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Comportamento

No maternar em que nos doamos aos filhos, precisamos viver além deles

A maternidade chegou e o cenário mudou completamente, mas esse fundo ansioso segue aqui

Jéssica Benitez | 31/03/2022 06:55
Dia desses arrisquei sair com os dois bebês... (Foto: Cleber Gellio)
Dia desses arrisquei sair com os dois bebês... (Foto: Cleber Gellio)
Antes de ter filhos eu vivia ansiosa pela próxima viagem, próximo fim de semana de churrasco com os amigos, próxima festa de casamento, formatura ou alguma ocasião agitada. Via a vida passar diante dos meus olhos à espera de datas que chegavam e acabavam num segundo. Os dias de cotidiano que ligavam uma diversão a outra passavam quase nulos, todos vividos no piloto automático.

A maternidade chegou e o cenário mudou completamente, mas esse fundo ansioso segue aqui. Vivemos esperando por dias em que iremos dormir a noite toda - e não sou hipócrita de dizer que não sonho com essa fase - em que não precisaremos mais ninar, trocar fraldas, dar banho. Queremos que os filhos cresçam rápido até terem o mínimo de independência para saborearmos um fiozinho da vida de antigamente. Mas e o período que liga uma fase a outra?

Muitas vezes passam batido em meio ao nosso cansaço. Estamos sempre saturados, sobrecarregados, ocupados e as lacunas vão ficando para trás, todas vazias para, lá na frente, percebermos que são desses pequenos pedaços de memória que conseguimos tecer a manta de lembranças dos nossos filhos pequenos. Se não houver retalho corre-se o risco de ficarmos descobertos e sem chance de voltamos atrás.

Dia desses, arrisquei sair com os dois bebês. Foram duas horas de arrumação das coisas deles e mais um zilhão de tralhas para levar (carrinho, tapete de atividades, brinquedo, fruta, mochila), deu trabalho, mas passamos um dia delicioso com nossa prole e nossos amigos.

As crianças brincaram, os adultos conversaram, beberam, comeram, tudo sincronizado com as demandas dos bebês. Voltamos para casa já estava escuro, a rotina saiu total dos eixos, a noite foi conturbada pelo excesso de estímulo, mas valeu cada segundo de cansaço.

Óbvio que não dá para manter o ritmo da Era Pré-filhos, porém, aos poucos, é possível retornar ao convívio e se permitir ir para além do mundo das fraldas. O cansaço será físico, mas a saúde mental, minhas caras, estará renovada.

Então, se estiver cansada, vai cansada mesmo, por você, pelos seus filhos e pelas lembranças que são o que nos restam quando o tempo escapulir entre os dedos e não voltar mais.

Jéssica Benitez, jornalista, mãe do Caetano e da Maria Cecília e aspirante a escritora no @eeunemqueriasermae.
Ilustração da Camile Pasquarelli (@inspireoutras).
Ilustração da Camile Pasquarelli (@inspireoutras).

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