Sem ceder ao cartão, Manoel resiste há 20 anos com bar-serralheria
Comerciante foi um dos primeiros a chegar no bairro e conta que quem não gosta do estilo só precisa aceitar
Aceitando pagamentos apenas no dinheiro e, no máximo, com PIX, Manoel Faleiros continua resistindo como um dos comerciantes mais antigos do bairro Mário Covas. Unindo o bar com uma serralheria, o Português, ou Gaúcho para alguns, conta que quem não gosta do estilo não tem o que fazer, mas a maioria acaba sendo salva na hora aperto e sempre volta.
Na Rua Leandro da Silva Salina, o espaço foi inicialmente construído como bar pouco depois do proprietário se mudar para a região. “Eu cresci na roça e, depois, trabalhei muito no comércio, lidando com gente. Aí tive a ideia de abrir o bar com uma mercearia”.
Durante um bom tempo, a ideia do bar se sustentou sozinha, mas conforme Manoel explica, foi necessário pensar em outro negócio para aumentar a renda. Foi assim que, assim como já tinha aprendido tanta coisa na vida, decidiu se arriscar pela serralheria.
“Nada da vida é fácil, mas a gente aprende se for necessário. Eu comecei fazendo algumas coisas e não parei mais. De dia, fico aqui na frente mais trabalhando com isso, aí conforme o dia passo guardo as ferramentas e fico no bar”, explica Manoel.
Quem passa pela frente do negócio rapidamente pode até achar que a segunda função é quem tomou conta. Isso porque as produções se espalham pela calçada e pelo interior do bar.
Mas, olhando mais de perto, as explicações de que muita gente acaba sendo salva na hora da correria faz sentido. Além das churrasqueiras e cadeiras criadas com ferro, o espaço guarda desde cabo de vassoura até ralo para o piso.
E, por morar no mesmo terreno, Manoel comenta que consegue manter o espaço aberto o dia todo em todos os dias da semana. A única exceção de horário, que se reduz até ao meio-dia, ocorre aos domingos para descanso.
“Às vezes, a pessoa precisa de uma coisa no fim de semana e aqui no bairro muita coisa fecha porque não compensa ficar aberto. Aí nessa hora todo mundo sabe que eu costumo ficar aberto e vem para cá”, narra Manoel.
E, comprovando que o evitar as tecnologias não se isola na falta de máquina de cartão de crédito ou débito, o proprietário garante que nem celular ele mantém. Por perto, a televisão antiga é o mais próximo do “mundo globalizado”, como ele comenta.
Justificando apenas que não é muito fã das novas tecnologias, Manoel relata que abandonou o celular há cerca de três anos. Desde então, não sente falta e para fazer o PIX, os clientes direcionam o pagamento para sua esposa.
“Deu certo até agora. A gente não consegue ganhar muito dinheiro, mas paga as contas. E aqui no bairro todo mundo me conhece, então quem não gosta da ideia não serve para mim também. Tem que servir para os dois lados”, completa.
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