Há 5 anos, Alejandro largou a Venezuela para viajar de bicicleta
Jovem esteve pela primeira vez em Mato Grosso do Sul, onde passou um mês e meio em Bonito
Por Idaicy Solano | 07/08/2024 06:24
Em breve passagem por Campo Grande, Alenjandro não deixou de conhecer a Lagoa Itatiaia e o Parque das Nações Indígenas (Foto: Idaicy Solano)
Há cinco anos, Alejandro Perez Torrez, de 25 anos, decidiu deixar seu país natal, Venezuela, para viajar pelo Brasil. A bordo de sua bicicleta, o viajante já conheceu cerca de 100 cidades brasileiras, além de ter passado por quatro estados argentinos, durante sua estadia de dois anos na Argentina. Pela primeira vez em Mato Grosso do Sul, Alejandro passou um mês e meio hospedado em Bonito, a 297 quilômetros de Campo Grande, além de ter passado pelos municípios de Rio Brilhante, Naviraí, Sidrolândia, Jardim e Nioaque.
Alejandro conta que tomou a decisão de deixar a Venezuela porque a situação no país estava bastante desfavorável para os jovens na época. Sem perspectiva de ingressar na faculdade e com a mão de obra precarizada, ela relata que, ao se ver sem ocupação alguma, sentiu que estava perdendo a melhor fase de sua vida, por isso decidiu viajar.
“Pela crise do país, eu não conseguia ir na faculdade, e o salário era muito baixo. E eu tinha 18 anos e eu falei, 'ah, eu não tô conseguindo ir na faculdade, não tô conseguindo fazer nada aqui no país, e não quero perder meu tempo, minha vida'. E aí eu decidi conhecer o Brasil. Eu sou uma pessoa que não consigo ficar muito tempo em uma cidade, então agora, o meu planejamento de vida é sair e conhecer", relata Alejandro.
Apaixonado pela natureza, o que atraiu o jovem para o Estado, foi o desejo de conhecer o principal destino de ecoturismo do país. Em seus dias de estadia em Bonito, ele conheceu a maioria dos pontos turísticos destacados em seu roteiro, mas confessa que um mês e meio não foi o suficiente para conhecer todas as belezas naturais da cidade.
"Só que não fiz tudo o que queria porque lá o turismo é muito caro, mas deu pra conhecer muitos lugares e foi um tempo legal", destaca.
Após deixar as águas cristalinas de Bonito, o jovem seguiu viagem para a Capital, passando por alguns municípios sul-mato-grossenses. Já em Campo Grande, aproveitou para conhecer o Parque das Nações Indígenas e a Lagoa Itatiaia, antes de embarcar para seu próximo destino, Brasília.
Alejandro visitou as águas cristalinas de Bonito (Foto: Arquivo Pessoal)
Vivendo em duas rodas
Quando deixou a Venezuela, Alejandro conta que a ideia era viajar como mochileiro, mas ao chegar em Fortaleza, Capital do Ceará, decidiu aderir a moda dos cicloviajantes. Atualmente, ele viajava tanto de bicicleta quanto de ônibus, dependendo da distância que precisa percorrer.
Nesses cinco anos rodando a estrada em bicicleta, Alejandro destaca que viveu grandes aventuras, além de aprender diversas coisas novas. Em sua bicicleta, carrega apenas o necessário para viver, como roupas, panelas, comida, barraca para campar, rede e seco de dormir.
Quando chegou ao Brasil, não sabia falar o idioma português, mas foi se virando até aprender. "Meu primeiro trabalho foi em restaurante, lavando louça, de garçom. E daí eu comecei a aprender arte e agora vivo da arte. Sou artista de rua, faço malabares, malabarismo com fogo em apresentações em festivais eletrônicos, faço pintura, estou vendendo incensos também. Faço várias outras coisas também para ir sustentando a viagem", relata o viajante.
Ele declara que prefere interior a cidades grandes, pois gosta de destinos em que possa estar em contato mais vivo e direto com a natureza. Outro fator a levar em consideração, é que, como ele viaja em sua bicicleta, esse é seu único meio de transporte, então cidades mais pacatas são mais seguras. "Eu gosto mais do interior, o pessoal é mais tranquilo, mais receptivo. Nas cidades só briga, barulho, cimento e carro", brinca.
Para dar conta de pedalar por grandes distâncias, ele ressalta que cuida bastante da saúde, principalmente da alimentação, que é a base de sementes, cerais e frutas, valorizando comidas que dão energia, e evitando frituras e comidas muito calóricas.
Em seu tempo livre, ele relata que também cuida da mente, e tenta se ocupar com atividades estimulantes, como por exemplo, a arte. "Fico fazendo treinamento de pintura, malabares, cuidando da alimentação, tratando de viver feliz, e que eu possa conseguir minhas metas, fazendo o que eu gosto".
Viagens
Quando deixou a Venezuela, sua primeira parada foi o Estado do Amazonas, no Brasil. Primeiro ele visitou a Capital, Manaus, depois pegou um barco para Belém do Pará, onde ficou por 15 dias. Saindo de lá, passou quatro meses em São Luís do Maranhão, depois viajou para conhecer o interior do Maranhão e o interior do Pará.
Alejandro também visitou os Lençóis Maranhenses, o litoral de Ceará e o litoral de Piauí, Jalapão, e passou cerca de um mês confinado em Fortaleza, quando foi decretada a pandemia da Covid-19. "Lá o pessoal ficou em casa só um mês e depois a vida começou ao normal, ai eu segui. [Depois que saiu de Fortaleza] eu fiquei mais ou menos seis meses em Tocantins, conhecendo muitos lugares".
Foto registrada na Cachoeira da Fumaça, na Chapada Diamantina, na Bahia (Foto: Arquivo Pessoal)
Registro feito em Guarda do Embau, praia localizada em Santa Catarina (Foto: Arquivo Pessoal)
Na Argentina, ele conheceu a província de Misiones e Entre Ríos, a cidade de Corrientes e Buenos Aires, onde passou cerca de um ano e meio, até retornar ao Brasil. Agora, após sua breve passagem por Mato Grosso do Sul, ele segue viagem para Brasília, para renovar sua autorização de residência no Brasil.
Seu próximo destino inclui a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, seguido de uma breve passagem pelo Estado do Tocantins, e depois Santarém, no Estado do Pará, e finalmente Amazonas, para visitar a mãe. Após seguir esse roteiro, ele pretende deixar o país, para conhecer Colômbia, Peru e Bolívia. "Depois de conhecer toda a América Latina, aí sim, quero ir a outro continente, conhecer outras coisas", finaliza.
