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Comportamento

Ser mulher nos negócios é entender que ninguém dá conta de tudo

Mulheres contam sobre cobrança diária para precisar se provar ‘boa o suficiente’

Por Aletheya Alves | 06/03/2024 07:55
Arquiteta Thais Helena de Miranda Ferreira explica que a busca pelo perfeccionismo é algo que costuma atrapalhar quando pensa no campo das mulheres.
Arquiteta Thais Helena de Miranda Ferreira explica que a busca pelo perfeccionismo é algo que costuma atrapalhar quando pensa no campo das mulheres.

Em 2024, ainda é comum vermos frases sobre como as mulheres são heroínas, seres iluminados, mas na prática, aceitar que ninguém dá conta de fazer tudo perfeitamente o tempo todo é muito mais saudável. E, especificamente para aquelas que resolvem empreender, o desafio para aceitar isso se soma às cobranças diárias para se provarem ‘boas o suficiente’.

Deixando a carreira como professora universitária para trás, Tatiana Agnelli se viu tendo que escolher entre o caminho mais seguro e aquele cheio de dúvidas. Foi assim que mergulhou no mundo da costura criativa e, pouco a pouco, precisou renovar o modo com que via a vida.

“Empreender também envolve receber todo o peso de ser mulher, ser esposa e ter que comprovar todos os dias que você é boa naquilo que faz. E o mercado é ainda mais desafiador porque precisamos lidar com uma frase que eu odeio, que é ‘mas quem é a mãe daquela criança’, quando você trabalha”, introduz a empreendedora.

A escolha para mudar de rumo veio em conjunto à maternidade, o que para ela, também complica o cenário. “Levei minha carreira como professora e o empreender por muito tempo, mas chegou um momento em que eu precisei fazer uma escolha e escolhi empreender. Abandonei aquilo que eu tinha como rotina porque assim conseguiria controlar meus horários e melhorar meu convívio sendo mãe”.

Tatiana Agnelli se viu tendo que escolher entre o caminho mais seguro e aquele cheio de dúvidas.
Tatiana Agnelli se viu tendo que escolher entre o caminho mais seguro e aquele cheio de dúvidas.

Trabalhar de madrugada, por exemplo, foi uma das novidades, mas um dos maiores aprendizados veio no sentido de ‘dar conta’.

“É difícil para a gente caminhar com os pesos de ser mulher, mas também há o aprendizado em saber que não precisamos dar conta de tudo o tempo todo. Quando a gente entra no empreendedorismo, pensa que precisa dar conta, mas o importante é dar o meu melhor conforme eu consigo”, defende Tatiana.

Completando a ideia, a dona do Tutti Costura Criativa destaca que escolhas precisam ser feitas e elas é que ditam o caminho. “O sucesso não está ligado a esse desespero de se comprovar, mas de se entender”.

Também no ramo do empreendedorismo, a arquiteta Thais Helena de Miranda Ferreira explica que a busca pelo perfeccionismo é algo que costuma atrapalhar quando pensa no campo das mulheres.

Concordando com Tatiana, ela narra que a perfeição e a necessidade de se mostrar competente são pontos traiçoeiros.

“A gente tem um trabalho diário porque além da parte profissional, também precisamos buscar um equilíbrio com os outros lados da vida. Eu fiz algumas capacitações e comecei a pensar muito sobre organização e otimização do tempo, por exemplo. Acho que isso é algo que pode ajudar outras mulheres”.

A dica, no caso de Thais, é seguir mesmo quando o ambiente e as tarefas não estão em completa perfeição. “A organização é fundamental porque ela te ajuda a manter constância. Então, se hoje você não conseguiu fazer tudo exatamente como precisava, tudo bem, respira e segue”, completa.

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