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Comportamento

Sem ceder ao cartão, Manoel resiste há 20 anos com bar-serralheria

Comerciante foi um dos primeiros a chegar no bairro e conta que quem não gosta do estilo só precisa aceitar

Aletheya Alves | 12/05/2023 07:25
Manoel conta que foi um dos primeiros moradores a chegar no Mário Covas. (Foto: Aletheya Alves)
Manoel conta que foi um dos primeiros moradores a chegar no Mário Covas. (Foto: Aletheya Alves)

Aceitando pagamentos apenas no dinheiro e, no máximo, com PIX, Manoel Faleiros continua resistindo como um dos comerciantes mais antigos do bairro Mário Covas. Unindo o bar com uma serralheria, o Português, ou Gaúcho para alguns, conta que quem não gosta do estilo não tem o que fazer, mas a maioria acaba sendo salva na hora aperto e sempre volta.

Na Rua Leandro da Silva Salina, o espaço foi inicialmente construído como bar pouco depois do proprietário se mudar para a região. “Eu cresci na roça e, depois, trabalhei muito no comércio, lidando com gente. Aí tive a ideia de abrir o bar com uma mercearia”.

Durante um bom tempo, a ideia do bar se sustentou sozinha, mas conforme Manoel explica, foi necessário pensar em outro negócio para aumentar a renda. Foi assim que, assim como já tinha aprendido tanta coisa na vida, decidiu se arriscar pela serralheria.

“Nada da vida é fácil, mas a gente aprende se for necessário. Eu comecei fazendo algumas coisas e não parei mais. De dia, fico aqui na frente mais trabalhando com isso, aí conforme o dia passo guardo as ferramentas e fico no bar”, explica Manoel.

Além de bar, o comércio reúne itens como canos, martelos e cabos de vassoura. (Foto: Aletheya Alves)
Além de bar, o comércio reúne itens como canos, martelos e cabos de vassoura. (Foto: Aletheya Alves)
Durante o dia, a fachada se torna uma vitrine para a serralheria. (Foto: Aletheya Alves)
Durante o dia, a fachada se torna uma vitrine para a serralheria. (Foto: Aletheya Alves)

Quem passa pela frente do negócio rapidamente pode até achar que a segunda função é quem tomou conta. Isso porque as produções se espalham pela calçada e pelo interior do bar.

Mas, olhando mais de perto, as explicações de que muita gente acaba sendo salva na hora da correria faz sentido. Além das churrasqueiras e cadeiras criadas com ferro, o espaço guarda desde cabo de vassoura até ralo para o piso.

E, por morar no mesmo terreno, Manoel comenta que consegue manter o espaço aberto o dia todo em todos os dias da semana. A única exceção de horário, que se reduz até ao meio-dia, ocorre aos domingos para descanso.

“Às vezes, a pessoa precisa de uma coisa no fim de semana e aqui no bairro muita coisa fecha porque não compensa ficar aberto. Aí nessa hora todo mundo sabe que eu costumo ficar aberto e vem para cá”, narra Manoel.

E, comprovando que o evitar as tecnologias não se isola na falta de máquina de cartão de crédito ou débito, o proprietário garante que nem celular ele mantém. Por perto, a televisão antiga é o mais próximo do “mundo globalizado”, como ele comenta.

Justificando apenas que não é muito fã das novas tecnologias, Manoel relata que abandonou o celular há cerca de três anos. Desde então, não sente falta e para fazer o PIX, os clientes direcionam o pagamento para sua esposa.

“Deu certo até agora. A gente não consegue ganhar muito dinheiro, mas paga as contas. E aqui no bairro todo mundo me conhece, então quem não gosta da ideia não serve para mim também. Tem que servir para os dois lados”, completa.

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