Pai se foi e Yasmin tranformou luto em força bruta no fisiculturismo
Depois de encarar perda do pai, Yasmin resolveu transformar dor em energia para se preparar para competição
Yasmin Oliveira Gonsales, de 26 anos, encontrou seu lugar no mundo nos palcos do fisiculturismo. A paixão pelo esporte lhe trouxe não apenas realização, como também a “salvou” em um dos momentos mais difíceis da vida, quando ela perdeu o pai há três meses por causa da covid-19.
“Foi no fisiculturismo que encontrei uma maneira de transformar essa energia em algo diferente, direcionando para uma coisa boa”, explica.
Fisiculturismo é um esporte que tem como objetivo mostrar a desenvoltura estética dos músculos do corpo. Yasmin descreve a prática como um estilo de vida, que exige dedicação e comprometimento, e pelo qual se apaixonou desde muito jovem. Hoje, equilibra a vida de atleta com a profissão de personal trainer e os cuidados pela filha.
“Eu sempre fui fascinada por tudo relacionado ao corpo humano. Desde adolescente eu era fascinada por corpos mais musculosos e fazia exercícios, queria ser forte assim. Foi em 2014 que vi o primeiro campeonato e achei incrível. Foi então quando eu mesma comecei a treinar para competir”, relembra.
Com a ajuda de uma consultoria especializada, Yasmin competiu pela primeira vez em um campeonato regional. Levou o segundo lugar logo de cara. “Foi quando eu estava ali no palco, que ouvi meu nome, ouvi as pessoas torcendo por mim, que eu sabia que era aquilo que eu queria”, reforça.
Mas o esporte trouxe também para Yasmin várias reflexões e aprendizados, que vão além do atletismo, começando pelo próprio padrão de beleza imposto às mulheres. Corpos femininos musculosos, como um de uma fisiculturista, não se enquadram no que muitas vezes é considerado bonito pelas pessoas.
“Muita gente não acha mulher musculosa bonita. Ouço muito isso. No caso, mulheres ouvem muito mais, eu acredito que seja mais difícil do que para fisiculturistas homens. Mas o fisiculturismo não é um padrão de beleza mesmo, até porque não foi feito pra isso. É um estilo de vida. Os padrões que a gente segue são os impostos pelo esporte. Mas eu particularmente acho bonito. Não tem como querer agradar todo mundo, é impossível. Tem que mesmo fazer o que você gosta”, reflete.
Yasmin também tira do fisiculturismo a lição de correr atrás dos próprios sonhos. “Não é fácil, porque é um compromisso. A gente se compromete a malhar sempre, todos os dias, independente do dia, e seguir uma dieta rigorosa", detalha.
E ainda comenta sobre as particularidades do universo feminino. "Mulher também ainda lida com a menstruação, coisa que homem não passa. No meu caso também, eu ainda sou mãe, então eu tenho minha filha como prioridade. É tudo uma questão de equilíbrio. É importante a gente lutar pelos nossos sonhos, porque a gente tem a tendência de viver muito somente pelos outros e deixar o que a gente gosta de lado”, explica.
Agora, Yasmin se prepara para uma competição nacional que acontece em dezembro em Santos, São Paulo na categoria Biquini Fitness. A força principal para conseguir se preparar e competir é o amor que ficou pelo pai.
“Foi um período difícil. Na verdade, eu já estava sem competir desde 2018. Aí veio a pandemia e os campeonatos foram suspensos. Com a morte do meu pai, eu dei uma desacelerada. Mas não desisti, até porque era o que ele ia querer também. Então quero competir nesse evento por ele, vou lá e vou dar o meu melhor por ele”, comenta.
O apoio da família inclusive foi uma surpresa agradável para Yasmin. E também leva em consideração o exemplo que quer deixar para a filha. “Eu quero que minha filha cresça e veja que eu fui atrás do que eu gosto de fazer, pra que ela também tenha essa determinação. Quero mostra pra ela isso, que ela pode fazer o que ela gostar, quero que ela saiba que eu corri atrás do que eu queria e que nada me impede”, expressa.
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