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Comportamento

Rejeitado pela cidade, Paçoca faz ensaio em busca de novo lar

Cãozinho dócil foi resgatado, recebeu cuidados e agora está saudável em busca de um lar para viver

Thailla Torres | 02/05/2021 07:25
Paçoca tem aproximadamente 1 ano de vida, é dócil e castrado, e agora procura um novo lar para viver. (Foto: Rodrigo Marques)
Paçoca tem aproximadamente 1 ano de vida, é dócil e castrado, e agora procura um novo lar para viver. (Foto: Rodrigo Marques)

Paçoca é um vira-lata simpático, com cerca de 1 ano, 9 kg, macho, de pequeno porte, castrado e dócil. Mas nenhuma dessas características parece atrair um coração sensível que ofereça a ele um lar de verdade. Rejeitado há meses, o dono do seu lar temporário resolveu fazer um ensaio pra lá de fofo e mostrar em campanha o quanto o Paçoca é querido.

A saga por um lar começou há algumas semanas, depois de 30 dias de internação ao ser resgatado pelo publicitário e empresário Josué Sanches, que decidiu ajudar Paçoca ao vê-lo doente pelas ruas do bairro onde mora.

“Moro numa região com uma vizinhança muito humilde e é comum ver bichinhos na rua. Comecei a notar um cachorro novinho em uma casa com muitas crianças. Era esguio e muito brincalhão. Certo dia notei ele mancando pelas ruas, acredito que tenha sido atropelado. Estava sempre com a patinha pendurada, mas bem. Meses depois, saindo de casa pela manhã passei por ali e o vi na rua com aspecto muito doente, com sarna, feridas feias nas orelhas e pelo corpo”, descreve Josué.

Esse bichinho era Paçoca, que certamente perderia a vida em breve se não recebesse cuidados. “Me deu aquele mix de revolta e choque de realidade. Afinal, sabemos que não temos infraestrutura de saúde nem para as pessoas, quanto mais para os animais, não é? E ao que parece, as pessoas pegam o animalzinho filhote, todo fofinho, levam pra casa e vão alimentando ali como podem e só. Quando aparece algum sinal de doença a tendência é ir abandonando”.

Paçoca ao lado de Josué Sanches em ensaio fotográfico. (Foto: Rodrigo Marques)
Paçoca ao lado de Josué Sanches em ensaio fotográfico. (Foto: Rodrigo Marques)
Paçoca é dócil, de pequeno porte e procura um lar cheio de carinho. (Foto: Rodrigo Marques)
Paçoca é dócil, de pequeno porte e procura um lar cheio de carinho. (Foto: Rodrigo Marques)

Ao compreender a realidade, Josué decidiu falar com a família que aparentava ser dona do animal. “Perguntei se eles me dariam pra eu cuidar. Houve certa resistência, e eu fui firme dizendo que ele morreria muito rápido se não fosse feito algo. Foi quando saiu uma senhora meio sem jeito e alegou que fazias dias que estava pra chamar o centro de zoonoses, mas que tinha dó de sacrificar o animal”.

Josué insistiu e a família concordou. “Peguei o bichinho muito febril, sem pelos, muitas feridas, a orelha sangrando com grande machucado”, diz. Levado para uma clínica veterinária que sempre acolhe animais de resgate, Paçoca, como passou a ser chamado, ficou um mês internado.

“O quadro era típico de bicho de rua, com vermes, sarna e leishmaniose, que acaba por derrubar a imunidade e gerar uma série de problemas. Porém, por sorte, como esse cachorro era muito novo e foi resgatado cedo, conseguiu ficar livre de praticamente todos os efeitos da leishmaniose”.

Josué resgatou Paçoca para que ele sobrevisse. (Foto: Rodrigo Marques)
Josué resgatou Paçoca para que ele sobrevisse. (Foto: Rodrigo Marques)

Dificuldade para conseguir um lar – No entanto, apesar de todos os cuidados e aparência saudável, até agora, ninguém quer ficar com ele. E olha que Josué investiu numa campanha bem elaborada com fotografias profissionais e arquivo contando toda a história de Paçoca.

Recentemente, ele ganhou ensaio fofo em uma praça da cidade, brincando ao lado de Sophia, filha do fotógrafo Rodrigo Marques, que com muita sensibilidade clicou Paçoca de um jeito super simpático.

Josué lamenta a dificuldade de adoção de cachorros resgatados hoje em dia. “As pessoas têm muito preconceito com cães que tem ou tiveram leishmaniose. E é uma besteira. Hoje existe tanto a prevenção como medicações que paralisam e até eliminam o vírus, que foi o caso do Paçoca. Aplicamos o protocolo recomendado pela Brasileish (Grupo de Estudos sobre Leishmaniose Animal). Ele ainda está finalizando o tratamento pra fechar o protocolo total. Mas tem zero sintomas”.

Ele acredita que outros motivos também geram desinteresse. “O primeiro é que, as pessoas gostam de animais ditos “de raça”. E costumam pagar muito por eles. Vira-latas não tem muito “atrativo”. Mal sabem elas que os street-dogs são os mais resistentes e que mais vivem. O outro motivo é que há preferência por filhotes. Muitos tutores e ongs estão sobrecarregados e endividados com animais de resgate pois não conseguem um novo lar pra eles, por terem exatamente esse perfil”, diz.

Porém, o Paçoca ainda é uma criança, com cerca de um aninho, ele ainda faz xixi sem levantar a perninha. “Ele com certeza vai se adaptar rápido à nova casa, criar uma rotina, ser ensinado. Além disso, ele está saudável e todo o tratamento que foi necessário já foi custeado. O novo dono só vai ter que seguir os cuidados de todo animal”.

Josué está há três meses com Paçoca. Se pudesse, ele mesmo adotaria, mas isso não é possível. “Eu tenho muito pouco espaço e continuo viajando muito. Já tenho o Cascão, que há cinco anos foi resgatado e já está mais habituado à minha rotina e eventualmente dá pra levá-lo, mas é inviável hoje ter mais um bichinho e injusto com o animal tão novo e dócil que precisa de espaço e atenção. Por isso, penso em um novo lar pro Paçoca, onde ele possa crescer feliz, sendo cuidado e livre”, explica

Se você tem interesse de adotar Paçoca, entre em contato com Josué Sanches pelo WhatsApp (67) 99202-3000 ou Instagram.

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Tem um espacinho no seu coração e na sua casa para o Paçoca viver? Fale com o Josué. (Foto: Rodrigo Marques)
Tem um espacinho no seu coração e na sua casa para o Paçoca viver? Fale com o Josué. (Foto: Rodrigo Marques)

 

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