Vestida de princesa, dentista inspira ao invés de assustar crianças
Odontopediatra influenciou seus "mini pacientes" a também se fantasiarem no dia da consulta; "chega a ser um entusiasmo", diz
Tem muita criança por aí – inclusive adulto – que sofre para sentar na cadeira do dentista com tranquilidade. Mas quando se trata da profissional Stella Toschi, a odontopediatra de 38 anos, a hora do atendimento dental vira um momento de pura diversão. Seu consultório é cheio de bichinhos, paredes decoradas e até cadeira especial para os pequenos de 0 a 3 anos. Sem contar os jalecos-fantasias que comprou e faz questão de vestir todos os dias, momento em que ela se torna na "Mulher Maravilha" das dentistas ou a princesa do conto de fadas.
Tudo começou lá atrás, antes mesmo de Stella se realizar exercendo a profissão. Quando tinha 9 anos, sofreu um traumatismo dentário grave na sua cidade natal, Dourados. Era um domingo qualquer em casa e, ao brincar na rede, simplesmente caiu com tudo de boca no chão. Já no hospital, uma equipe odontológica foi acionada – que aí onde entra a odontopediatra Leila Daher Moreira nessa história.
"Sempre carinhosa, atenciosa e doce, brincava muito comigo na cadeira. Ela tornava aquele momento prazeroso, e fazia o trauma anterior ser menos doloroso. O tratamento já foi diferenciado, me cativando desde aquele primeiro momento em que nos conhecemos", relembra. Até poucos anos atrás, Stella ainda era consultada pela "tia" Leila – dentista no seu coração.
Por causa dela, cada vez mais me encantava pela profissão e queria seguir os seus passos", se realizou.
E assim foi feito. Stella se formou em Odontologia em 2004, se especializou em odontopediatria e hoje é mestre na área. Já foi militar – outro de seus sonhos –, deu aula na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e atualmente trabalha na CAAMS (Caixa de Assistência dos Advogados de Mato Grosso do Sul) da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Campo Grande), levando o que aprendeu com a "tia" Leila para os seus "mini pacientes", proporcionando assim o mesmo sentimento que um dia pôde sentir.
"Desde então, nunca mais usei jaleco branco. Inclusive, faço questão de sempre vestir jalecos cada vez mais coloridos, assim como o gorro (touca para o cabelo) de diferentes cores", diz.
Quando adquiriu os primeiros jalecos-fantasias no ano de 2016 – hoje já possui 4 (Branca de Neve, Mulher Maravilha, Super-Homem e Minions) –, as crianças também se inspiraram e quiseram ir fantasiadas tal como a "tia" Stella.
"Tem que já veio de Thor, Rapunzel e Minnie Mouse. Ainda, atendi dois irmãos vestidos de Batman e até um outro menininho de caipira de festa junina, porém fora de época. Uma graça!", opina.
Para ela, esse entusiasmo pela chegada do dia de ir ao dentista vale a pena. "É bonito de ver e mais ainda gostoso de participar. Muitos pais elogiam e até relatam que eu me tornei um exemplo para os pequenos, que seus filhos podem vir a ser um dia dentistas".
Com a devida autorização da família, ela posta seu dia a dia de odontopediatra nas redes sociais – que as mamães fazem questão de acompanhar os Stories para verificar qual jaleco-fantasia está a usar no dia. "Nesta semana, estou de Branca de Neve, e já atendi uma paciente vestida da personagem Elsa, do filme Frozen", comenta.
Mesmo com o "arsenal" dos jalecos-fantasias, Stella garante que tudo começa mesmo é na recepção. "O fato de eu receber a criança de uma forma diferenciada já é de extrema importância, principalmente para mostrar empatia e trabalhar o emocional da família, conversar com todo mundo, descobrir as rotinas da saúde bucal. Porque ser odontopediatra é um cuidado familiar, e não somente para os pequenos", afirma.
Como qualquer outra profissão, considera que nem sempre é um mar de rosas. "Quando a criança chega com muito receio, eu apresento o consultório e mostro os equipamentos. Assim, vou ganhando gradualmente a confiança de todo mundo ali presente na sala", acrescenta.
"Eu nunca imaginei algum dia virar dentista. Inclusive, que criança sonha em exercer essa profissão? Quando sofri o acidente e conheci a Leila, realmente me inspirou e mudou minha vida. E hoje tento fazer o mesmo. A gente leva um pouquinho do que vivemos para onde trabalhamos, não é?", finaliza.
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