MS já teve ‘prefeito’ que praticava Medicina sem ter diploma
João Pedro Fernandes era vendedor ambulante, comprou livros da área e começou a ‘testar’ conhecimento
Integrando as histórias de Mato Grosso do Sul, Maracaju já teve prefeito que foi investigado por praticar Medicina sem ter diploma na área. De acordo com os registros do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), João Pedro Fernandes era um vendedor ambulante que comprou alguns livros sobre o assunto e decidiu ‘testar’ as práticas na região entre Sidrolândia e Maracaju.
Em 1945, João, que foi o primeiro prefeito de Maracaju (cargo que, na época, se chamava intendente) chegou a ser investigado pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) pela prática, mas acabou inocentado porque no entendimento do Ministério Público, “não havia dolo na conduta”.
Conta a história que o homem deixou Uberaba, em Minas Gerais, no início do século passado. Na época, ele tinha uma loja de ferragens e se tornou um vendedor de objetos domésticos, roupas e também de remédios.
Na época, ele se interessava por Medicina e por isso comprou alguns livros da área, mas nunca se matriculou em algum curso formal.
Enquanto seguia em comitiva pela região que se tornaria Mato Grosso do Sul, o grupo que ele fazia parte encontrou um fazendeiro doente e, vendo a situação, João decidiu realizar um tratamento e aproveitar “para colocar em prática os novos conhecimentos”, sem ir mais embora, como relata o TJMS.
Inicialmente, João estava morando na então São Bento, que hoje é Sidrolândia, mas transferiu sua farmácia para Santa Rosa (Nioaque) e um ano depois, com o surto de malária, é que foi para a região de Maracaju.
Detalhando essas mudanças, a história conta que o surto aconteceu em 1922 e o próprio Fernandes sofreu com a doença. Assim, decidiu transferir o estabelecimento que havia criado para um local mais salubre.
“A população, entretanto, não queria que o farmacêutico fosse para longe. Uma reunião com os moradores dos arredores foi organizada e João Pedro expôs a completa ausência de estrutura da região”, descreve o TJMS.
A sugestão do homem, que foi seguida pelos moradores, era de que seria necessário fundar um povoado e construir uma escola para desenvolver o território. O grupo se reuniu na casa de Nestor Perez Barbosa e, apoiado, João organizou a Sociedade Incentivadora da Instrução de Maracaju.
Fernandes continuou exercendo a Medicina, mas a investigação sobre a prática chegou a ir para a Justiça. Inocentado, ele seguiu vivendo na região e faleceu aos 74 anos de idade, no dia 15 de julho de 1956.
Sobre a história da cidade, a região de Maracaju já havia sido ocupada antes por jesuítas espanhóis que foram impedidos de seguir por ali devido aos bandeirantes. “No século XVII, a região voltou a ser ocupada por Gabriel Francisco Lopes e seus irmãos Joaquim e José, este último conhecido como Guia Lopes, vindos da província de Minas Gerais”.
Já em 1847, Gabriel trouxe seu sogro, Antônio Gonçalves Barbosa, e outras famílias como os Sousas. Conforme o tempo passou, os núcleos de Água Fria e Santa Gertrudes foram fundados, mas com a invasão paraguaia, a maioria dos moradores voltou para Minas Gerais.
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