Nos últimos 10 anos, você leu de aborto a homem que gosta de homem e não é gay
No ranking das mais lidas do Campo Grande News teve de tudo: mortes, casa em container pronta em 45 dias e festa polêmica
Uma das tretas mais recentes das redes sociais é se 2019 é o fim de uma década ou se o título fica para o ano seguinte. Sem entrar no mérito de onde termina ou começa a década, o Lado B levantou quais foram as notícias mais lidas do jornal desde 2010.
No ranking, mais do que repercussão e número de leituras, dá para ver o quanto o leitor se interessa por temas que vão além dos crimes. Arquitetura e histórias de pessoas mostram que na década de 2010, de mortes a fechamento de mercado, o que aconteceu na cidade você leu no Campo Grande News.
Em 2010, um dos casos que mais repercutiu foi o da arquiteta Eliane Aparecida Nogueira, de 39 anos, que foi morta pelo então marido, o empresário Luiz Afonso Andrade dos Santos. Ela morreu queimada, dentro do próprio carro, depois que Luiz Afonso ateou fogo e abandonou o veículo no bairro Vilas Boas, na madrugada do dia 2 de julho, na Capital.
O caso teve desdobramentos e uma das matérias mais lidas foi de quando Luiz confessou o assassinato.
"Empresário confessa que agrediu e queimou arquiteta"
No ano de 2011, outra notícia da editoria de Polícia se arrastou por semanas e comoveu toda Campo Grande. Conhecido como "Caso Marielly", o rosto da jovem de 19 anos estampou cartazes e pedidos de informações por parte da família depois que ela saiu de casa, no dia 21 de maio, dizendo que "iria resolver um problema" e nunca mais foi vista. Vinte dias depois, o corpo de Marielly Barbosa Rodrigues foi encontrado queimado em um canavial em Sidrolândia. A morte foi resultado de um aborto malsucedido. Marielly engravidou do cunhado, Hugleice da Silva, e foi levada por ele até o interior do Estado, onde foi submetida a um aborto realizado pelo enfermeiro Jodimar Ximenes Gomes.
"Polícia encerra caso Marielly e indicia cunhado e enfermeiro por aborto e ocultação de cadáver"
Na lista das mais lidas dos últimos anos, aparece a morte do estudante universitário Lawrence Corrêa Biancão, de 20 anos, em 2012. Lawrence foi encontrado morto no dia 9 de dezembro, dentro do carro dele, com o cinto de segurança no pescoço. A reportagem "Veio me beijar e eu quis matar", diz garoto que matou estudante" alcançou mais de 450 mil leituras naquele ano. Os responsáveis pela morte do jovem foram dois adolescentes que marcaram um encontro com Lawrence na Orla Morena já com a ideia de matá-lo e levar o veículo que ele dirigia para Minas Gerais.
Em setembro de 2013 foi publicada a reportagem que seria uma das mais lidas durante anos no Campo Grande News. Só de setembro, mês em que foi publicada, a dezembro, foram 650 mil pessoas que se interessaram pela matéria "Casa por R$ 80 mil, entregue em 45 dias, usa estrutura de container". O texto apresentava um modelo de moradia que exigia coragem, mas o que despertou mesmo foi curiosidade do campo-grandense.
No ano seguinte, 2014, foi a vez da polêmica reportagem "Grupo cria festa para "homens que curtem homens", mas que garantem ser héteros" que mostrava os bastidores de uma festa privê que não abre espaço para gays, muito menos afeminados, por ser exclusiva aos "héteros".
Segundo o organizador afirmou à época "É uma festa gay, de gay que não curte gay. Tem que ser gay hétero", resume, em uma explicação meio confusa. Só em 2014, foram mais de 140 mil leituras.
Pelo recorde de leituras, dá para dizer que 2015 trouxe a indignação do campo-grandense diante do caso da queda do avião de Luciano Huck e Angélica. A notícia "Herói ao salvar família de Angélica, piloto é afastado e fica desempregado" teve mais de 443 mil acessos. A reportagem de maio trazia o desemprego do piloto Osmar Frattini, de 52 anos, que após salvar os apresentadores globais Luciano Huck e Angélica, os três filhos do casal e duas babás, foi afastado do cargo pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e teve o documento suspenso depois do pouso forçado na Fazenda Palmeira, na rodovia MS-080. A família vinha de Miranda para Campo Grande.
Em 2016, a morte de uma mulher por possível relação com o uso da Noz da Índia como emagrecedor movimentou toda a cidade. A reportagem "Após morte, órgão de saúde emitirá alerta contra uso de noz da Índia" foi lida por quase 660 mil leitores e narrava o caso de Ana Cláudia Alves da Silva, de 38 anos, que morreu por uma parada cardiorrespiratória em fevereiro daquele ano. A suspeita da família em cima da Noz da Índia se deu pelo fato dela ter tomado um chá feito a partir da noz por 30 dias.
Já mais recentemente, em 2017, a matéria mais lida foi também a que garantiu mais risadas aos campo-grandenses. "Depois de bebedeira, Lucas pegou táxi e foi parar em Londrina pagando 1,5 mil" fez pelo menos 540 mil pessoas não acreditarem na maluquice da história. Protagonizado pelo estudante Lucas Alexandre Corrêa Cruz, de 21 anos, o episódio aconteceu em abril daquele ano, depois que ele bebeu todas e acabou indo parar em Londrina (PR), de táxi.
"Eu fui no show e bebi muito. Devo ter bebido sozinho meia garrafa de vodka e umas cervejas. Acabei discutindo com a minha namorada e fui embora". Depois de entrar em um táxi em frente ao Parque de Exposições Laucídio Coelho, foi até a Rodoviária na tentativa que outro taxista o levasse até Londrina, que fica a 650km de Campo Grande, cidade onde mora a avó. Lucas dormiu por 8h e só se deu conta da viagem quando foi acordado pelo taxista.
Ano passado, uma reportagem triste, mas com final feliz fez brotar lágrima nos olhos dos leitores mais sensíveis. Adoção sempre foi tema de entrevistas no Campo Grande News e, em 2018, a história do "Pai assumiu guarda, depois de saber por telefone que ex devolveu filho adotivo" nos fez ter fé na humanidade. Depois que o vidraceiro de 35 anos se separou da esposa e soube que o filho havia sido devolvido à Justiça, foram 400 mil pessoas que torceram pela felicidade da família. O pai não só lutou pela guarda do garoto, como foi além e adotou também a irmã do menino.
O ano de 2019 ainda nos reserva algumas horas, mas será difícil alguma notícia superar as quase 300 mil leituras de quando o Wal Mart fechou as portas na Capital. "Às vésperas do fechamento, clientes lotam Walmart e limpam prateleiras" mostrou que o campo-grandense não se importa com fila nem confusão quando o assunto é liquidação. Bastou a notícia, divulgada pelo Campo Grande News, em novembro, de que o Walmart fecharia as portas dali três dias que muita gente foi ao mercado para conferir se havia produtos em promoção. E quem decidiu enfrentar estacionamento caótico e filas, se deu bem.