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Comportamento

Maria acorda cedo, carpe e deixa terminal limpo para quem depende de ônibus

Aos 68 anos, ela não tem medo de pegar no batente para manter a frente da residência sem a sujeira do lixo das ruas

Alana Portela | 07/02/2020 09:37
Maria do Carmo Gonçalves carpindo o mato que tem em frente ao Terminal Bandeirantes (Foto: Kísie Ainoã)
Maria do Carmo Gonçalves carpindo o mato que tem em frente ao Terminal Bandeirantes (Foto: Kísie Ainoã)

Aos 68 anos, o que mais incomoda dona Maria do Carmo Gonçalves é a sujeira em frente à casa onde mora, em Campo Grande. Ela fica ao lado do terminal Bandeirantes, onde tem uma entrada que foi tomada por mato que, nessa época do ano, pode facilitar a proliferação da dengue e de escorpiões. Por isso, a moradora acorda cedo com a enxada na mão para limpar o que o serviço público não faz.

“É muito perigoso escorpião entrar na casa da gente, já apareceu outras vezes lá em casa, então temos que tomar cuidado. Agora é a época da dengue e o mato mais a sujeira que os passageiros mesmo jogam aqui vai facilitar muito. Tenho minha família, netos e não quero que nada de mal aconteça”, diz Maria.

Animada e de bem com a vida, ela recebeu o Lado B no portão de casa e já com a enxada na mão foi mostrar o que mais a atrapalha na entrada do terminal. “Não é só o mato, porque isso ainda estou tirando, mas tem a questão das pedras descolando da calçada e deixando buracos. Já vi muito deficiente cair aqui”, conta.

Dona Maria reclama do mato que pode trazer doenças para a família (Foto: Kísie Ainoã)
Dona Maria reclama do mato que pode trazer doenças para a família (Foto: Kísie Ainoã)

Muitas vezes, teve que sair de casa para pode ajudar os passageiros que precisam entrar no terminal. “Sempre ajudo porque precisam, além disso, tem o ferro do bueiro onde escorre a água que também fica mal encaixado e aparece alguém e tropeça ali. Aqui é preciso tomar muito cuidado”.

Ela mora na Rua Wellington ao lado do terminal há 30 anos e relata que sempre foi assim. “Antes era até pior porque desciam pessoas de gangue e ficavam por aqui. Hoje ainda é perigoso porque sempre aparece polícia para prender alguém que se esconde nessa rua, o mato ajuda”.

Maria aprendeu a carpir na infância, quando morava na roça com os pais. “Meu pai carpia na lavoura e eu ajudava. Então sei pegar na ferramenta e carpir, e apesar da idade não sinto nada de dores. Sou saudável”.

Sujeira acumulado no canto do terminal (Foto: Kísie Ainoã)
Sujeira acumulado no canto do terminal (Foto: Kísie Ainoã)

A moradora costuma limpar em frente à casa todos os dias de manhã e final da tarde. “Faço isso duas vezes porque o pessoal joga muito lixo, tenho que sair catando, limpando tudo. Fora que tem gente que faz xixi, defeca e fica aquele mal cheiro em casa. Eu e os vizinhos estávamos discutindo a possibilidade de fazer uma vaquinha para arrumar aqui na frente”, diz.

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Dona Maria carpindo o mato, como aprendeu na infância, quando criança. (Foto: Kísie Ainoã)
Dona Maria carpindo o mato, como aprendeu na infância, quando criança. (Foto: Kísie Ainoã)
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