Médico insiste no anonimato mesmo em homenagem de crianças com paralisia
Depois de perder o único filho, médico virou voluntário e provou o quanto o amor é capaz de mudar as coisas
Quem assistiu e se emocionou com o filme “Patch Adams - O amor é contagioso” certamente guardou como lição o quanto o amor é capaz de mudar as coisas. Em Campo Grande, o roteiro do filme parece se repetir com a trajetória de um pediatra, de 80 anos, que é voluntário anônimo no Cotolengo e há anos não se cansa de atender.
O médico não se deixa revelar, nem com fotos e nem com nome, muito menos na hora da homenagem realizada nesta quarta-feira (27), pelo Cotolengo, para celebrar o Dia do Pediatra.
Lá dentro todo mundo sabe o seu nome, mas ele não autoriza divulgá-lo publicamente, nem o seu telefone. Por isso, foi através da entidade, conhecemos um pouco da história do médico, que faz lembrar a alegria do personagem do filme famoso.
O anonimato do campo-grandense se dá porque ele encara o voluntariado como um trabalho que não precisa de nomes ou fotos, apenas dedicação.
O trabalho voluntário começou depois da morte do seu único filho, Renato, na época com 24 anos. Ele também tinha paralisia cerebral.
“Meu único filho, ele mudou totalmente a minha vida. Tudo o que sou hoje, devo à ele”, relatou o médico. Mesmo aposentado, ele atende na entidade às segundas, quartas e sextas-feiras.
“Eu trabalho hoje por amor ao Renato. Vejo um pedacinho dele em casa, história e respeito às mães das crianças com um carinho enorme, como se fossem filhas ou sobrinhas sabe, alguém bem próximo. Porque eu sei da luta delas”, afirmou.
O pediatra também o quanto o trabalho voluntário o tornou mais humano. “A alegria de ser útil é imensurável”.
Dia do Pediatra - Hoje é celebrado o Dia do Pediatra, por isso, o Cotolengo Sul-Mato-Grossense homenageou o médico anônimo e outro pediatra que fez muito pela entidade, mas teve a vida encerrada pela covid-19.
Virgílio Gonçalves Souza Júnior morreu aos 52 anos e enxergava a pediatria como um verdadeiro sacerdócio. O arquiteto Gabriel Bahia, 27 anos, filho mais velho do médico e irmão de Victor Bahia, 22 anos, deixou relato sobre Virgílio.
“Sabia de muitas coisas, era muito estudioso e acordava todos os dias, às quatro da manhã para estudar pediatria , para ser o melhor no que ele fazia. E esse compromisso que ele tinha consigo mesmo desde o início da carreira dele de se tornar um profissional melhor, uma pessoa melhor, acaba refletindo no legado que ele nos deixou. No que deixou para a sociedade e principalmente para as pessoas que o admiravam”, descreveu o filho.
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