José espera que vacina traga filho da Austrália, que não vê há 11 meses
José foi um dos 13 idosos vacinados na manhã de hoje (21) em uma casa de repouso da cidade
Além dos inúmeros telefonemas na semana e mensagens de texto, pelo menos duas vezes por ano os filhos de seu José, de 80 anos, desembarcavam no Brasil para um abraço apertado e dias emocionantes ao lado do pai. Mas há 11 meses isso não acontece. A pandemia da covid-19 tirou do pai os melhores reencontros.
Na manhã desta quinta-feira (21), José recebeu uma dose de esperança. Ele foi um dos 13 idosos vacinados Pousada Avó Lóla, no bairro Chácara Cachoeira.
Frequentador assíduo do Sarau de Segunda e da Praça da Bolívia, o pai espera que a vacina chegue rápido a todos, e o filho que mora na Austrália e a filha que mora nos Estados Unidos desembarquem com segurança no Brasil para uma visita amorosa nos próximos meses.
Por enquanto, os encontros com a família são apenas virtuais. O filho e a filha fazem ligações telefônicas, chamadas de vídeo e enviam notícias ao pai diariamente através da equipe do lar de idosos, que segue um protocolo rígido de segurança para evitar o contágio. Por isso, as visitas estão suspensas há 11 meses.
Segundo a administração da casa, esse cenário só vai mudar quando maioria da população for imunizada e as flexibilizações não representarem risco aos moradores da casa, que necessitam de cuidados.
Dos 13 idosos moradores, poucos são lúcidos ou têm consciência sobre a pandemia. Muitos sabem mesmo é da saudade que sentem da família, por isso, nos últimos meses, a equipe formada por profissionais da saúde e cuidadores se desdobram para amenizar a saudade e ausência de pessoas queridas.
Muitos colaboradores viram músicos, palhaços, atores e amigos para jogatinas nas horas livres dentro da casa.
“Foram meses difíceis. Lidamos com a saudade dos nossos idosos e lidamos com a saudade imensa dos familiares, que sempre foram presentes, e hoje fazem de tudo para estarem presentes virtualmente”, explica a proprietária Dulce de Andrade Hugo.
Dulce é enfática ao dizer que “não tem lei que faça visitantes entrarem na casa”, por isso, manterá os protocolos enquanto for necessário, mas acredita que a chegada da vacina representa a esperança. “É um sentimento de alívio e de que está cada vez mais próximo o retorno da normalidade. Sei que ainda vamos precisar esperar um tempo, mas isso já acendeu uma esperança em todos nós”, diz.
Para dona Icléia Carreira Benites, de 81 anos, que há 5 meses mora na casa, a vacina merece ser recebida com felicidade. “Esperamos muito por isso, né?”, diz. E acrescenta um recado: “mesmo vacinando não podemos abusar".
Além dos 13 idosos moradores, 18 colaboradores também foram imunizados pela equipe da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau).
Em 2020, oito pessoas entre moradores e funcionários da casa foram contaminados e um faleceu.
Agora, tudo o que Dulce torce é para que os moradores voltem à rotina. “De manhã, tínhamos o costume de sentar na frente da casa, na sombra, e muitos passavam na frente para dar um bom dia. Alguns deles eram levados à Praça da Bolívia para momentos de diversão. Tudo isso foi deixado de lado nos últimos meses”, lamenta.
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