Quintal é alegria de Delia que cuida de árvore para criançada ter fruta
No Bairro Santa Carmélia, moradora zela pelo quintal que tem até planta que faz verruga 'cair'
Na Rua Serapião Ferreira Maurício a casa de madeira é só mais uma no Bairro Santa Carmélia. O imóvel antigo passaria batido se não fosse o quintal que há 19 anos recebe atenção especial de Delia Teixeira de Souza, de 60 anos.
Às 14h10, Delia atravessa a porta, passa pela varanda e abre o portão. A mulher é humilde como a casa onde vive e não demora pra abrir um sorriso quando descobre que o motivo da visita é o quintal.
“Aqui era cheio de ramo de mandioca, estava a coisa mais linda aqui na frente com as abóboras penduradas, mas eu peguei elas e inventei de fazer picadinho, doce", diz.
Na terra, Delia plantou flores, legumes, frutas e plantas que ela desconhece o nome, mas garante saber a serventia. Antes de tornar a esquina da rua mais verde e arborizada, ela conta que a situação era outra. “Quando me mudei pra cá era só mato, não tinha sombra pra gente ficar”, afirma.
O mato deu lugar a mandioca, chuchu, abóbora, amore, espada de São Jorge, limão, impatiens e dois amores. A última, ela não sabia o nome, mas garantiu ser remédio natural. “Essa planta aqui diz que é muito boa pra cair verruga. Você tira um galinho, pinga o leite envolta de onde tá e diz que no outro dia não tem mais nada”, fala.
A cada planta ou flor que mostrava Delia percorria o quintal de ponta a ponta. Era só mostrar uma muda ou indicar um canto da terra onde anteriormente tinha plantado mandioca que Delia engata novos assuntos. Ela recorda a vez que flagrou um homem filmando o lugar.
“Parou um cara ali e ficou filmando com o celular. Eu fui ali, olhei pra lá e fiquei: ‘Ué, mas o que ele tá filmando?’. Fui ver e ele falou: ‘Vizinha cê me desculpa, mas tô filmando aqui porque tá a coisa mais linda seu quintal mulher, tudo plantadinho, tudo limpinho”, comenta.
O elogio foi bem recebido pela moradora que faz questão de plantar para si e os outros. A goiabeira, que completou 19 anos, foi a primeira árvore a erguer sombra na frente de casa. Na época, Delia também queria que as crianças pudessem comer a fruta.
“Eu plantei um pé de goiaba porque pensei nas crianças do colégio. Na saída do colégio os bichinhos vem tudo com fome. Aí plantei um pé de goiaba, do lado do limão e fui limpando. Quando tá carregado o pé de goiaba, eles chegam, batem palma e falam: ‘Tia, posso pegar goiaba?’ Aí eu fico cuidando pra eles não caírem”, relata.
Natural de São Paulo, Delia sempre gostou de plantar, por isso, se envolveu num grupo de pesquisa há alguns anos. “A gente vinha fazer pesquisa em Ribas do Rio Pardo por causa dos eucaliptos. A gente via como plantava”, justifica.
A pesquisa parou, mas o gosto em mexer na terra continua. Além de plantar, ela preza em manter tudo organizado e limpo. Como não pode cuidar de todo bairro, ela afirma fazer sua parte.
“Olha pra lá, vê se vê alguma boniteza. Isso você não vê, é só mato, entulho. Se todo mundo pensasse igual não teria nada disso. Eu morava lá no fundo, na última casa, mudei pra cá só pra plantar”, conclui.
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