Surda, Rachel encara audiovisual e vende até pizza para produzir filme
Produtora precisa conseguir verba e seguir com filmagens que falam da dislexia até o cenário pandêmico
Desde que perdeu a audição aos três meses de vida, Rachel Campos procurou por caminhos que fizessem sentido e, após finalmente encontrar uma profissão em que se viu feliz, foi forçada a diminuir o ritmo de seus planos. Encantada pelo audiovisual, ela precisou começar a vender pizzas para levantar verba e seguir a produção do último filme em que estava trabalhando.
“Faz 3 anos que finalmente me senti acolhida, me senti útil e parte de algo”, é assim que Rachel, produtora de locação e assistente de produção, resume a importância de ter se encontrado em sua profissão. Tudo começou há alguns anos, quando foi convidada por uma amiga para participar de projetos envolvidos com causas sociais.
Durante um destes trabalhos, ela conheceu a fundadora da produtora Catrina Films, Joice Oliver, e desde então, se conectou com o audiovisual. “Ela me abriu portas e oportunidades para trabalhar com ela, me chamou para fazer parte da equipe de produção. Desde então, trabalhamos juntas e estamos nesta jornada.”
Natural de Nova Andradina (MS), ela conta que tudo estava indo bem, mas devido ao projeto em que trabalha não ter financiamento, a realização que demorou tanto a chegar precisou diminuir a produção.
“Nós temos um projeto que iniciamos as filmagens na cara e na coragem, sem recurso algum. Estamos pagando as despesas de transporte e comida através de pequenas doações de familiares e amigos, mas para a quantidade de diárias que necessitamos gravar, a quantidade arrecadada não chega a 8% do que é necessário”, explica.
Enquanto o filme estava sendo produzido em cronograma intenso, Rachel morava no Rio Grande do Sul, mas com a necessidade de captar fundos, decidiu voltar para Nova Andradina. “Resolvi vender pizzas, porque é uma forma de levantar verba para conseguir terminar a produção do filme, estamos em fase de produção ainda, sem recursos”, diz.
Lição de Casa
Assim como as produções anteriores, Rachel detalha que o filme segue um viés social, debatendo sobre questões que vão desde a dislexia até o cenário pandêmico. Intitulado “Lição de Casa”, o longa-metragem é baseado em uma história real e, de acordo com a produtora, será pioneiro na América Latina.
“Além de debater questões importantes, uma parte dos lucros será destinada para iniciativas que a Catrina Films quer desenvolver nos próximos anos. Não apenas em questões educacionais, mas também no combate à insegurança alimentar em regiões de vulnerabilidade social”, conta.
Especificamente sobre seu envolvimento, ela comenta que, assim como trabalha com questões sociais, sua própria história precisa ser desmistificada. “Me identifiquei completamente nesta área e sou completamente apaixonada pelo audiovisual. Muitos acham que pessoas com deficiência não tem capacidade para trabalhar no audiovisual, é importante desmistificar a deficiência.”
Para conhecer mais sobre o filme e ajudar no retorno das produções, é possível acessar o perfil no Instagram @licaodecasaofilme.
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