Maria acorda cedo, carpe e deixa terminal limpo para quem depende de ônibus
Aos 68 anos, ela não tem medo de pegar no batente para manter a frente da residência sem a sujeira do lixo das ruas
Aos 68 anos, o que mais incomoda dona Maria do Carmo Gonçalves é a sujeira em frente à casa onde mora, em Campo Grande. Ela fica ao lado do terminal Bandeirantes, onde tem uma entrada que foi tomada por mato que, nessa época do ano, pode facilitar a proliferação da dengue e de escorpiões. Por isso, a moradora acorda cedo com a enxada na mão para limpar o que o serviço público não faz.
“É muito perigoso escorpião entrar na casa da gente, já apareceu outras vezes lá em casa, então temos que tomar cuidado. Agora é a época da dengue e o mato mais a sujeira que os passageiros mesmo jogam aqui vai facilitar muito. Tenho minha família, netos e não quero que nada de mal aconteça”, diz Maria.
Animada e de bem com a vida, ela recebeu o Lado B no portão de casa e já com a enxada na mão foi mostrar o que mais a atrapalha na entrada do terminal. “Não é só o mato, porque isso ainda estou tirando, mas tem a questão das pedras descolando da calçada e deixando buracos. Já vi muito deficiente cair aqui”, conta.
Muitas vezes, teve que sair de casa para pode ajudar os passageiros que precisam entrar no terminal. “Sempre ajudo porque precisam, além disso, tem o ferro do bueiro onde escorre a água que também fica mal encaixado e aparece alguém e tropeça ali. Aqui é preciso tomar muito cuidado”.
Ela mora na Rua Wellington ao lado do terminal há 30 anos e relata que sempre foi assim. “Antes era até pior porque desciam pessoas de gangue e ficavam por aqui. Hoje ainda é perigoso porque sempre aparece polícia para prender alguém que se esconde nessa rua, o mato ajuda”.
Maria aprendeu a carpir na infância, quando morava na roça com os pais. “Meu pai carpia na lavoura e eu ajudava. Então sei pegar na ferramenta e carpir, e apesar da idade não sinto nada de dores. Sou saudável”.
A moradora costuma limpar em frente à casa todos os dias de manhã e final da tarde. “Faço isso duas vezes porque o pessoal joga muito lixo, tenho que sair catando, limpando tudo. Fora que tem gente que faz xixi, defeca e fica aquele mal cheiro em casa. Eu e os vizinhos estávamos discutindo a possibilidade de fazer uma vaquinha para arrumar aqui na frente”, diz.
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