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Comportamento

Na 'Noite do Pinguim', cafonice divertia e unia jornalistas da cidade

No ambiente onde decoração, roupas e música era cafona, profissionais recebiam homenagem do Clube da Imprensa

Por Jéssica Fernandes | 22/02/2024 06:25
De chapéu e luvas (à direita) Waléria Leite com turma de amigos na Noite do Pinguim. (Foto: Arquivo pessoal)
De chapéu e luvas (à direita) Waléria Leite com turma de amigos na Noite do Pinguim. (Foto: Arquivo pessoal)

Sensação na década de 1990, a ‘Noite do Pinguim’ deixou saudade em muitos jornalistas de Campo Grande. Organizado pelo Clube da Imprensa, o evento unia o sério e o engraçado no mesmo lugar. Criada para homenagear profissionais da categoria, a festa também era a única do ano onde ser cafona estava liberado.

Presidente do Clube da Imprensa na época, Ciça Ribeiro idealizou a ‘Noite do Pinguim’ junto com amigos e colegas. Dos ‘chefões’ do jornalismo, colunistas a estagiários, todos compareciam na festa que agitava clubes da Capital, como Estoril e Libanês.

Por trás da cafonice das roupas e decoração, a jornalista faz questão de dizer que a premiação era levada a sério. “A gente premiava os melhores jornalistas de todas as áreas, agentes de publicidade, colunistas, pessoal da televisão. Teve uma época que premiamos Fábio Zahran”, recorda.

Com tema cafona, evento premiava jornalistas de Campo Grande. (Foto: Arquivo pessoal)
Com tema cafona, evento premiava jornalistas de Campo Grande. (Foto: Arquivo pessoal)

Eleitos pelos colegas de profissão, os premiados recebiam homenagem no palco e ganhavam o prêmio nada convencional: um pinguim de geladeira. O prêmio era só a ‘cereja do bolo’, pois o evento inteiro fugia do comum.

“Para entregar o prêmio faziam uma festa bem cafona. A decoração era muito cafona. Tinha toalha de plástico, mas mesas tinham cidra, fanta uva, copos de plástico e aqueles ovos coloridos. No palco montávamos um arco de flores e a banda  só tocava música cafona”, explica Ciça.

Além da decoração, o tema se estendia aos convidados que faziam sua parte escolhendo roupas bem cafonas. Em uma das edições, a jornalista escolheu um vestido cheio de brilho, porque há 20 anos atrás o traje brilhoso não fazia sucesso. Ela conta que em uma das premiações dois colegas também capricharam no look exagerado e fora de moda.

Na festa, jornalistas não economizavam no look cafona. (Foto: Arquivo pessoal)
Na festa, jornalistas não economizavam no look cafona. (Foto: Arquivo pessoal)

“Lembro que o Guilherme Filho estava de camiseta regata bem cavada, um lenço e calça jeans. Ele foi meio caminhoneiro. O salvador estava todo de branco, camisa vermelha, cheio de colares, ele foi de bicheiro”, ri.

Ao falar da Noite do Pinguim, Ciça não deixa de dar risada com as histórias e as lembranças dos colegas. O riso, inclusive, fazia parte do encontro que arrecadava doações para instituições sociais. “Era muito bom, a imprensa ia e a gente se divertia muito. Pensa em um dia você estar liberado para ser cafona?! Então a gente dava gargalhada, riamos mais que tudo”, destaca.

Assessora do Ministério Público, Waleria Leite, também marcava presença na Noite do Pinguim. Ao falar dos bons e velhos tempos, a primeira memória dela envolve a decoração de gesso feita numa das edições.

Com a ideia de criar arranjos de mesa no formato de cacho de uvas e flores, ela pediu para que a mãe fizesse alguns modelos. “Eram muitos enfeites e como minha mãe estava aprendendo a mexer com gesso, coitada, ela se enrolou toda. No dia da festa o gesso estava mole, não endureceu, algumas mesas tinham e outras não. Foi a cara da festa, uma coisa cafona”, comenta.

Uma das idealizadoras da festa, ela afirma que a ‘Noite do Pinguim’ representava muito bem a categoria, “Sempre achamos que o jornalista precisa ser lembrado e tivemos a ideia de homenagear nossos colegas. Começamos a premiação que era um trabalho sério em cima de muita alegria e humor. É a cara da nossa classe”, pontua.

'O melhor da festa é esperar por ela' - Organizador de eventos, Djalma Loubet carrega lembranças boas que antecedem a Noite do Pinguim. As reuniões para definir detalhes da festa, segundo ele, eram a melhor parte do negócio. No tempo que não existia WhatsApp e a internet ainda era novidade, os encontros da turma aconteciam com frequência.

“Poucas vezes se aplica bem aquela frase de ‘o melhor da festa é esperar por ela’. Lembro muito bem das das reuniões que nós fazíamos para organizar a festa, eram tão divertidas, todo mundo dando ideia ao mesmo tempo. No fim, as reuniões terminavam num enorme festival de risadas”, recorda.

A ‘organização desorganizada’ marcada pelo espírito de coletividade dos profissionais da imprensa resultou no evento ‘impecável’. Como organizador de eventos, Djalma não pensa duas vezes em dizer que essa foi a melhor festa que ajudou a organizar.

“Nos 35 anos de vida em que  trabalho com organização de eventos eu não fiz uma festa tão divertida, tão engraçada, tão saudável como foi a Noite do Pinguim”, frisa.

No fim, o animal que inspirou a noite da cafonice virou um símbolo de carinho para Djalma e outros  profissionais que não esquecem o encontro. “O pinguim de geladeira, que foi eleito como símbolo da cafonice e que era o tema da festa, passou pra mim a ser uma coisa tão carinhosa que não acho cafona coisa nenhuma. Olho um pinguim e imediatamente vem àquela festa memorável”, conclui.

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