Sem cursinho, Maria é um dos 43 orgulhos da Joaquim Murtinho
Alunos da escola estadual conseguiram vagas em cursos como Medicina, Artes Visuais e Matemática
Nas redes sociais da Escola Estadual Joaquim Murtinho e em grupos de WhatsApp, os 43 alunos aprovados em universidades através de vestibulares, Sisu (Sistema de Seleção Unificada) e Prouni (Programa Universidade para Todos) são os orgulhos tanto do diretor, Cláudio Morinigo, quanto dos professores que os acompanharam durante os três anos de Ensino Médio. E, entre os alunos destaque, está Maria Luiza Sigrist que, aos 16 anos, garantiu a primeira colocação nas vagas para PcD (pessoa com deficiência) em Medicina na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e ainda foi aprovada na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) sem nem ter feito cursinho.
“Todo mundo deveria poder sonhar”, resume Maria sobre como alunos de escola pública precisam de um esforço redobrado para garantir sua vaga na universidade. Apesar de ela ter conseguido o curso que tinha em mente, destaca que o caminho não foi fácil e que ver colegas não tendo o mesmo ‘final’ gera uma tristeza.
Aluna da escola localizada na Avenida Afonso Pena durante os últimos três anos, ela narra que decidiu que realmente tentaria Medicina no final de 2022. “Eu entendi que sempre quis trabalhar na área da saúde, mas não tinha confiança de que iria passar. Em 2023, comecei a estudar muito em casa, não fiz cursinho e mesmo assim consegui passar”.
Estudando pela internet e com auxílio de apostilas antigas da irmã mais velha, Maria acordava às 5h para ir até a escola e, ao retornar para casa, a rotina seguia por mais oito horas diárias ao lado das leituras.
Sendo sincera, a aluna comenta que realmente não acreditou quando viu o resultado da seleção. “Procurei meu nome, vi que estava em primeiro lugar na minha categoria e precisava ser assim porque só tinha uma vaga. Não acreditei, comecei a chorar e pedi para a minha irmã confirmar”.
Sobre a ideia de que não teria chances, ela relata que sabia da defasagem em relação a outros estudantes que faziam cursinhos específicos.
Não é culpa dos professores, mas o ensino público é defasado e para a gente tentar se reerguer como alunos de escola pública é necessário um amparo maior em geral, assim como houve no Joaquim Murtinho. Tive muitos professores que tiravam dúvidas, me ajudavam e vários alunos também conseguiram fazer o cursinho da escola", explicou a aprovada em Medicina.
Também integrando a lista de aprovados, Giovanna Vilhalva, de 17 anos, aguarda o ano letivo começar para iniciar os estudos em Publicidade e Propaganda. Para ela, além da ajuda dos professores, a união entre os próprios alunos também fez muita diferença
“Foi importante receber todo o apoio coletivo para a gente conseguir fazer esse ano intensivo. A maioria dos alunos que trabalham após o período de aula se sente desmotivado para continuar estudando, então a gente ia se ajudando do jeito que dava”, relata Giovanna.
Acompanhando a rotina escolar da Joaquim Murtinho desde o período de estágio, o diretor narra que, realmente, muitos alunos não acreditam na possibilidade de entrarem em uma universidade sendo de escola pública.
“Falar sobre como eles foram aprovados e divulgar isso é bom tanto para eles, que tiveram essa conquista, quanto para os alunos que estão chegando conseguirem ver que é possível. A gente fica orgulhoso demais”, resume o diretor da escola, Cláudio.
Com isso em mente, ele defende que toda movimentação para mostrar que os professores realmente se esforçam para ajudar no que podem é válida. Em 2023, por exemplo, a escola ofereceu um cursinho preparatório em horário extracurricular para aqueles que conseguiam permanecer no ambiente após as aulas.
Agora, o objetivo é continuar se mantendo orgulhoso dos próximos alunos que irão se formar em 2024 e tentar seguir o rumo universitário.
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