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Comportamento

Padaria nas Moreninhas é vitória de quem começou como carroceiro

Aos 10 anos, Kleberson sabia o básico de panificação e trabalhava no bairro como auxiliar em carroça

Aletheya Alves | 04/04/2022 06:53
Kleberson Klutchek da Silva em uma de suas padarias. (Foto: Aletheya Alves)
Kleberson Klutchek da Silva em uma de suas padarias. (Foto: Aletheya Alves)

Morador das Moreninhas desde criança, Kleberson Klutchek da Silva começou a trabalhar na região como carroceiro e, mesmo mudando até de estado, resolveu voltar para o bairro e reconstruir sua vida ali mesmo. Depois de adaptar a varanda de casa para fazer pães, o autônomo conseguiu aumentar o negócio e hoje, tem duas padarias no bairro.

Com as lembranças na memória, Klebinho, como é conhecido no bairro, conta que por não ter boas condições financeiras quando era criança, fotos da época não existem. Recordando sobre a infância, o autônomo explica que começou a trabalhar com menos de dez anos nas Moreninhas.

Por precisar ajudar em casa, ele narra que ajudava um carroceiro do bairro e os momentos de criança ficaram para trás. “A gente não teve tempo para isso, acho que fomos ficando até traumatizados com as coisas que passamos. Não tinha muita escolha.”

Conforme as memórias do morador, na época, seu pai havia abandonado a família e, sem saber o que fazer, a mãe decidiu deixar Kleber e sua irmã com conhecidos. “Acho que ela não conseguiu lidar com a pressão, então a gente ficou com uma família que trabalhava com panificação. O homem me levava para a padaria e aí, fui aprendendo”, diz.

Técnicas de panificação foram sendo aprendidas antes de seus 10 anos. (Foto: Aletheya Alves)
Técnicas de panificação foram sendo aprendidas antes de seus 10 anos. (Foto: Aletheya Alves)

Longe de ter uma rotina tranquila, Klebinho detalha que estudava durante a tarde e, por volta das 00h, ia para a padaria. Depois de passar toda a madrugada auxiliando na produção de pães, ele retornava para casa apenas quando o dia já amanhecia.

Precisava mesmo trabalhar, então eu ia todo dia. Depois, eu deixei a padaria e fui fazer outras coisas, mas tinha gostado. Voltei a me aprofundar, aprendi novas técnicas e voltei para a área", explica.

Inicialmente, o então padeiro trabalhou em comércios de Campo Grande, mas com o tempo, começou a receber ofertas para prestar serviço em outras empresas. Já conhecido na área, Kleber ofereceu cursos técnicos e chegou a morar em Florianópolis.

Mesmo acreditando que iria permanecer em Santa Catarina, ele diz que sentia falta das Moreninhas e decidiu retornar para o bairro em que cresceu. Kleber trabalhou por cerca de um ano em uma padaria da cidade, até que começou a pensar em finalmente abrir seu próprio negócio.

Primeiro espaço foi criado na varanda de casa. (Foto: Arquivo Pessoal)
Primeiro espaço foi criado na varanda de casa. (Foto: Arquivo Pessoal)

De acordo com o empresário, por não ter renda suficiente, ele se uniu com a esposa e transformou a varanda de casa em um espaço para começar a fazer pães, salgados e bolos. “A gente fazia entrega, batalhando muito. Um tempo depois, a gente descobriu que um dos pontos em que a gente entregava estava para vender. Esperamos e mais para frente, conseguimos comprar”.

Hoje, Kleber conseguiu abrir duas unidades no bairro e, orgulhoso de sua trajetória, diz que em nenhum momento foi tranquilo, mas que ao observar tudo pelo o que passou, fica feliz. “E tudo de importante aconteceu aqui, nas Moreninhas. Nasci, cresci, batalhei e quero ser enterrado ali, no cemitério do bairro”, brinca.

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