lado do homem que o carregava para onde fosse com o carro. O amor pelo avô é tão grande que pra ele fica difícil traduzir através de adjetivos. “Meu avô pra mim é uma pessoa que não tem nem palavras pra descrever. Foi realmente incrível, o respeito e amor que tenho por ele não tenho como descrever. Era um grande homem querido por muitas pessoas. Um senhor do bem”, destaca.
Caminhoneiro, Romão veio de Pernambuco para Mato Grosso do Sul onde criou os filhos e ajudou a criar os netos. Seja nos momentos felizes ou tristes, Lucas relata que o avô estava por perto.
“Meu avô era um cara muito simples, ele foi nascido no Bodocó na época do lampião. Ele teve a família, criou todos os filhos, era caminhoneiro, sempre trabalhou muito e muito protetor. Praticamente toda minha infância meus avós estiveram comigo nos momentos bons e ruins”, frisa.
Após Romão falecer, Lucas continuou cuidando do carro que devido ao acidente precisou ser completamente reformado. Apesar de ter saído da mecânica, o jovem fala que ainda falta fazer alguns ajustes no modelo.
“Eu parei o carro, retirei todas as coisas dele, ficou só o chassi, fiz o carro do zero. Tudo de novo, tudo bonitinho, fiz a pintura, restaurei, fiz todas as etapas e obviamente demorou um bom tempo. Digo até hoje que não acabou 100%, tem os mínimos detalhes”, explica.
Lucas tem outro carro, então o Fusca sai de casa com menos frequência. Contudo, é só colocar o modelo para rodar no asfalto que as pessoas o abordam. “O pessoal sempre para no semáforo, comenta, conta histórias. Independente da minha história, o Fusca é um carro que participou do crescimento do Brasil, então traz boas lembranças”, declara.
Além das histórias, Lucas também ouve propostas que recebem sempre a mesma negativa. “A resposta é não, eu não vendo, não dou preço, não tenho o mínimo interesse de vender. É um carro que se Deus quiser espero passar pros meus filhos. É um carro que quero na família”, frisa.
Dentro do veículo, ele colocou uma foto com o avô, como se não fosse suficiente, Lucas também batizou o Fusca de Romão. A fotografia em especial é só uma das várias que tem com o avô. O jovem conta o motivo de a carregar sempre no carro.
“A gente tinha várias fotos, colocamos aquele gorro na brincadeira e minha mãe tirou a foto. Ficou um marco ali de nós dois no Natal e felizes. De todas as fotos que a gente tinha, aquela foi a que mais me marcou, porque foi um momento muito feliz. É uma lembrança boa e eu queria guardar aquele momento”, pontua.
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