Toda noite, Rafael entra com Deus em pelo menos oito baladas
Fotógrafo leva para eventos noturnos a palavra de fé, mas muitos preferem o pirulito
A rotina de trabalho de Rafael Duarte de Souza, de 31 anos, é agitada e não falta trabalho para ser feito. Por noite, ele fotografa em média de seis a oito baladas em Campo Grande. Além do equipamento, o fotógrafo leva para os eventos cartões de visita com a mensagem que ‘Deus está em todos os lugares’, sendo um deles a balada.
Rafael começou a carreira em baladas campo-grandenses há 16 anos. Na época, as casas não tinham costume de contratar fotógrafos particulares, por isso, ele realizava o serviço para o site ‘Badalados’. O primeiro emprego levou ao segundo para um site concorrente de alcance nacional e, assim, ele seguiu firme frequentando as baladas a trabalho.
Depois de 2 anos na empresa, Rafael resolveu tentar outro ramo na fotografia, passou a registrar shows da dupla Jads e Jadson e, posteriormente, trabalhar com Michel Teló. Com o tempo, a rotina de turnês e shows acabaram perdendo o brilho.
Desgastado com o trabalho, Rafael conta que quis voltar às origens e ao tempo em que ‘era feliz e não sabia’. “Chegou uma hora que cansei, não estava mais afim de viajar, voltei pra Campo Grande e vi que o mercado tinha mudado. Desde então está sendo assim há seis, sete anos”, explica.
Os cartões, que são presos a pirulitos, só passaram a acompanhar o fotógrafo em 2019. Em cada balada, ele entrega aos frequentadores o cartão que traz a mensagem sobre Deus num verso e as redes sociais no outro.
A decisão de dizer às pessoas que Deus está em todos os lugares veio após um período difícil na vida de Rafael. O excesso de trabalho, o estresse e outras questões pessoais desencadearam uma crise de ansiedade que o levou a depressão. Durante o período, o fotógrafo comenta que decidiu acreditar em algo.
“Me apeguei em Deus e me apresentaram esse livro (Conversando com Deus). Não é o melhor livro do mundo, mas tem uma linguagem muito fácil de entender e qual é o sentimento de Deus com as pessoas”, diz.
Por semana, ele distribui 700 cartões com a proposta de não só divulgar as redes de trabalho, mas mostrar ao público de balada que não há nada de errado em frequentar esses ambientes. “O cartão é pra lembrar a galera, porque muita gente se culpa de estar na balada, ninguém é perfeito, ninguém é 100%. Jesus Cristo morreu na cruz pra aliviar isso pra gente, ninguém é santo e não existe pecadinho ou pecadão”, afirma.
A mensagem de fé, segundo o fotógrafo, nunca trouxe problemas e nem gerou debates sobre a existência divina. No máximo, Rafael serviu de ouvinte para quem sentiu vontade de desabafar após ler a mensagem.
“Pelo menos uma vez durante a noite vem alguém com uma reação pra cima de mim sobre o cartão. Já aconteceu de pessoas com depressão quererem conversar comigo dentro da balada”, conta.
Rafael também defende a ideia que Deus pode acompanhar as pessoas em vários lugares. “Minha mãe sempre falava: ‘Balada não é de Deus e eu entendi que lá tem tantas pessoas com Deus, quanto fora”, diz.
Ele também acredita que, às vezes, a balada é só uma fase na vida de alguém. “Eu acredito muito que as baladas são uma parte porque as vezes as pessoas não tem Deus, mas precisam passar por uma situação para se encontrarem com Deus”, fala.
Com o cartão, Rafael consegue alcançar tanto quem gosta da mensagem, quanto quem prefere mesmo o pirulito. Assim, ele segue apostando no cartão e no pirulito. “A ideia do cartão foi tão legal, teve tanto resultado que eu falei: ‘Não vou parar, vou soltar mesmo, chego na balada e o pessoal: ‘Cadê meu pirulito?’, Já virou uma marca registrada, mas a mensagem é para todos”, destaca.
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