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Comportamento

Quem pariu mantém e o embale! Mas da mãe recém-nascida, quem cuida?

Muitas vezes, a mãe vai dizer que não precisa de ajuda, mas, com toda certeza, ela precisa

Jéssica Benitez | 24/03/2022 06:35
Pode parecer pouco, mas toda e qualquer ajuda faz diferença para uma mãe que acabou de nascer. (Foto: Cléber Gellio)
Pode parecer pouco, mas toda e qualquer ajuda faz diferença para uma mãe que acabou de nascer. (Foto: Cléber Gellio)

Esta semana começou com uma daquelas notícias que dilaceram o coração: um bebê de 29 dias morreu ao ficar imerso na água da banheira, após a mãe diabética passar mal e desmaiar enquanto o banhava. Sozinha em casa, ela só recobrou a consciência quando o recém-nascido já estava inconsciente. Acionados, os socorristas tentaram reanimá-lo por 40 minutos, porém sem sucesso. A mãe obviamente também precisou ser atendida, pois estava em estado de choque e, como bem sabemos, é provável que jamais se recupere.

Aos 42 anos ela havia batizado o menino Fernando no dia anterior ao da tragédia, ele era seu primogênito, fruto de uma grande espera, conforme contaram alguns parentes. Assim como ela, muitas de nós nos preparamos por meses para a maternidade.

Nos munimos de informação, fazemos o pré-natal, preparamos o enxoval, porém nada do que já passamos na vida chega perto do cansaço que viveremos nas primeiras semanas como mãe. E na esmagadora maioria dos casos, após auxílio dos dias iniciais, a mulher fica sozinha com sua cria. Cabe a ela cuidar, amamentar, trocar, dar banho, ninar, muitas vezes concomitantemente com os afazeres da casa, além da adaptação às mudanças físicas, psíquicas e hormonais trazidas pelo pós-parto. Organizar a nova rotina dentro de um cronômetro no qual sequer há tempo de escovar os dentes, quem dirá preparar uma refeição que a nutra de verdade, é quase missão impossível. E a gente sabe muito bem que a conversa do 'é só dormir quando o bebê dormir' ou 'deixa a casa para depois' não cola.

Quando a criança dorme temos zilhões de outras demandas, quando a casa está desorganizada e ninguém se propõe a ajudar, fica impossível jogar tudo para debaixo do tapete, pois se não haverá auxílio, então tudo ficará acumulado para que a puérpera arrume posteriormente. Então, afinal de contas, quem é que cuida dessa mãe?

É urgente que haja não só discussão sobre assunto, como políticas públicas para que a carga materna não resulte em tragédias como a citada acima. A licença-paternidade, hoje de cinco dias, precisa ser estendida (se é que podemos dizer que ela existe) e o preparo mental da mulher durante o pré-natal é mais que necessário. A chegada de um bebê mexe para sempre na estrutura da família e nem todas têm ajuda das avós, tias, amigas ou babás para encararem o puerpério minimamente bem. As noites de sono são perdidas, o tempo é escasso e não são raras as vezes em que a mãe mal consegue se alimentar tamanha é a atenção que um recém-nascido exige. Para quem nunca vivenciou essa situação, seja como mãe ou como rede de apoio, pode parecer exagero, mas a exaustão materna pode fazer com que falte saúde.

Portanto, enquanto questões maiores não são resolvidas, se você conhece alguma mulher que está para dar a luz ou enfrenta neste momento o temeroso puerpério, ofereça ajuda. Pode ser uma comida quentinha, uma limpeza na casa, um tempinho com o bebê para que ela dê um cochilo ou até mesmo uma boa conversa para espantar a solidão que ronda a rotina de uma puérpera. Pode parecer pouco, mas toda e qualquer ajuda faz diferença para uma mãe que acabou de nascer.

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Vale ressaltar que muitas vezes a puérpera vai dizer que não precisa de ajuda, mas, como mãe de dois bebês posso afirmar com toda certeza, ela precisa! Só não quer 'dar trabalho'."

E para a mãe do - agora anjinho - Fernando, queria dizer que meu desejo do fundo do coração é que o tempo te traga um pouco de paz e conforto na medida do possível. Se pudesse fazer algo para amenizar sua dor o faria sem titubear. Sinto muito a sua perda. Quando uma mãe perde um filho, todas as mães perdem um pouco também. Estamos com você, minha querida.

Jéssica Benitez é jornalista, mãe do Caetano e da Maria Cecília e aspirante a escritora no @eeunemqueriasermae

Se você conhece alguma mulher que está para dar a luz ou enfrenta neste momento o temeroso puerpério, ofereça ajuda. (Foto: Cléber Gellio)
Se você conhece alguma mulher que está para dar a luz ou enfrenta neste momento o temeroso puerpério, ofereça ajuda. (Foto: Cléber Gellio)


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