O Festival chega ao fim, mas a dança e a música continuam banhando Bonito
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O pulsar da água, o som da correnteza o cheiro do verde molhado. A formosura de um rio. Que todo mundo tenha o direito e o dever de pelo menos uma vez na vida se sentar diante do Rio Formoso. É um presente que a natureza brinda aos olhos. É a tranquilidade que a gente precisa e merece.
A arte, dança e música de Bonito não está só nos palcos e na grande tenda do Festival de Inverno. Está em 120 quilômetros de extensão. Está no dançar da água que nasce na Serra da Bodoquena e embalada pela canção que ela mesma produz, deságua toda sua arte no Rio Miranda. Está no brilho de uma água cristalina.
Convido a você leitor sentar-se num banco, no barranco, por os pés e banhar-se dessas águas que carregam o melhor de Bonito. Sentir a força dela enquanto se anda numa plataforma de madeira, enquanto se sente o respingar provocado pela força da correnteza. É simplesmente indescritível. O pulsar da água, o cheiro do verde, o som do rio, a luminosidade do sol quando eles se encontram.
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Particularmente já estive em pontos turísticos, cidades históricas, mas diante de um rio me calo. O que a natureza pode proporcionar é, de longe, uma das coisas mais formosas. Este texto mesmo, um misto de desabafo do cansaço de escrever e lidar com a monotonia e a contemplação de sentir as ideias batendo à cabeça, foi escrito ali, diante dele. É onde a palavra e o texto fluem seguindo o ritmo das águas.
Não que a gente se canse da rotina, mas é que ela, por vezes, sufoca pelo comum e é preciso fixar os olhos no limpo, no puro para lavar a alma. O mesmo rio onde passam botes, onde se mergulha, onde se sente as corredeiras é o encontro dos olhos com a natureza, com o que a terra tem de melhor.
A curiosidade de jornalista me permite perguntar a ele quantas fotografias teve ele como pano de fundo, quantas risadas, cumplicidade e até confissões já não ouviu ou presenciou... Quantas almas já não lavou.
A gente que vive uma rotina de noticiar o factual, de bombardear o leitor com o matou, morreu, também sente que tem hora que é preciso amenizar a vida dentro e fora de um jornal. Entre quem escreve e principalmente para quem lê.
“Uma calma, o som da água é um espécie de sono, de tranquilidade, de frescor”, define Marcos Ermínio, que no jornal vive atrás das lentes. “Você esquece qualquer dano que já aconteceu só ouvindo o barulho da água”, descreve o motorista Simão Nogueira.
É isso, o Festival chega ao fim hoje. Mas o Rio continua lá, com convites ilimitados e com banho aberto ao público.