Milagre de MS aprovado no Vaticano, Matheus hoje tem 9 anos e muita saúde
Cura por intercessão de Calor Acutis foi reconhecida por Comissão Médica do Vaticano, no último dia 14 de novembro de 2019
Quem vê Matheus cheio de saúde aos 9 anos, nem imagina que há alguns anos nenhum alimento parava em seu organismo. Diagnosticado com pâncreas anular, uma anomalia rara neonatal que só poderia ser revertida por intervenção cirúrgica, o menino, simplesmente, foi curado e para a família, um milagre intercedido pelo italiano Carlo Acutis.
Além da família campo-grandense, o fenômeno movido pela fé acaba de ser reconhecido pela comissão médica do Vaticano e o parecer positivo com relação ao milagre coloca Carlo Acutis a um passo da beatificação. Antes da decisão, o adolescente já havia sido considerado venerável pelo Papa Francisco.
O Lado B visitou Matheus e, no primeiro contato, precisou conquistar sua simpatia. Na casa, na Vila Margarida, o garoto mora com os avós, Solange Lins Vianna, de 62 anos e Elias Verão Viana, de 75 anos, a mãe Luciana Viana, de 37, e um irmão Ângelo, de 13 anos. A família é bem reservada e se surpreendeu com a visita da reportagem.
Tímido, Matheus resistiu ao primeiro “oi”, mas bastaram poucos minutos para se soltar e buscar um retrato do venerável adolescente italiano. “Prefiro fazer uma foto aqui”, apontou Matheus para o altar de Nossa Senhora Aparecida que ele mesmo montou na sala de casa.
A técnica de enfermagem Solange conta que o neto nasceu com a anomalia no pâncreas, mas que o diagnóstico não foi imediato.
“Ele vomitava, mas como era um bebê fomos achando que era normal e relevando. Mas ele continuou vomitando e demorou muito para sabermos que era. A princípio tratamos refluxo, depois na possibilidade de ser alergia ao leite. Ele mamava de manhã e, às 17h, ele vomitava tudo e não queria mais. Os médicos pediram mais exames porque também não enxergavam uma saída, e pediram um ultrassom, que até então não havia sido feito. Foi neste momento que descobrimos a anomalia no pâncreas”, explica.
Solange explica que o pâncreas anular dá uma volta no estômago causando, em alguns casos, o fechamento completo da entrada de alimento. “No caso de Matheus, o fechamento estava próximo e nós achamos que ia perde-lo”, conta.
Tratamento – Aos 2 anos, Matheus pesava apenas nove quilos e, apesar de a única solução ser a cirurgia, uma mudança na alimentação foi iniciada para que o garoto se fortalecesse, já que ele não resistiria a uma operação no estado em que se encontrava.
Católica fiel, a família conheceu a história de Carlo Acutis, por meio do Padre Marcelo Tenório, e cada membro iniciou uma novena, individual. “Ninguém sabia que o outro tinha iniciado uma novena. Fomos rezando, confiando, pedindo e percebemos que ele foi parando de vomitar. Decidimos fazer mais exames, para saber o que tinha acontecido naquele intervalo. Voltamos ao mesmo laboratório para realizar o ultrassom e o médico nem lembrava de nós. Assim que saiu o resultado perguntei: e aí, doutor, e o pâncreas como está? Ele respondeu: como assim? Normal. Eu expliquei que ele tinha sido diagnosticado com o pâncreas anular e o médico disse que não tinha nada de anular”, disse.
Na mesma hora, Solange mandou mensagem para o padre e disse que havia acontecido um milagre. “Novos exames foram feitos para comprovar e uma das médicas que o acompanhou desde o nascimento chegou a se emocionar concordando que um milagre havia acontecido. Então, foram duas alegrias até agora, uma quando comparamos os exames e outra com a notícia do Vaticano”, frisa a técnica de enfermagem.
Matheus pediu para ser curado – Aos 4 anos, apesar da fraqueza, Matheus já era um garoto bem esperto e falante. Foi durante uma celebração a Nossa Senhora da Aparecida, em 2010, que o pequeno teve contato com a relíquia de Carlo Acutis e por conta própria pediu para “parar de vomitar”, lembra a mãe Luciana.
“Até os 4 anos eu o carregava como um bebê no carrinho, então o Matheus é a prova viva da cura, não precisa falar mais nada. Eu lembro que no dia da cura, estávamos eu, Matheus e meu pai na fila. Meu pai pediu para pegá-lo no colo e eu expliquei o que era uma relíquia e que as pessoas beijavam e faziam um pedido. Eu expliquei que a relíquia era um pedacinho de Carlo Acutis e que ele poderia pedir o que quisesse. Lembro que ele perguntou: ‘É sélio, mãe?’ Eu e meu pai já tínhamos combinado de pedir pela cura do Matheus, mas como ele estava no colo chegou na frente e soltou um: palar de vomitar”, lembra Luciana.
Todos se surpreenderam e, na mesma hora, Matheus pediu para descer do colo, pois se dizia curado.
Assim que a família saiu da igreja, Matheus quis voltar para casa andando, mas como ainda não tinha se alimentado, se sentiu cansado e foi carregado pelo avô até a casa, que fica na mesma rua da comunidade católica. Luciana lembra que assim que chegaram em casa, o menino pediu para se alimentar.
“Eu perguntei o que ele gostaria de comer e torci para não ser algo muito difícil de fazer naquele momento e ele perguntou para o irmão a sua comida preferida e o Ângelo disse que era arroz, feijão, bife e batata frita. Eu fiz e ele comeu rápido, três vezes e eu não tinha percebido o que porquê, na euforia de vê-lo comer pela primeira vez, até que reparei que ele ainda não sabia mastigar e estava engolindo tudo. Tivemos que ensiná-lo a mastigar e o Ângelo o ajudou, foi bem difícil, porque teve de mostrar como se mastigava e o Ângelo é autista e não come de boa aberta, mas no fim deu tudo certo”, conta Luciana.
Ângelo que é autista também sofria muito em ver Matheus sofrendo. Depois da cura, se tornou o protetor do irmão caçula. “Eles sempre foram muito grudados, é claro, que tem o atrito de irmãos, afinal, são quatro anos de diferença, mas tudo é o Matheus para o Ângelo”, conta Luciana.
Luciana foi diagnosticada com medula aplásica e desde então faz o tratamento contra a condição considerada rara. No caso da doença, o organismo deixa de produzir uma quantidade suficiente de células sanguíneas novas.
“Tive algumas consequências durante o tratamento, entre elas, a dor neuropática no corpo todo e, por isso, uso a cadeira de rodas. O medicamento estabilizou agora, mas ainda estou a baixo do peso. Me sinto ótima”, explica.
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