Portão virou vitrine de "relíquias" que Clarindo acumulou na vida
Fachada da casa foi decorada com itens que vão desde bicicleta criada com canos até peças de fogão
No Bairro Flamboyant, a fachada da casa de Clarindo Gonçalves da Silva, de 77 anos, se tornou uma vitrine com amostras de “relíquias” e itens recicláveis que o aposentado guardou durante a vida. Se do lado de fora o espaço já chama atenção com itens que vão desde bicicleta de cano até peças de fogão, a área interna parece até mentira.
De profissão, Clarindo se intitulou o “Rei dos fogões usados” há mais de 20 anos e até hoje segue no ramo. Por isso, uma placa tradicional e outra em LED informando sobre o serviço foram colocadas na fachada de casa ao lado de um fogão antigo, que parece flutuar ao lado do anúncio.
Além de consertar os eletrodomésticos, o morador também se especializou em manter um acervo de itens antigos que são difíceis de encontrar. "Eu vou guardando aqui também, além das coisas que gosto de ter, porque sempre vendo. As pessoas já sabem que podem vir até aqui e que provavelmente vão encontrar o que precisam."
Já nas horas vagas, quando não está entre os fogões, é que ele se dedica a fazer a manutenção de sua coleção e decidir o que vai vender ou não. E para garantir que nada pudesse sumir, até câmeras foram instaladas entre os objetos do portão.
Contando sobre a ideia de transformar a proteção da casa em uma grande estante, o autônomo detalha que desde quando trabalhava no Exército, em meados de 1990, começou a guardar alguns objetos.
“Eu tinha algumas ferramentas que eram minhas, outras coisas da infância e fui guardando. Depois, comecei a comprar outras coisas na reciclagem, reuni com objetos meus antigos e, quando fui ver, já tinha muita coisa dentro de casa”, diz.
Sem achar graça no portão vazio, ele conta que teve a ideia de inserir os itens antigos na fachada de casa e, de pouco em pouco, encheu o espaço. Hoje, do chão até o teto, tudo ganhou algum elemento anexado.
Facas, maquinários, caixas dos Correios, objetos de decoração, brinquedos de crianças e até pedaços de um carro antigo compõem a decoração. Além disso, itens perdidos acabam parando por ali também, como uma chave deixada na calçada da rua.
Olhando rapidamente, a impressão pode até ser de que não há muita coisa anexada ao portão, mas é só se atentar à cena para perceber que muitos objetos acabam se escondendo ao lado de outros. Se você já viu jogos em que precisa procurar por itens escondidos no cenário, algo semelhante a Onde Está Wally, vai entender bem do que falo.
Por exemplo, depois que tirei as fotos da casa, precisei me concentrar para encontrar a bicicleta feita de canos antigos pelo próprio Clarindo, já que ela acabou se camuflando entre aros e rodas. Com objetos tão variados e alocados ao lado de seus semelhantes, identificar cada peça acaba ficando um tanto quanto complicado.
Garagem das relíquias
Tendo passado alguns minutos me contando sobre a parte externa, o dono da casa disse que se eu havia achado o portão interessante, precisava ver a área interna. E, de fato, nem daria para imaginar sobre a variedade de coisas guardadas na garagem feita para o carro, mas que também ganhou novas funções e virou uma garagem das relíquias.
Com todos os itens em mente, Clarindo foi apontando para cada objeto e contando sobre como cada coisa chegou até sua vida. De penico até serrote, tudo passa por um revezamento de classes: as que ele quer vender e outras que só estão para exposição.
Não há um sistema delimitado que garanta a venda, por isso, o jeito é perguntar mesmo e ter sorte.
“Eu estou reorganizando tudo em categorias. Em uma das paredes, coloquei os relógios e do lado, alguns artesanatos. Tenho peças para fogões, coisas de decoração e quadros que eu vou reformando. Muita coisa só eu tenho e, quando as pessoas precisam de peças específicas, vêm até aqui me perguntar”, diz.
Clarindo explica que todos os itens têm origens variadas. Muita coisa foi utilizada durante seu cotidiano, acabou perdendo a função e foi parar no portão e na garagem, enquanto isso, outros objetos foram presenteados, comprados ou encontrados na rua.
De uma forma ou de outra, o autônomo argumenta que tudo tem seu valor e é por isso que apenas parte do acervo está disponível para venda. Dizendo não ter ideia de quando vai parar de inserir mais objetos na casa, Clarindo aproveitou para subir no portão e mexer um pouco mais na decoração.
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