Viagem ao Pantanal foi vitória após Isac ouvir que tinha 6 meses de vida
Foram onze anos lutando contra três tumores e, aos 83 anos, Isac comemorou vida com os filhos
Depois de 11 anos lutando contra o câncer e tendo ouvido que o pai teria apenas seis meses de vida após o diagnóstico do terceiro tumor, os cinco filhos se reuniram para comemorar a vitória em viagem para o Pantanal. Deixando de lado os empregos e trazendo até quem não mora mais em Campo Grande, a família de Isac Angelo de Souza conta que a reunião foi a cereja do bolo para celebrar a vida do pai.
“Foi bom demais ter os filhos por perto, deu até para fazer um ajuste em cada um, trazer para perto”, brinca Isac. Aos 83 anos, o patriarca enfrentou três tumores na última década e hoje os cinco filhos garantem que ver a energia do pai é mais uma inspiração.
Tendo passado por todo o tratamento, se cuidando ainda mais na pandemia e ainda ver a mãe, Eleide, também enfrentando um tumor, todos contam que seria impossível não fazer algo memorável. “Nós fizemos um propósito que se Deus curasse, nós iríamos fazer uma viagem juntos. Foi muito difícil especificamente para meu pai porque foram três tumores”, conta Gessé, o filho de 55 anos.
Sem roteiro definido, Eli, de 60 anos, veio do interior de São Paulo e se uniu com os outros irmãos que moram em Campo Grande, Ivan, de 57 anos, Gessé, Gerson, de 54, e Jair, de 52. “Nós pegamos a Estrada Parque e pensamos que queríamos chegar em Corumbá. Nossa mãe fez o início da viagem com a gente também e a deixamos na casa de uma amiga muito querida. Depois seguimos só nós e nosso pai”, explica Jair.
Gessé conta que, entre muitas brincadeiras, a família seguiu no mesmo carro e foram fazendo paradas pela estrada conforme achavam necessário. “A gente se divertiu demais e era algo que a gente queria fazer há muito tempo. Não é fácil você unir todo mundo ao mesmo tempo para viajar, mas cada um deu seu jeito”.
Onze anos de luta
Inicialmente, Isac foi diagnosticado com câncer no intestino e na época foi verificado que havia metástases no fígado, como conta o caçula, Jair. “As duas cirurgias foram feitas, mas 1 ano e 9 meses depois o câncer do fígado voltou novamente”.
Detalhando que a família nunca pensou em perder a fé na cura do pai, Jair explica que o diagnóstico do médico foi o completo contrário. “O médico já havia cortado muito do fígado na primeira cirurgia, então disse que não tinha mais jeito para o nosso pai. Que se ele fizesse a cirurgia mais uma vez, ele não sobreviveria”, diz.
Mesmo com o pai abalado, a família se reuniu e decidiu que iriam tentar um novo tratamento em Barretos. Lá, a dificuldade foi conseguir uma vaga, como Jair detalha.
“Eles gostavam de pegar o tratamento já encaminhado, mas deu certo, insistimos e o novo médico disse logo de cara que tinha jeito sim. Isso em 2015. Fizemos o tratamento com acompanhamento, foi bem longo e meu pai nunca perdeu a fé”, comenta Jair.
Por ter sido um tumor agressivo, a família relata que o tratamento acabou há pouco mais de um ano e desde então a ideia era de reunir os filhos para comemorar. “Eu sempre pensei muito em Deus, na minha esposa, nos meus filhos, na minha família. Não foi fácil, mas eles estiveram sempre comigo”, Isac conta.
E, ainda dentro desses onze anos, Eleide também precisou enfrentar um tumor. Assim como o esposo, ela comenta que foi mesmo o apoio e insistência da família, além da fé, que fez com que o tratamento seguisse e o final fosse feliz.
Assim como foi o caso da viagem, Eleide e Isac explicam que manter a família unida sempre foi prioridade em casa. E, mostrando que o objetivo deu certo, todos os filhos dizem que a história de amor dos pais sempre foi um dos pontos de inspiração.
“Meu pai guarda a primeira carta que enviou para minha mãe até hoje”, conta Jair. “Mas só eu é que posso ver, não mostro para ninguém”, já previne Eleide, rindo.
Garantindo que continua com o romantismo até hoje, Isac completa que é esse companheirismo e o amor repassado para os filhos, netos e bisnetos que fazem a vida melhor.
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