Morador de rua é esperança para 2 famílias a procura de usuário de drogas
Um família de Campo Grande e outra de São Paulo acreditam que o morador de rua que vive na lixeira é um parente desaparecido
Em Campo Grande, Márcia procura o irmão desaparecido há 15 dias. De São Paulo, Rafael está angustiado a espera de notícias do melhor amigo que sumiu há 1 ano. O que as histórias tem comum? Duas pessoas com familiar no mundo das drogas, ambas suspeitam que o homem encontrado vivendo em uma lixeira, no Centro de Campo Grande, seja um deles.
Dos dois lados, quem procura acredita que a busca acabou. Mas até agora ninguém conseguiu chegar perto do homem que já tem o semblante escondido pela sujeira, dormindo nas ruas e pedindo dinheiro para o sustento da dependência.
A fotografia publicada pelo Lado B na última segunda-feira transformou a rotina da diarista Márcia Hahn, de 36 anos, que agora sai todas as noites a procura do irmão Edinilson, que desapareceu há 15 dias. Ele é dependente químico e tudo o que sabe é que o irmão vagava pelas ruas, mas nunca deixou de voltar para a casa.
"Essa foto mexeu muito comigo, porque a gente é pobre, mas sempre teve o nosso cantinho e sei o quanto já lutamos para acabar com esse vício. Mas meu coração não aguentou vendo ele dormir em uma lixeira. É desumano", desabafa.
Agora ela não sai de casa sem um par de chinelos, uma camiseta e uma bermuda limpa na esperança de encontrá-lo pelas ruas. "No início a gente ficava atrás dele, mas com o tempo nos acostumamos com ele fora de casa durante uns 5 dias. Mas agora faz muito tempo e a gente está preparado para receber notícias dele e resgatá-lo".
De Pereira Barreto, no interior de São Paulo, Rafael Albert Garcia, de 33 anos, acredita que o homem é na verdade Luiz André Pereira, conhecido como Gago Violeiro e nascido no dia 6 de junho de 1983. "Tenho certeza que é ele. Saiu daqui de São Paulo com um pastor para fazer tratamento em Campo Grande e despareceu há mais de um ano", conta Rafael.
Segundo ele, Luiz era um homem talentoso, atuava também na construção civil e levava um vida tranquila no interior até viajar para Portugal. Retornou após um desentendimento amoroso, que o levou para uma vida desumana. "Depois a vida dele desandou", resume o amigo.
A família de Luiz ainda não tem conhecimento sobre o caso da lixeira. "Ele tem uma mãe aqui que é idosa, por isso ainda não contamos sobre a história da lixeira pra ela. Queremos ter certeza que é o Luiz e vamos trazê-lo de volta", afirma.
Em ambos os casos, quem procura compartilha do mesmo sofrimento. "É uma luta diária e dolorosa. Já tentamos absolutamente de tudo para vê-lo longe das drogas, mas não é fácil. Ele chegou a ficar 1 ano em um espaço para reabilitação, onde pagamos um salário mínimo por mês, mas quando saiu, voltou às ruas", conta Márcia.
Ela diz que o irmão chegou ao fundo do poço há 7 sete quando revelou sobre as drogas com um pedido de ajuda. Porém, até agora as tentativas foram um caminho sem volta. "Olha, é difícil, só quem vive com um familiar nessa condição sabe das dificuldades e principalmente da resistência da sociedade em tratar alguém que é visto como vagabundo nas ruas. Mas a gente vai continuar lutando, porque ele é um homem bom e honesto. Nunca foi violento e sempre defendeu a nossa família".
Em Rafael, ansioso por notícias do amigo, o coração aperta toda vez que que se depara com um morador de rua. "A gente fica olhando na esperança de encontrá-lo em algum canto, porque ele é um homem muito bom, merece se recuperar. E tenho certeza que a vida está preparando um caminho melhor para ele".
Para ajudar - As famílias clamam por notícias. Então quem souber o paradeiro do homem que dorme na lixeira do Banco do Brasil na Rua 13 de Maio, em frente a Praça Ary Coelho, entre em contato com o Campo Grande News pelos telefones (67) 3316-7200 ou 3316-7208, também pelo Facebook ou Instagram do Lado B.