Para mulheres presentes em ato pelo dia 8 de março, existência é resistência
Ato “Ser Mulher é Resistir” foi realizado neste dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher
“Ser Mulher é Resistir”, a frase imperativa demonstra que a condição feminina é inerente a prática da resistência. Esse também foi o nome dado ao ato de várias mulheres organizado neste domingo (8), Dia Internacional da Mulher, no espaço Laricas Cultural, em Campo Grande.
O evento reuniu várias mulheres com iniciativas empreendedoras e também serviu para comemorar um ano de Coletivo Amoressência, criado em 2019, com o objetivo de acolher e assistir psicológica e juridicamente à comunidade LGBTQI+, mulheres vítimas de violência, pessoas negras e indígenas.
Talvez um dos melhores exemplos empreendedorismo presentes no Ato, e também exemplo de resistência e persistência, é o da própria Luanna Peralta, a “Lu”, dona do repaginado Laricas Cultural e que começou seu negócio bem pequeninho, em um trailer na Orla Ferroviária.
“Eu acho que a mulher se tornou empreendedora também por uma necessidade, não é um hobby, é pela necessidade de ter uma renda e ao mesmo tempo buscar o filho na escola e fazer várias outras tarefas de mãe, é quase um pedido de socorro”, opina Lu, que pediu exoneração de seu cargo público para poder tocar o Laricas Cultural.
Lu já virou, na visão dela de outras mulheres também, um exemplo a ser seguido quando o assunto é empreender e ajudar a próxima. Paras e ter uma ideia, ela conta com dois espaços colaborativos no Laricas Cultural que servem mulheres empreendedoras venderem seus produtos.
“Muitas manas me procuram para pedir dicas e eu já me vejo sim nesse lugar, de aconselhar tal. A mulher tem sim muita vontade de empreender, aqui, por exemplo, se tivéssemos quatro salas colaborativas, encheríamos as quatro”.
Uma das empreendedoras presentes no Ato, e que ocupa uma das lojas colaborativas no Laricas, é a artesã Marilia Colombelli, criadora da marca Subversivas, que produz acessórios, broches e roupas com estampas e estilo africanas. Pra ela, ser mulher é realmente resistir, e empreender é um ato de resistência.
“É tudo muito difícil, no meu caso eu não vendo só um produto, eu vendo uma ideia junto, a da que a mulher tem que se libertar”.
Sentadinha em um canto, parecendo mais observar do que participar, está a cabelereira Luciana da Silva. Dona de salão de beleza há mais de 30 anos, e acompanhando uma colega, Luciana se vê nas jovens mulheres que estão ali colocando iniciativas em prática e colaborando uma com as outras.
“Eu fazia o que elas estão fazendo há 30 anos e encontrar aqui, essas jovens se ajudando, trazendo coisas diferentes, é muito tocante”.
A experiente cabelereira compara a liberdade das mulheres hoje com as da época em que ela começou. Há muito que lutar, mas Luciana é a prova de viva de alguns avanços. “Hoje em dia as mulheres têm muito mais liberdade para se posicionarem, têm acesso mais fácil a exemplos. Olha quantos exemplos aqui. Eu estou muito feliz”.
Celebrando um ano de existência, e por que não, resistência, o Coletivo Amoressência esteve representado por muitas mulheres e também pela criadora, a psicóloga Adriane Lobo. Pra ela, a data de 8 de março serve para ajudar ecoar ainda mais a voz da mulher, historicamente silenciada.
“Eu acho muito importante esse ato e tudo que está acontecendo. Esse evento tem a força da nossa voz, porque muitas vezes nós falamos, mas nós não somos ouvidas, e com movimentos como esse nós somos e muita coisa pode ser modificada a partir disso”.
Adriane também destaca avanços da atuação do Coletivo Amoressência nesse um ano. “Nós continuamos trabalhando muito e gostaria de destacar nosso trabalho no setor de empregabilidade para esse público que ajudamos, com grupo no whatsapp e facebook, divulgando vagas e intermediando os interesses das empresas e interessados nas vagas”.
Só curtindo o evento, a psicóloga Vânia de Moraes, mulher, negra, traz mais essa nuance quando sentamos para conversar com ela. E uma luta endurecida pela questão racial presente em seu caso, pelo menos. “Lidamos com o machismo e com o preconceito racial, então é uma luta diária realmente”.
Junto na mesa está o designer Pedro Dias Garcia. Pergunto a ele então, como vê, enquanto homem, tanto o Ato, quanto a data e a luta das mulheres em geral. Sua resposta foi com outra pergunta.
“Fico até me perguntando a razão de o Lado B não colocar uma repórter mulher para fazer a matéria?”.
Digo que o nome disso não é machismo e sim “escala”. Sou o único homem do Lado B.
O Ato “Ser Mulher é Resistir” ainda contou com a apresentação de artistas e rodas de dança.
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