Novas habilidades manuais ganham espaço durante o isolamento social
Diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19), as formas de se cuidar ganharam outras maneiras e contornos. Fazer “do limão uma limonada” foi uma receita adotada por muitas pessoas neste período de isolamento social. Por mais que, a princípio, pudesse parecer entediante, tem sido também um momento de descobertas de novas habilidades.
Nos primeiros dois meses do isolamento por causa do Covid-19, o designer Ivan Jerônimo acumulou mais de 40 desenhos que mostram objetos e ambientes de seu apartamento. São cenas comuns, mas que se transformaram em um livro ilustrado chamado “"60 dias dentro de casa".
Frequentador dos encontros do Urban Sketchers Florianópolis, movimento mundial que organiza saídas de desenho de rua, o designer preencheu várias páginas de seus cadernos de esboço usando materiais como aquarela, caneta tinteiro e até o tablet. Para cada publicação em rede social, escrevia um texto. “É curioso como, nessa atividade simples de desenhar objetos, passe tanta coisa pela cabeça. A casa não é só um depósito de coisas, mas também de memórias”, reflete.
Sem poder sair, ele continuou a praticar o desenho de observação. Mas, no lugar da arquitetura urbana e das figuras humanas de antes, se voltou ao interior da casa e aos cenários que conseguia enxergar pela janela. “Resolvi continuar com uma atividade da qual sempre gostei e que me absorve, até para não ficar muito ansioso com a situação”, relata Jerônimo, que é UX designer na área de desenvolvimento de software.
Para especialistas, se dedicar à arte é uma alternativa de aliviar estresse do período, e até mesmo uma forma de autoconhecimento. “Temos inúmeras oportunidades quando nos dedicamos a pintar, desenhar ou outras formas de arte. Para alguns, será um tempo de estar consigo mesmo, como em um processo meditativo e relaxado, ausentando-se dos problemas cotidianos por alguns minutos. Para outros, pode ser uma enorme fonte de prazer, colocando um pouco mais de cor à vida ao estar em contato não só com tintas, mas também de pessoas deste mesmo interesse”, destaca a psicóloga Vivianne Russo, que também é pintora de aquarela.
Começar a pintar ou desenhar
De acordo com Thiago Cintra, sócio-fundador da Taccbook, empresa especializada em papéis de alta qualidade para desenhos, as habilidades manuais costumam ser um respiro no meio da turbulência, e uma forma de aliviar o estresse. Por isso, alguns materiais se tornaram centro de buscas para quem pretende começar a pintar ou desenhar.
Para ter ideia, a busca por ‘caderno SketchBook’, por exemplo, aumentou 170% nos últimos 90 dias, enquanto as buscas por ‘desenho abstrato’ cresceram 180% no período, de acordo com registros do Google Brasil.
Então, para quem busca o desenho ou a pintura como um hobby, Thiago Cintra tem algumas dicas: “Pense no seu caderno de desenho como seu segundo cérebro. É um lugar seguro onde você trabalha com ideias, brinca com novas técnicas, experimenta novos materiais de arte e pensa em novos assuntos. Isso porque, trabalhar regularmente em um caderno de desenho é parte integrante do processo criativo e uma das melhores maneiras de encontrar sua própria voz criativa autêntica”, diz.