Nem covid e câncer fizeram Almir desistir de biblioteca ambulante
Desde 2020 com a biblioteca, ele conseguiu evoluir tanto com os livros quanto com a bicicleta
Em 2020, Almir Farias da Cunha adaptou uma bicicleta para conseguir realizar o sonho de ter uma biblioteca ambulante e, desde lá, as dificuldades envolveram o contágio pela covid-19 e até a luta contra um câncer. Sem desistir da ideia, o servidor público de Amambai conseguiu superar tanto as doenças quanto evoluir no transporte dos títulos.
“Acho que eu nunca pensei em parar definitivamente porque é um sonho”, resume Almir ao comemorar o estágio atual do projeto. Há três anos, depois de ver uma reportagem sobre uma menina que montou sua biblioteca pública no Morro do Alemão, Rio de Janeiro, ele decidiu que iria começar e insistir no plano.
Desde então, ele transporta livros pela cidade com doações e empréstimos. Mas, desde que a pandemia chegou ao Estado, uma série de acontecimentos poderiam ter feito com que a biblioteca voltasse a ser só mais um sonho.
Começando pelo isolamento, Almir explica que suspendeu os atendimentos e, imaginando que só aguardaria tudo passar, ele integrou o grupo de pacientes infectados com uma certa preocupação. “Fiquei em um estado difícil. Eu fui atendido e comecei a ficar muito mal mesmo, foi antes da vacina chegar”.
Na época, enquanto permanecia isolado, a vontade de um dia retornar às ruas com a bicicleta só ficou guardado. E, assim que o cenário começou a melhorar, o servidor público decidiu que os títulos iriam continuar rodando a cidade.
Passando por 2021, o ano seguinte chegou com uma luta particular ainda maior durante fevereiro. “Tive câncer ano passado, em fevereiro. Comecei a ir ao banheiro e ver muito sangue, todo dia tinha sangue. Fiquei apavorado, procurei um médico e fui encaminhado para Dourados”.
Sem ter ideia do que poderia estar acontecendo, Almir recebeu a notícia de que seu rim havia sido afetado por um tumor. “Ele estava quase do tamanho de uma batata e precisava extirpar o mais rápido possível antes que passasse para a fase de metástase”, diz.
Ao confirmar que a situação era preocupante, o servidor foi encaminhado para o Paraná e, lá, recebeu o tratamento. “No fim, precisei ser operado e retirar totalmente o rim que havia sido afetado. Consegui me livrar do câncer, mas o tratamento continua por um bom tempo, já que ele pode retornar”.
Além das doenças, o morador de Amambai ainda precisou lidar com várias mudanças de casa, já que mora de aluguel. E, com ele, continuou carregando os livros que recebe para a doação.
“Eu morava em uma casa, um kitnet super pequeno e precisei até parar de receber doações por isso. Esse processo de mudanças foi complicado porque da última vez eu tinha acabado de passar pela cirurgia e precisei ir atrás de casa, mas vendo hoje, acredito que tudo deu certo”, explica Almir.
Fazendo a ligação entre o que motivou a criação e as influências para continuar com o trabalho voluntário, Almir explica que a vontade de levar a leitura para quem não espera pelos livros segue formando sua base.
E, além disso, ele reforça a importância que as palavras podem fazer na vida tanto de quem ele conhece quanto daquela pessoa que só passou pela bicicleta uma vez.
Hoje, seguindo com o projeto em Amambai, Almir recebe doações para a biblioteca itinerante. Quem se interessar por ajudar pode entrar em contato pelo número (67) 98453-9265.
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