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Comportamento

Para conseguir conversar, João brinca até que vai cancelar corrida

Ele garante que as experiências, até agora, têm sido positivas e que nunca recebeu comentários ruins

Aletheya Alves e Suzana Serviam | 25/04/2022 07:15
João Lopes da Silva trabalha como motorista de aplicativo para conseguir renda extra. (Foto: Suzana Serviam)
João Lopes da Silva trabalha como motorista de aplicativo para conseguir renda extra. (Foto: Suzana Serviam)

Enquanto os campo-grandenses têm a fama de não gostar de conversar, o motorista de aplicativo João Lopes da Silva é o completo oposto. Com assunto para toda hora, ele conta que precisou desenvolver até uma tática para fazer com que os passageiros entrem na vibe do bom humor.

Que conseguir uma corrida de aplicativo tem ficado cada vez mais difícil, todo mundo sabe. Pensando nisso, João conta que a estratégia para quebrar o gelo com os passageiros e conseguir conversar segue esse pensamento.

“Eu via a pessoa quieta e perguntava se ela gostava de conversar. Quando ela falava que não, eu dizia ‘vou cancelar a viagem, então’. Aí a pessoa já pedia pelo amor de Deus para não cancelar”, brinca.

Servidor público, o motorista detalha que trabalha com as corridas por aplicativo como uma forma de ganhar renda extra. Por isso, leva o serviço do jeito mais tranquilo e divertido possível.

Foi por isso que desenvolveu a “tática” para conseguir conversar e, de acordo com ele, em dias mais difíceis, chegou até a ir mais longe. “Fiz isso no máximo duas vezes, mas já cancelei a corrida antes do passageiro entrar”, diz.

João explica que nos dois casos, havia tido uma semana difícil e unindo com o fato da viagem ser longa, optou por confirmar sobre o gosto pela conversa no chat do aplicativo. “A pessoa disse que não gostava, então pedi desculpa e cancelei, porque eu gosto mesmo de conversar.”

Sobre a avaliação dos passageiros, ele explica que nunca foi chamado de inconveniente e diz que tem esperança de que, no fim, as pessoas acabem gostando da experiência. “Espero também que ninguém fale que sou inconveniente. Até agora, acho que as pessoas gostam mesmo de conversar.”

Nascido na Bahia, João mora em Campo Grande há 22 anos e garante que não conseguiu deixar os costumes mais próximos de lado. Ele narra que além de se divertir com os papos, entende que conversar traz conhecimento e novas experiências.

Você faz amizades, ganha conhecimento. Eu mesmo já conheci muita gente assim e tenho muita história para contar", pontua.

Entre as histórias narradas, ele diz que sua favorita foi uma situação engraçada. “Eu fui chamado de noite dentro de um cemitério particular. Chegando lá, tinha um rapaz já fechando o portão. Eu encostei e disse que tinha sido chamado lá dentro, nisso, ele disse que só tinha ele ali.”

João conta que já sem entender bem e morrendo de medo, decidiu se afastar do lugar. Mas, quando foi questionado pelo porteiro sobre o nome da pessoa que havia chamado, descobriu que a mulher de fato estava dentro do local e havia sido esquecida pelo responsável por fechar o lugar.

“Meu braço já tinha arrepiado, eu gelado, mas a mulher do cerimonial estava mesmo lá dentro. Fui com medo, nem olhava no retrovisor. porque imagina eu ver o fantasma sentado aqui atrás”, ri.

E depois de ter passado até medo no cemitério, diz que como já conseguiu fazer até o povo conversar, só falta arrumar uma companheira. Por isso, finalizou a conversa que se transformou em entrevista destacando: “Avisa que tô solteiro!”.

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