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Comportamento

O celular não sai da mão, mas paciência para atender ligação já se esgotou

Maioria das pessoas prefere resolver assuntos pelo Whats mesmo

Danielle Valentim | 23/11/2019 07:56
Quem nunca esperou o celular parar de tocar para enviar uma mensagem? (Foto: Marcos Maluf)
Quem nunca esperou o celular parar de tocar para enviar uma mensagem? (Foto: Marcos Maluf)

Quem ainda liga para as pessoas? Se tem uma coisa difícil de achar, é quem tenha paciência para atender telefonema. Quem nunca esperou o celular parar de tocar para enviar uma mensagem? Em uma volta rápida pelo Centro de Campo Grande, o Lado B tirou a prova de que uma mensagem vale mais que mil palavras. Em meio a correria do dia a dia, a galera fez questão de frisar que a ligação interrompe o trabalho, a refeição, o banho e dezenas de outras atividades.

Junto ao smartphone uma tropa de aplicativos de mensagens invadiu a vida das pessoas, entre eles os mais famosos como o WhatsApp, Telegram, Hangouts, Messenger do Facebook e até o Instagram. O fato é que ao receber uma mensagem, o receptor escolhe o tempo de resposta, diferente da ligação, que exige uma atenção imediata. E não estamos falando somente das chamadas de empresas de cobrança.

Carlos atende ligação por obrigação. (Foto: Marcos Maluf)
Carlos atende ligação por obrigação. (Foto: Marcos Maluf)

O adolescente Carlos Miguel Veríssimo, de 17 anos, trabalha como mirim na Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) e é praticamente obrigado a atender telefone, afinal, faz parte de sua função.

Porém, se dependesse dele, tudo seria revolvido por mensagem. “No trabalho a gente tem que atender, minha mãe também me liga, mas por mim prefiro resolver as coisas por mensagem”, garante o jovem.

A estudante Maria Luiza Kettenhuber, de 18 anos, prefere a ligação. Para ela, o telefone garante que você ouça a voz da outra pessoa. “Prefiro a ligação do que a troca de mensagens. Na ligação você sente como a outra pessoa está, escuta o tom da voz e entende melhor a conversa”, garante.

Estudante Maria Luiza Kettenhuber, de 18 anos, prefere a ligação. (Foto: Marcos Maluf)
Estudante Maria Luiza Kettenhuber, de 18 anos, prefere a ligação. (Foto: Marcos Maluf)
Jonas Max detesta ver o celular tocar e ele ter de atender. (Foto: Marcos Maluf)
Jonas Max detesta ver o celular tocar e ele ter de atender. (Foto: Marcos Maluf)

Já o namorado Jonas Max, de 23 anos, que é funcionário de um hospital, detesta ligação. Para ele, tudo seria resolvido por mensagem, porque o telefone interrompe a rotina. “É mais rápido, por mensagem você já vai direto ao ponto”, garante.

Assim que questionada sobre a preferência por ligação, a dona de casa Ana Clécia Nascimento Gomes, de 28 anos, soltou logo um “com certeza, não”. A mãe de duas meninas, explica que não tem tempo para ficar atendendo a chamadas. “Prefiro a mensagem. Você já responde um ‘ok’, ‘sim’ ou ‘não’ e já está tudo certo”, garante.

O barbeiro Alexandre Duarte, de 30 anos, é do time que prefere a ligação, tanto para assuntos pessoais quanto para agendamentos de clientes. Para ele dar uma pausa para atender o telefone não atrapalha em nada e garante uma boa interpretação do que a outra pessoa quer dizer. “Quando você recebe a ligação, você já percebe o que está se passando do outro lado da linha”, pontua.

Barbeiro Alexandre Duarte, de 30 anos, é do time que prefere a ligação. (Foto: Marcos Maluf)
Barbeiro Alexandre Duarte, de 30 anos, é do time que prefere a ligação. (Foto: Marcos Maluf)
Ana Clécia, mãe de duas meninas, explica que não tem tempo para atender chamadas. (Foto: Marcos Maluf)
Ana Clécia, mãe de duas meninas, explica que não tem tempo para atender chamadas. (Foto: Marcos Maluf)

Enquanto o barbeiro prefere telefonemas, o maquiador Wallacy Oliveira, de 26 anos, diz que até para lidar com cliente, o uso de mensagens é meio caminho andado.

“Nesse calor de Campo Grande colocar celular no ouvido já sua, cola no rosto. Sem paciência para atender telefone. E outra, para atender as clientes, as mensagens já revolvem tudo por si. Até no feedback do serviço prestado. Agiliza tudo”, explica o jovem.

Falta de tempo ou nova geração? Artigo publicado na revista norte-americana The Atlantic garante que a aversão à telefonia é, especialmente, acentuada entre os millenials - a nova geração - que atingiram a maioridade em um mundo de mensagens de texto.

Mas, independentemente, da preferência por mensagens, a queda nas ligações é comprovada em números. O uso do telefone fixo também caiu. O serviço de telefonia deixou de ser prestado em 33.390 domicílios de Mato Grosso do Sul no período de 12 meses, segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

Até o meio do ano, Mato Grosso do Sul tinha 433.936 contratos ativos, queda de 7,14% em um ano. Na comparação mensal, o serviço perdeu 3.224 contratos no Estado, que representam 0,73% do total.

A queda no Estado acompanha a tendência nacional. Conforme a Anatel, o serviço deixou de ser prestado em 2,69 milhões de domicílios nos últimos 12 meses, redução de 6,88%.

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