Há 5 dias, Mercadão Municipal acorda sem a companhia de Manoel
Um dos mais antigos no lugar, vendedor faleceu na semana passada, aos 70 anos
Antes das 7h, Manoel Bento Martins já estava no Mercadão Municipal. Um dos primeiros a chegar, ele trabalhava no local desde a década de setenta e era um dos mais antigos do comércio, que é ponto turístico em Campo Grande. No dia 22 deste mês, ele faleceu, aos 70 anos, deixando esposa, filha, netas, irmãos e diversos amigos.
Natural de Jardim (CE), ele chegou em Campo Grande trazido pelo pai e acompanhado dos irmãos. Já na Capital, a família cresceu e ele ganhou mais irmãos, sendo um deles Nelson Bento Souza Martins, de 62 anos. No O Que Ficou De Quem Partiu de hoje, é Nelson quem conta a história do ‘Manezinho’.
Manoel começou a trabalhar cedo e a carreira de vendedor vinha desde os tempos de juventude. Após ganhar um carro do pai, ele vendeu o veículo para investir no próprio serviço de entregas. O ‘braço direito’, Nelson, tinha 10 anos quando ajudava o irmão mais velho a entregar a mercadoria nos ‘bolichos’ de Campo Grande.
Depois de muito dirigir de ‘sol a sol’ nas ruas de Campo Grande, ele comprou um ponto no Mercadão Municipal. Do primeiro boxe, Manoel adquiriu outros dois e assim seguiu vendendo itens ‘secos e molhados’ nos boxes 19, 20 e 118. Arroz, feijão, farinha, refrigerante, macarrão, leite, cerveja, guaraná e produtos de limpeza estavam à disposição na ‘Banca do Manoel’
Desde a década de setenta, ele garantia os produtos para quem passasse pelo Mercadão Municipal. Segundo Nelson, o irmão nunca aderiu a cartão de crédito ou pix, sendo um dos únicos vendedores a aceitar exclusivamente dinheiro como forma de pagamento.
No Mercadão Municipal, Nelson também conquistou seu espaço próximo à banca do irmão. Ano após ano, os dois trabalharam praticamente lado a lado no lugar. “Nossa vida toda foi aqui dentro do Mercadão. Eu e Manoel fomos os que mais ficaram aqui. O ‘manezinho’ entrou e nunca quis sair, aqui ele só nunca vendeu fruta e verdura”, diz.
Ao mencionar o apelido do irmão, o vendedor logo explica o motivo.“Ele era encrenqueiro, era aquele que brincava, xingava, mas não tinha maldade no coração. Todo mundo gostava dele”, destaca.
Supervisor e vigilante no ponto comercial, Geovane Ramalho, de 47 anos, é um dos amigos que Manoel fez no no espaço. O profissional relata que o vendedor praticamente amanhecia trabalhando ali. “Antes de abrir o Mercadão, ele era o primeiro que chegava, sempre chegava 5h30 e ficava aqui arrumando as coisinhas dele tranquilo”, fala.
Sempre à disposição, Manoel até podia ter seus momentos de brabeza, mas no fim o bom coração falava mais alto. “Com a gente sempre foi legal demais, prestativo, pedia por favor. O coração dele era bom, às vezes, falava: ô desculpa meu filho se falei alguma coisa. Era o jeito dele”, resume o supervisor.
Manoel tinha passado por uma cirurgia, mas vinha se recuperando bem. O falecimento, segundo Nelson, ocorreu devido a ‘problemas’ no coração. Manoel deixa a esposa, a filha, as duas netas que adorava, irmãos e amigos. O Mercadão Municipal perdeu um dos vendedores mais antigos e que era apaixonado pelo lugar onde ‘fez’ a vida.
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